A Árvore da Vida

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Stryder
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A Árvore da Vida

Eu nunca tinha visto alguém dormir numa sessão de cinema, provavelmente porque eu não presto atenção em quem tá no cinema. Mas um filho-da-puta dormiu e roncou enquanto tava passando A Árvore da Vida. Ele deu uma roncada, eu olhei pra ele, a namorada dele o cutucou, ele acordou, entendeu o que estava acontecendo e riu. Esse ronco foi depois de uns quarenta minutos que um casal que estava sentado à minha frente desistiu do filme após passados os primeiros 15 minutos. Eu os vi saindo, pensei que iriam no banheiro e me esqueci completamente deles até que alguém que estava nas fileiras da esquerda bocejou e me fez 'voltar' do filme e perceber que o casal não tinha voltado. O bocejo surgiu alguns minutos antes do ronco que eu mencionei. Quando o filme acabou, o cara que estava à minha esquerda, que tinha passado os primeiros vinte minutos comendo pipoca e fazendo barulho, comentou com a sua acompanhante que "Foi bom, mas muito difícil, tem que pensar muito, né?". Este mesmo cara, durante o trailer do Conan, perguntou se era um novo Conan ou se era um relançamento do antigo em 3D. Eu acho que ele perguntou pra mim, mas eu o ignorei porque a pergunta era muito idiota, como ele mesmo descobriu ao final do trailer: "É novo, esse não tem o Xuasnéguer", ele disse pra si mesmo.

Enfim, minha sessão foi uma bosta, mas eu achei o filme TÃO bom que quando acabou eu tive uma enorme vontade de acompanhar as palmas de outra pessoa que eu julguei ter ficado igualmente impressionada. Mas ele não estava impressionado. Ele estava batendo palmas porque finalmente o filme tinha acabado; era o mesmo filho-da-puta que dormira.

 

O filme é bem lento e grandioso, a primeira parte é RIDICULAMENTE ÉPICA. Na segunda parte o foco volta-se todo pra família.

Eu acho que o único problema na segunda parte do filme é que a relação entre mãe/pai e filhos é de certa forma peculiar e específica (talvez seja autobiográfico, sei lá), ao passo que a relação entre os irmãos soa mais universal e, por conseguinte, pelo menos pra mim, mais satisfatória e mais coerente com o tema.

 

Spoiler: Highlight to view
Eu tenho uma dúvida: Por que aquele dinossauro não come o outro? É piedade? É uma alusão ao relacionamento entre os irmãos?

agraciotti
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Eu vi numa sessão cabine de imprensa e ainda assim vi gente dormindo e saindo. Idiota sempre tem né.

Olha.... eu gosto do Malick, gosto muito de Além da Linha Vermelha, acho Um Novo Mundo bacana  mas....esse Árvore da Vida não rolou pra mim. Achei tudo muito bonito, mas terrivelmente brega. Esse discursozinho de lição de vida sussurrado (aliás, todo mundo sussurra o filme inteiro...me irritou profundamente) não colou. É um filme q quer ser mais profundo do q realmente é. E se for pra focar só na filosofia, até o Fonte da Vida do Aronofsky - que é um erro - tem uma reflexão melhor.

Tinha momentos (metade do filme) que parecia um videoclipe da Enya. 

E o finalzinho ainda pegou emprestado de Lost (q em Lost foi melhor :P)

Até agora a Isabela Boscov foi a única que não pagou pau pro filme e q eu concordo:

http://youtu.be/yqycjV7MI0A

 

Stryder
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Spoiler: Highlight to view

Eu achei que os sussurros encaixaram no contexto porque as pessoas estavam se dirigindo à Deus ou ao irmão/filho sem esperar realmente por uma resposta, o que significa que eles falavam pra si mesmos. Além  disso eles questionavam de forma lânguida e vacilante, como se suas vozes fossem 'personificações' da própria Vida, que, se comparada à vastidão do Espaço e Tempo, talvez não seja nem um sussurro.

