Previsivelmente, Iñarritu não desapontou. Acho que ele vai precisar fazer um filme bem diferente da próxima vez, porque este é muito semelhante aos outros dois em termos de estrutura. Não sei se ele consegue fazer mais um filme nesse esquema e não esgotar a fórmula. Mas como Iñarritu já disse que seus longas compõem uma trilogia, fico mais tranqüilo e espero que o futuro guarde filmes mais diferentes. Isto é, se Iñarritu e o roteirista Guillermo Arriaga não se matarem primeiro. Comparado aos outros dois, achei Babel pior do que 21 Gramas, mas melhor do que Amores Perros. Ou seja, um filme muito, muito bom.
Desta vez os núcleos de personagens são espalhados por lugares diferentes do globo: uma família de camponeses e um casal de americanos no Marrocos, os filhos pequenos do casal americano e sua babá entre os EUA e o México, e um caçador japonês e sua filha surdo-muda no Japão. São várias as línguas faladas, e uma não-falada (sinais), o que justifica o título Babel. Fora isso, também se encaixam no título a incapacidade de comunicação entre as personagens, em relações interpessoais e até globais, e seu oposto, a capacidade de comunicação além da barreira da língua e costumes. É um filme otimista, diga-se de passagem. Ninguém vai sair deprimido do cinema, apesar da série de desgraças que se acumulam ao decorrer da narrativa.
O incidente que dispara as histórias desta vez não é um acidente de carro, mas um tiro de rifle que acaba ferindo gravemente a mulher americana, disparado por um dos filhos da família de camponeses quando testavam a arma. A narrativa é não-linear, não tão perfeitamente particionada quanto a de Amores Perros, mas não tão radical quanto a de 21 Gramas. Fica algo entre os dois extremos, mas é tão bem construída e flui tão solta que você nem percebe as diferenças de tempo entre algumas seqüências, apesar de perceber no final que estava totalmente perdido em relação à distância temporal que separava algumas cenas.
Eu li alguns comentários dizendo que o núcleo do Japão não se encaixa bem na história, e que é a parte mais fraca de Babel, mas eu discordo violentamente. Achei os segmentos japoneses de longe os melhores do filme, com Inãrritu, o diretor de fotografia e o editor soltando a franga em Tóquio, retratando a cidade de forma tão bonita que dá gosto de ver. Não é nem a Tóquio-pesadelo urbano dos filmes japoneses e americanos usuais, nem a Tóquio de vitrine à la Sophia Coppola. A cidade fica vibrante, intensa, e dá um contraste interessante à aridez e ao calor do Marrocos e da fronteira EUA-México. É uma coisa molhada, de cores frias porém fortes, que dá um contraponto gritante aos outros núcleos do filme e até mesmo ao drama interno da protagonista japonesa, sozinha e cheia de mágoas. Funciona, em outras palavras, que é uma beleza, e a narrativa parece desconexa das demais apenas à primeira vista.
Não vou contar mais para não estragar a experiência, é um dos melhores filmes de 2006, que merece ser visto o tão breve possível. Entra em cartaz dia 19 de janeiro.
Eu gostei do trailer, lembra um pouco o estilo do soderbergh.
Então Bennett, como eu disse no orkut, eu realmente achei esse pior que Amores Perros e melhor que 21 Gramas, mas gosto é gosto.
Não sei, refletindo sobre ele hoje, parece que ficou faltando algo no filme. Achei que o núcleo japonês REALMENTE estava deslocado do resto do filme, mas era o que mais se adequava ao tema e, de longe, o melhor de todos.
Fora que eu não achei o filme otimista não. Aliás,
E outra que eu não entendi: O que a japa escreveu pro policial? Por que o filme terminou daquele jeito? Inspirou altas teorias na minha cabeça, mas...
Ah, você é o Ravi então, Pierrot?
