Discos e músicas: melhores de 2006

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Discos e músicas: melhores de 2006

Espero que vocês tenham passado bem a virada do ano. Feliz 2007 para todos.

Decidi fazer uma lista com 10 discos apenas, ao contrário dos anos passados. A lista de músicas eu cortei pela metade e fiz em 50 e não 100.

Dei uma olhada nas listas dos periódicos de sempre (Pitchfork, Stylus, Tiny Mix Tapes, etc.), e notei que não ouvi muitos dos discos. Peguei vários para ouvir, e vou demorar bastante até escutar tudo, mas até agora não senti muita firmeza.

Meus critérios principais para fazer a lista abaixo (além do sempre subjetivo gosto) são dois: 1) quantas vezes eu ouvi os discos durante o ano; 2) o quão coesos eles são. Se vocês forem pegar minha lista das dez melhores músicas do ano, vão perceber uma discrepância entre as músicas ali escolhidas e os discos. Como sempre, ouvi discos com umas duas ou três músicas excepcionais e um monte de faixas horríveis ou fraquinhas no meio. É o caso, na minha opinião, do elogiado Return to Cookie Mountain, do TV on the Radio. Não dá pra colocar o disco na lista de melhores, apesar da sensacional Wolf Life Me...enfim, acho importante o disco ser coeso para figurar numa lista de fim de ano.

Mas chega de papo furado, eis o meu balanço de 2006. Gostei do ano, em geral.

 

 01. Sparks - Hello Young Lovers
O disco essencial do ano. Agradeço ao João Lucas pela recomendação, a melhor que ele já fez. Eu conhecia algumas músicas dos irmãos Mael, mas não conhecia o Sparks. Depois deste disco fui forçado a ouvir toda a discografia, e descobrir que não tinha contato com uma das melhores bandas da história. Li em algum lugar que o Sparks é o elo perdido entre o Kinks e o Queen, e é mais ou menos isso. Hello Young Lovers, entretanto, foge um pouco da descrição, já que continua uma fase nova da banda, iniciada com o quase tão excelente Lil' Beethoven. É um disco tão épico e grandioso que faz The Wall parecer um single de dois minutos, mesmo durando menos. Mas é um épico escrachado.

 

 

 

 02. Clint Mansell/Kronos Quartet/Mogwai - The Fountain OST
Bem melhor que o filme - e melhor sem o filme atrapalhando -, essa trilha do Clint Mansell vai ser tão repetidamente tocada quanto a trilha de Requiem for a Dream, servindo de fundo para trailers futuros, de filmes provavelmente melhores que The Fountain, cujo único legado ao que tudo indica será mesmo a trilha sonora.

 

 

 

 

 03. Absentee - Schmotime
Escutei tanto Schmotime este ano, que nada mais justo colocar o disco em posição alta na lista. Não é nada fora do normal, o Absentee faz um alt-pop-country largadão, com letras espertinhas. Mas é tão legal que eu me pego escutando o disco várias vezes em seguida, e esse é um bom sinal para música pop.

 

 

 

 

 04. The Fiery Furnaces - Bitter Tea
Eu não gostava da banda até este disco, que me fez reavaliar os anteriores e concluir que eu havia julgado os irmãos Friedberger injusta e apressadamente. Bitter Tea, como os demais discos do Fiery Furnaces, é complicadinho e cheio de excentricidades, mas é um pouco mais acessível. Se eles quisessem, os irmãos fariam um disco pop irretocável, mas não é bem o objetivo deles (mais ou menos a mesma situação do Xiu Xiu, que lançou um disco bom este ano, por sinal). Mas é longe de ser experimentalismo gratuito, por picaretagem. Eles sabem o que estão fazendo, e estão fazendo de boa fé.

 

 

 

 05. Belle and Sebastian - The Life Pursuit
Vazou ano passado, mas eu ainda estou ouvindo periodicamente. Na minha opinião, é um dos melhores discos do Belle & Sebastian, provavelmente o melhor desde If You're Feeling Sinister. Dá continuidade à recuperação da banda de uma fase pouco inspirada (Fold Your Hands + Storytelling), iniciada com o disco anterior.

 

 

 

 

 06. Gil Mantera's Party Dream - Bloodsongs
Essa dupla performática americana não é séria, e o Gil Mantera's Party dream às vezes parece mais uma piada do que qualquer outra coisa (vide o vídeo de Elmo's Wish). Mas o som deles é uma coisa meio bizarra, que parece ter saído dos anos 80 de uma realidade alternativa. Talvez "europop grunge" seja uma descrição adequada. Bloodsongs é um disco bem agressivo, sujo, com uma euforia paradoxalmente melancólica e deprê...e em geral, absurdamente kitsch. Interessantíssimo, e atípico na produção musical atual.

 

 

 

 07. Jenny Lewis with the Watson Twins - Rabbit Fur Coat
Indo do atípico para o extremamente típico, Jenny Lewis faz um alt-country padrão mas muito bonito, que está anos luz de distância de qualquer coisa que ela fez com o Rilo Kiley, em termos de qualidade. As Watson Twins, que também fizeram um álbum muito bom em 2005, ajudam bastante com os backing vocals.