A primeira parte do filme evidencia a efemeridade/fragilidade da vida comparada a vastidão do Universo, e há uma montagem lá próximo do final filme onde o Sol 'explode', aniquila toda a vida na terra, ao mesmo tempo que o Sean Penn tá sussurrando "irmão, me acompanhe até o final dos tempos", ou algo assim. Isso me lembrou do Pálido Ponto Azul do Carl Sagan, quando ele nos fazia pensar que todos os nossos sonhos/problemas/desejos/interesses/paixões etc., são minúsculos e pálidos quando vistos por uma perspectiva exterior. Eu me emocionei quando o Sean Penn falou essa frase, porque o contraste entre o valor que nós damos pra nossa vida e a maneira indiferente que a natureza tem por ela é aterrorizante. Quando o Penn fala "fim dos tempos", a imagem que mostra não é a do Universo implodindo/acabando ou sei lá o quê, mas a imagem do nosso planetinha minúsculo sendo devastado pelo calor do nosso sol (um entre bilhões e bilhões) que inevitavelmente vai se tornar uma gigante vermelha, engolfando as órbitas de mercurio e de venus, aniquilando todas as formas de vida da Terra.  

 

 

 

agraciotti
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Stryder wrote:

 

Spoiler: Highlight to view

Eu achei que os sussurros encaixaram no contexto porque as pessoas estavam se dirigindo à Deus ou ao irmão/filho sem esperar realmente por uma resposta, o que significa que eles falavam pra si mesmos. Além  disso eles questionavam de forma lânguida e vacilante, como se suas vozes fossem 'personificações' da própria Vida, que, se comparada à vastidão do Espaço e Tempo, talvez não seja nem um sussurro.

A primeira parte do filme evidencia a efemeridade/fragilidade da vida comparada a vastidão do Universo, e há uma montagem lá próximo do final filme onde o Sol 'explode', aniquila toda a vida na terra, ao mesmo tempo que o Sean Penn tá sussurrando "irmão, me acompanhe até o final dos tempos", ou algo assim. Isso me lembrou do Pálido Ponto Azul do Carl Sagan, quando ele nos fazia pensar que todos os nossos sonhos/problemas/desejos/interesses/paixões etc., são minúsculos e pálidos quando vistos por uma perspectiva exterior. Eu me emocionei quando o Sean Penn falou essa frase, porque o contraste entre o valor que nós damos pra nossa vida e a maneira indiferente que a natureza tem por ela é aterrorizante. Quando o Penn fala "fim dos tempos", a imagem que mostra não é a do Universo implodindo/acabando ou sei lá o quê, mas a imagem do nosso planetinha minúsculo sendo devastado pelo calor do nosso sol (um entre bilhões e bilhões) que inevitavelmente vai se tornar uma gigante vermelha, engolfando as órbitas de mercurio e de venus, aniquilando todas as formas de vida da Terra.  

pois é, não curti muito esse discurso. E olha q adoro a série "Through the Whormhole" :) (http://youtu.be/EpujTp21cmk)

Acho q to numa fase mais pro lado do Lars Von Trier. Amar a vida o cacete. Nada vale a pena. Destruam essa porra.

 

 

Ray J
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agraciotti wrote:

Até agora a Isabela Boscov foi a única que não pagou pau pro filme e q eu concordo:

http://youtu.be/yqycjV7MI0A

Não vi o filme, mas pela primeira vez concordo com a Boscov. Malick é o maior picareta que já pos os pés em Hollywood. Não dá, gente. Além da linha vermelha é chato até o último fio de cabelo.

Saudações
Ray Jackson

Guybrush Threepwood
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Fale sério, Ray! Além da Linha Vermelha é um filme maravilhoso! Eu diria que é meu segundo filme de guerra favorito, atrás somente de Apocalypse Now.

Dré
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Ontem mesmo estava pensando em abrir um post sobre esse filme. Ainda não vi, mas as reações tem sido curiosas - pra não dizer extremas: as pessoas amam ou odeiam o filme, sem meio termo.

Na sexta, quando vi Super 8 e a sessão acabou junto com a do Árvore da Vida, era visível a cara de desgosto do povo com esse último... na fila do estacionamento foi só reclamação.

Stryder
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A reação do público em geral é totalmente compreensível porque o filme não segue o modelo de narrativa tradicional e é bastante lento e atmosférico, talvez por isso tem gente comparando com 2001: Uma Odisseia no Espaço. 

 

Ray J
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Stryder wrote:

A reação do público em geral é totalmente compreensível porque o filme não segue o modelo de narrativa tradicional e é bastante lento e atmosférico, talvez por isso tem gente comparando com 2001: Uma Odisseia no Espaço. 