Eu achei otimista, no final das contas tudo termina razoavelmente bem diante das circunstâncias. Se você for ver o tanto de coisa que aconteceria se o filme não fosse filme e fosse realmente real, mas acabou não acontecendo, (acho que daria para eu escrever isso de forma menos complicada), senti uma mensagem de "no final tudo dá certo, apesar das diferenças", uma coisa meio redação de FUVEST, mas eu perdôo.
Sim, sou eu!
Mas pensando bem, seguindo seu raciocínio, a moral poderia ser...
hahaha!
Pode ser! Mas, vai ver esqueceram de dizer que a arma era americana!
Mas eu tava pensando numa coisa. Quando eu assisti o filme interpretei aquela cena final de uma forma, depois deixei pra lá. Agora estou incucado se isso é coisa da minha cabeça ou não (possivelmente é).
Assim,
Além disso tem o fato dela ser surda-muda, da mãe ter se matado sem motivo aparente e o bilhete pro policial...
Bom, posso ter viajado demais, será?
Vi, achei uma bosta, falando sério, se esse filme ganhar o oscar, eu vou embora do mundo. Esse movimento petista que está impregnando o cinema está destruindo o entertain puro. Eu aprovo a cena da buceta, mas todo o filme gira em torno de uma premissa desgraçadamente velha, poderia se chamar "Crash 2", originalidade nota 0. A fotografia é boa, aquela cena da boate é muito bem feita, mas se cena de boate ganhasse oscar, o DJ Tiesto já tinha 3.
Nota: 4,52
NCN: 1
NB: 8
NP: 7 (vou alugar, pois a buceta da japa merece um closão, faz tempo que não uso o closão do meu dvd)
Hahaha, pô Quase Nada, não compara Babel com Crash. O nível é outro.
À propósito, Bennett, quando sai o seu top 10 de filmes do ano passado? Estou curioso!
Então, estou totalmente desmotivado a fazer um top 10...mas o filme que ficaria no topo da minha lista é The Prestige. A menos que Children of Men seja realmente espetacular (assisto semana que vem).
Não rola nem um top 5? Ainda que sem comentários? Eu fiquei sem ver um monte de coisa do ano passado, e como eu tenho um gosto pra filmes parecido com o seu eu queria ter uma base do que mais vale a pena correr atrás.
Acho que você provavelmente já vai ter visto todos os meus cinco favoritos...candidatos incluem, além de Prestige, Piratas do Caribe, Casino Royale, Tideland, United 93, Labirinto do Fauno, Brick...Minha parada está bem comercial este ano.
Ri alto aqui! :)
Saudações
Ray Jackson
Saudações
Ray Jackson
Desses aí só não vi o Fauno... tenho que baixar o DVDRip, junto com o Crank e o Children of Men.
Fui assistir e achei um filme bem bacana. Bem dirigido, bom roteiro, boa fotografia. Tudo bom. Mas não achei espetacular. Acho que prefiro 21 gramas mas não tenho certeza. É muito parecido.
Mas realmente fiquei curioso com o bilhetinho. Malditos....
No bilhetinho está escrito "Não quer assistir a Lost in Translation amanhã comigo?"
a é? Mas isso aparece? Boiei assim?
Não, eu estou brincando =D É que Lost in Translation termina da mesma forma, com a Scarlett sussurrando uma coisa que a gente não fica sabendo no ouvido do Bill Murray. E também se passa no Japão.
Na minha opinião 21 gramas dá um banho nesse filme. Gostei dele, ao mesmo tempo eu meio que concordo com o Quase Nada, esse tipo de filme crítica já está enchendo, assim como o estilo Iñarritu/Arriaga. Vou rever 21 gramas agora.
Ah bom... achei que tinha sido uma piadinha do filme. hehe. Vou pegar em DVD depois e tentar dar um zoom no papelzinho (e ler em japones)
Vai estar escrito algo como "Pausou filme, né? Pegou dicionário japonês, né? Bobo, né!"