 

 

 

 

 

 08. The Dears - Gang of Losers
Eu não sou fã do disco anterior dos Dears, mas eles fizeram tudo certinho com esse. É daqueles raros discos que fluem muito bem do começo ao fim, e que não te dão vontade de ficar pulando faixas. Fazendo jus ao apelido de "Morrissey negro", o líder dos Dears Murray Lightburn solta canções cheias de autocomiseração e tristeza com os rumos do universo, inconformado por não conseguir se ajustar com os demais. Ele e o ouvinte, ambos, são a gang of losers do título. Tadinhos de nós.

 

 

 

 09. Dark Meat - Universal Indians
Coletivo de músicos de Athens, Georgia, reunindo gente de várias bandas populares do local. O Dark Meat faz um rock psicodélico hippongo muito bom, festivo, turbulento e hiperativo, cheio de instrumentos e gritaria. Excelente disco, que passou meio despercebido da imprensa este ano.

 

 

 

 

 10. Brazilian Girls - Talk to La Bomb
Banda meio metida a besta, mas eu gostei muito deste disco. Cai consideravelmente de nível da metade para o fim, caso contrário estaria algumas posições acima nesta lista. A primeira metade, entretanto, é forte demais para ignorar o disco.

 

 

 

 

 

 

Músicas (peguei os vídeos no YouTube, mas alguns dos links são para performances ao vivo - nem sempre bem capturadas - e em pelo menos um caso o vídeo não é oficial)

01. TV on the Radio - Wolf Like Me
02. Clint Mansell/Kronos Quartet/Mogwai - Death is the Road to Awe
03. Scissor Sisters - I Don't Feel Like Dancing
04. The Pipettes - Pull Shapes
05. Sparks - Dick Around

06. Cat Power - The Greatest
07. Camera Obscura - Lloyd, I'm Ready to be Heartbroken
08. Brazilian Girls - Jique
09. Killing Joke - Implosion
10. Jenny Lewis with The Watson Twins - Rise Up with Fists!!

11. Klaxons - From Atlantis to Interzone
12. Dark Meat - Dead Man
13. Peter Bjorn & John - Objects of My Affection
14. Belle and Sebastian - Another Sunny Day
15. Hot Chip - Over and Over

16. Slayer - Supremist
17. Thom Yorke - Analyse
18. Concretes - Grey Days
19. Absentee - You Try Sober
20. Fiery Furnaces - Teach Me Sweetheart

21. The Dears - You and I Are a Gang of Losers
22. T.I. - What You Know
23. Midlake - In This Camp
24. Built to Spill - Goin' Against Your Mind
25. Oh No Ono - Victim of the Modern Age

26. Gil Mantera's Party Dream - McCoojah & Kizmit
27. Lady Sovereign - Love or Hate Me
28. Danielson - Did I Step on Your Trumpet?
29. Xiu Xiu - Vulture Piano
30. Pink Mountaintops - Cold Criminals

31. Final Fantasy - Song Song Song
32. Franz Ferdinand - Wine in the Afternoon
33. Muse - Supermassive Black Hole
34. The Automatic - Monster
35. Neil Young - Living with War

36. El Perro del Mar - This Loneliness
37. Guillemots - Trains to Brazil
38. Cerys Matthews - Oxygen
39. Emily Haines and the Soft Skeleton - Crowd Surf Off a Cliff
40. Ten Kens - Refined

41. The Apparitions - God Monkey Robot
42. My Brightest Diamond - Dragonfly
43. Scott Walker - The Escape
44. The Lovely Feathers - Mildly Decorated
45. Ellen Allien & Apparat - Way Out

46. Brakes - Spring Chicken
47. Front Line Assembly - Unleashed
48. Anthony Rother - Lucifer
49. Ladyfuzz - Bouncy Ball
50. Fujiya & Miyagi - Ankle Injuries

Guybrush Threepwood
Foto de Guybrush Threepwood

Um excelente 2007 pra você também, Bennett, e pro resto da galera do Joio.

Eu nem vou comentar os melhores discos de 2006, porque eu não devo ter ouvido mais do que cinco ou seis discos lançados esse ano, dos quais eu só me lembro de imediato de dois (Black Holes and Revelations do Muse e 10,000 Days do Tool, ambos excelentes).

Não que eu tenha parado de baixar discos ou qualquer coisa assim, mas é porque 99% das coisas que eu baixo é coisa velha. Completei a discografia de várias bandas que eu gosto e que faltava um ou outro disco (como Living Colour, Lynyrd Skynyrd, The Cure etc), e corri atrás de outras bandas velhas que eu tinha ouvido falar e sempre tive curiosidade de ouvir e deixava pra depois. De uns três anos pra cá, eu meio que perdi o interesse em arriscar baixar novidades - pra você ter uma idéia, desse seu Top 50 de músicas eu devo conhecer umas quinze bandas, mais ou menos.