2001 também é picareta, mas é um bom filme. Mas Kubrick, com todo o respeito, fez coisas melhores.

Sério gente, Malick é MUITO picareta.

Saudações
Ray Jackson

agraciotti
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Ray J wrote:

Stryder wrote:

A reação do público em geral é totalmente compreensível porque o filme não segue o modelo de narrativa tradicional e é bastante lento e atmosférico, talvez por isso tem gente comparando com 2001: Uma Odisseia no Espaço. 

2001 também é picareta

Mais um q falar isso mexe comigo hein. 2001 é meu filme favorito. E acho Árvore da Vida NADA a ver. Além de infinitamente mais raso.

Ray J
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agraciotti wrote:

Ray J wrote:

Stryder wrote:

A reação do público em geral é totalmente compreensível porque o filme não segue o modelo de narrativa tradicional e é bastante lento e atmosférico, talvez por isso tem gente comparando com 2001: Uma Odisseia no Espaço. 

2001 também é picareta

Mais um q falar isso mexe comigo hein. 2001 é meu filme favorito. E acho Árvore da Vida NADA a ver. Além de infinitamente mais raso.

Pelo menos recorta minha frase inteira. 2001 é picareta mas é um bom filme. Só acho pretensioso demais. Kubrick fez coisa muito melhor sem parecer cult. Se você lê a literatura de Clarke, vê que 2001 não tem muito a ver com o tipo de obra que ele escreve. Apenas isso.

Agora Malick é pior que o Eli Roth e o Ed Wood juntos. Mas como não posa pra fotos, não dá entrevista e lança um filme a cada 20 anos, é cultuado.

Saudações
Ray Jackson

quase nada
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Quer dizer que vcs foram até o cinema?

Tem um ditado das Arábias que diz: A primeira vez que eu errar a culpa será sua; a segunda vez, a culpa será minha. É que nem o Homer Simpson tomando choque toda vez que pega o biscoito, insistir no Mallick é no mínimo ridículo. Vcs sabiam que o cara é um artista da picaretice, ele deve ser invenção do Banksy só pra trolar os metido a cult, pois não é possível a existência real de uma pessoa lenta das idéias, imagino até que ele tenha algum tipo de autismo, pois ninguém é tão boco moco pra insistir num plano de 10 segundos sem porra nenhuma acontecendo.

Eu verei esse filme só pra boicotar o Oscar pela possível indicação desse cheira peido. Vcs são uma vergonha, não apenas pra mim, mas pra toda a humanidade.

Fico abismado, tanto tempo convivendo com profissas e ainda assim vcs perdem tempo vendo esse ordinááário. Merecem uma punição.

 

 

Stryder
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Vcs nao gostam nem de Days of Heaven? (Eu nunca vi, mas todo mundo AMA esse filme). 

Stryder
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O  mais legal é ir no IMDB ver as notas. Praticamente não tem meio termo, ou dão 10 estrelas, ou dão 1 estrela.

agraciotti
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Ray J wrote:

Pelo menos recorta minha frase inteira. 2001 é picareta mas é um bom filme. Só acho pretensioso demais. Kubrick fez coisa muito melhor sem parecer cult. Se você lê a literatura de Clarke, vê que 2001 não tem muito a ver com o tipo de obra que ele escreve. Apenas isso.

Virou cult pq é simplesmente foda, importante e influente. E não é pretensioso, é ambicioso. Tem diferença. Coisa q só os grandes podem.

 

Stryder wrote:

Vcs nao gostam nem de Days of Heaven? (Eu nunca vi, mas todo mundo AMA esse filme). 

Eu vi tudo menos esse. Eu gostei de tudo q vi dele (não morro de amores, mas gosto), menos desse Árvore da Vida.

Ray J
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agraciotti wrote:

Virou cult pq é simplesmente foda, importante e influente. E não é pretensioso, é ambicioso. Tem diferença. Coisa q só os grandes podem.

Fato, o filme é ótimo até os vinte minutos finais. Aquela viagem de ácido do Austronauta e o final ambíguo não tem NADA de Arthur Clarke. Clarke era inclusive um escritor bem quadradinho, com histórias lineares onde tudo fica amarrado no final. Era um gênio, mas um gênio pragmático.

Acho que me expressei mal, eu gosto de 2001, mas é um filme épico no primeiro e segundo ato. O terceiro ato é questionável, pelo menos para mim.

Agora procure um site em flash onde um maluco explica cena a cena do filme. O cara CONSEGUIU entender tudo. Merece respeito.

Saudações
Ray Jackson

Ray J
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Stryder wrote:

Vcs nao gostam nem de Days of Heaven? (Eu nunca vi, mas todo mundo AMA esse filme). 

Falam bem do Cinzas do Paraíso. Mas depois de Além da Linha Vermelha eu deixei pra lá. Filme de guerra é filme de guerra. Ninguém fica filosofando enquanto caem 200 bombas em volta de vocês.

E, dando uma de quase nada, se um soldado do meu pelotão parar pra ficar apreciando uma Arara, é preso por deserção. Não dá!

Saudações
Ray Jackson

agraciotti
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Ray J wrote:

agraciotti wrote:

Virou cult pq é simplesmente foda, importante e influente. E não é pretensioso, é ambicioso. Tem diferença. Coisa q só os grandes podem.

Fato, o filme é ótimo até os vinte minutos finais. Aquela viagem de ácido do Austronauta e o final ambíguo não tem NADA de Arthur Clarke. Clarke era inclusive um escritor bem quadradinho, com histórias lineares onde tudo fica amarrado no final. Era um gênio, mas um gênio pragmático.

Acho que me expressei mal, eu gosto de 2001, mas é um filme épico no primeiro e segundo ato. O terceiro ato é questionável, pelo menos para mim.

Agora procure um site em flash onde um maluco explica cena a cena do filme. O cara CONSEGUIU entender tudo. Merece respeito.

mas aí vc tá julgando o filme pela fidelidade da adaptação. Sei lá se é fiel ou não...sei q aquilo ali pra mim é uma das coisas mais geniais já feitas pela humanidade. :)  E o terceiro ato é simplesmente GÊNIO. Mas enfim...vc tá falando com um cara q considera 2001 o filme mais importante da minha vida.

Eu já vi essa apresentaçãozinha em flash sim. Nem acho q precisava...acho q tem coisas um pouco mais abertas do q diz lá, mas é bacana sim.

agraciotti
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Ray J wrote:

Stryder wrote:

Vcs nao gostam nem de Days of Heaven? (Eu nunca vi, mas todo mundo AMA esse filme). 

Filme de guerra é filme de guerra. Ninguém fica filosofando enquanto caem 200 bombas em volta de vocês.

hehehe, isso aí q acho questionável. Eu ADORO o Soldado Anônimo, por exemplo. Um filme de guerra sobre o.... nada.

Ray J
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agraciotti wrote:

mas aí vc tá julgando o filme pela fidelidade da adaptação. Sei lá se é fiel ou não...sei q aquilo ali pra mim é uma das coisas mais geniais já feitas pela humanidade. :)  E o terceiro ato é simplesmente GÊNIO. Mas enfim...vc tá falando com um cara q considera 2001 o filme mais importante da minha vida.

Eu já vi essa apresentaçãozinha em flash sim. Nem acho q precisava...acho q tem coisas um pouco mais abertas do q diz lá, mas é bacana sim.

Essa é a questão! O filme não foi fiel ao livro pois o livro foi escrito durante e depois das filmagens. Arthur Clarke foi co-autor do roteiro e da novelização. E ele era contra as "viajadas" do Kubrick.

E respeito sua idolatria por 2001 (Pelo menos você não idolatra o Malick), mas você está falando com um cara que leu metade dos livros do Arthur Clarke. 2001 tem o pedigree dele, mas não é seu estilo.

Sabe o que daria dois filmões? Rama (Que circula em hollywood há anos) e Naufragos do Selene. O primeiro é a história sobre o primeiro contato alienígena mais coesa que eu já li. Ele mistura ciência, filosofia e religião num livro que tem o ritmo de um bom thriller. Livrão. E o Náufragos conta a história de um barco que navega nas crateras da lua e afunda. Premissa simples e básica, a não ser pelo fato que ele afunda na areia. O livro inteiro conta a história do resgate ao mesmo tempo que desenvolve a persona dos passageiros e seus conflitos enquanto o resgate vem.

Arthur Clarke era pop. Talvez o mais filosófico de seus livros seja Canções da Terra Distante, onde o mundo acaba e várias corporações, facções religiosas ou grupos organizados montam "arcas de noé" e se mandam para outros planetas habitáveis. Um dos planetas é Talassa, que vive uma utopia social. Taxa de natalidade e mortalidade idênticas, criminalidade zero e uma vida de rei em um planeta ocupado por 90% de água. Pois é essa água que uma nave precisa para continuar a viagem a sua terra prometida, um planeta vulcânico e com condições de vida totalmente adversas a Talassa. Quando a nave estaciona para essa manutenção, a vida em Talassa muda, os viajantes da nave questionam o resto da viagem e a sociedade local começa a desmoronar.

É um puta livro, mas é filosófico e questionador do começo ao fim. Não possui vilões, não possui nem motivação para a história. Nenhum grande evente acontece (Tá bom, acontecem alguns, mas seriam spoilers). Mostra apenas o impacto de uma civilização mais organizada que recebe uma civilização sem pátria e morrendo de medo do futuro.

Recomendo. E se quiserem, podemos abrir um tópico sobre livros e autores de boa ficção. Tem coisa boa e bem digerível por aí.

Saudações
Ray Jackson

Stryder
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Ray J wrote:

 

Fato, o filme é ótimo até os vinte minutos finais. Aquela viagem de ácido do Austronauta e o final ambíguo não tem NADA de Arthur Clarke. Clarke era inclusive um escritor bem quadradinho, com histórias lineares onde tudo fica amarrado no final. Era um gênio, mas um gênio pragmático.

 

Eu discordo por experiência própria: eu só entendi o final de 2001 depois que eu li O Fim da Infância do Clarke. Aquele terceiro ato, embora instantaneamente impactante e épico, não me dizia nada até eu me familiarizar um pouco com a ficção científica do Clarke. Até então eu achava o filme excelente, visualmente impressionante, mas muito lento. Depois que eu comecei a entender o que estava realmente acontecendo (pois eu passei uns dois anos entendendo errado), o que eram de fato os monolitos, o que era a star child etc., o filme ficou 3,6 mil vezes mais impressionante e excitante. O que mudou é que agora eu entendia o que estava acontecendo e compreendia a genialidade da forma como o Kubrick realizou essa 'narrativa', sem dar respostas, só levantando questões ou não se importanto de explicá-las; absolutamente tudo que eu havia visto na tela tinha um propósito e não poderia ser descartado; a 'viagem de ácido' não é só necessária para ilustrar uma 'dobra' no espaço (por conseguinte, no tempo), como é um dos momentos mais espetaculares e memoráveis da história do cinema. Sabe quando a Jodie Foster está fazendo a viagem intergaláctica em CONTATO, que ela vê aqueles bilhões de estrelas e galáxias e diz que eles deveriam ter enviado um poeta em vez de uma astronauta? Em 2001, o Kubrick é o poeta.

Ray J
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Belo texto Stryder. Nem tenho como contestar e respeito, inclusive concordo, com muito do que você colocou. Mas fica uma ressalva: Ter que ler algo para entender melhor um filme é uma mistura de mídias. Acredito que o cinema, sempre que possível, precisa depender dele mesmo para contar uma história.

Senhor dos Anéis foi feliz nisso, Harry Potter nem tanto. Viu a diferença?

E não li Fim da Infância. É bom? É aquele do Elevador construido no Nepal, correto?

Saudações
Ray Jackson

Stryder
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Eu acho que é completamente possível entender 2001 sem ter lido nada do Clarke se você tiver disposição para tentar entender, coisa que eu nunca tive porque eu sou preguiçoso e tenho tendência a gostar das coisas mastigadas. Por isso eu gostei tanto de reassistir 2001 depois de ter compreendido, porque tudo o que o Kubrick precisava para narrativa estava no próprio filme. Mesmo a star child, que eu não fazia ideia do que era, pode ser compreendida sem a leitura de Clarke se você parar pra pensar que o Kubrick, de maneira semelhante aos monolitos, está nos guiando através de um processo de evolução, embora o Kubrick mostre essa evolução - dos primatas à star child - e os monolitos efetivamente guiem essa evolução.

'O Fim da Infância' é muito bom e melhor ainda se você não souber NADA sobre a trama. Mas não é o do elevador pro céu, que eu acho que é o Fountains of Paradise - mas eu to chutando, porque eu nao li, to deduzindo que é esse porque na capa do meu tem uma montanha e uma colina de ferro que sobe pro céu. Mas nem dá pra levar essas capas de sci-fi muito a sério, você já viu as do Philip Dick?

 

Stryder
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Que negócio em flash é esse que vcs tã falando? Onde eu vejo?

Ray J
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Confirmando, fui na wikipedia e realmente não li Fim Da Infância. Lá vou eu nos sebos procurar...

E o do elevador é o Fontes do Paraíso mesmo.

Dica, se ainda não leu: Trilogia da Fundação, do Asimov. Melhor livro de ficção científica do universo.

Saudações
Ray Jackson

Stryder
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Eu comprei a trilogia, tenho ela novinha e linda guardada aqui, mas aí um amigo meu começou a falar muito mal, que ficou decepcionado com o livro, e eu perdi a vontade de ler por enquanto. Eu quero comprar o Encontro com Rama! Eu comprei um em inglês no Estante Virtual, mas quando eu peguei o livro tava escrito ADAPTADO POR FULANO, eu fiquei muito puto, era um daqueles livros que eles adaptam o vocabulário pras pessoas que estão aprendendo o idioma.

Você já leu Duna?

Ray J
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Stryder wrote:

Eu comprei a trilogia, tenho ela novinha e linda guardada aqui, mas aí um amigo meu começou a falar muito mal, que ficou decepcionado com o livro, e eu perdi a vontade de ler por enquanto. Eu quero comprar o Encontro com Rama! Eu comprei um em inglês no Estante Virtual, mas quando eu peguei o livro tava escrito ADAPTADO POR FULANO, eu fiquei muito puto, era um daqueles livros que eles adaptam o vocabulário pras pessoas que estão aprendendo o idioma.

Você já leu Duna?

Não li Duna e não desperta meu interesse. Mas manda teu amigo a merca e começa a ler fundação hoje.

Pra te deixar com mais vontade de ler, vou soltar um pequeno spoiler. Fica frio que é inofensivo e acontece no segundo capítulo.

O cientista, no primeiro capítulo apresenta toda a trama, a crise que está por vir e como sairemos dela. Aí no segundo capitulo se passaram......100 anos! Os personagens do primeiro são citados como fontes históricas e a trama já tem a primeira reviravolta.

Leia, cara. Não tem ficção melhor. É daqueles que você chega no trabalho com olheiras pois virou a noite lendo.

Pra você ter uma idéia, eu morava em Sampa e trabalhava em Osasco. Para fugir do rodízio, saia de casa as 6 da manhã, mas a empresa só abria as 9. Toda a sexta feira eu ficava na porta da empresa das 7 as 9 lendo o danado.

Saudações
Ray Jackson

Stryder
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É verdade que no livro praticamente não tem personagens mulheres?

agraciotti
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Stryder wrote:

Eu discordo por experiência própria: eu só entendi o final de 2001 depois que eu li O Fim da Infância do Clarke. Aquele terceiro ato, embora instantaneamente impactante e épico, não me dizia nada até eu me familiarizar um pouco com a ficção científica do Clarke. Até então eu achava o filme excelente, visualmente impressionante, mas muito lento. Depois que eu comecei a entender o que estava realmente acontecendo (pois eu passei uns dois anos entendendo errado), o que eram de fato os monolitos, o que era a star child etc., o filme ficou 3,6 mil vezes mais impressionante e excitante. O que mudou é que agora eu entendia o que estava acontecendo e compreendia a genialidade da forma como o Kubrick realizou essa 'narrativa', sem dar respostas, só levantando questões ou não se importanto de explicá-las; absolutamente tudo que eu havia visto na tela tinha um propósito e não poderia ser descartado; a 'viagem de ácido' não é só necessária para ilustrar uma 'dobra' no espaço (por conseguinte, no tempo), como é um dos momentos mais espetaculares e memoráveis da história do cinema. Sabe quando a Jodie Foster está fazendo a viagem intergaláctica em CONTATO, que ela vê aqueles bilhões de estrelas e galáxias e diz que eles deveriam ter enviado um poeta em vez de uma astronauta? Em 2001, o Kubrick é o poeta.

Se vc falasse isso na minha frente eu iria te dar um abraço pela iluminação. :P  Belo depoimento.

Apesar de q não acho q o filme precisa ser "entendido" segundo os termos da obra original pra ser apreciado. Eu vi 2001 pela primeira vez quando tinha 17 anos e não entendi metade do q fui compreendendo com o tempo, mas a forma como o filme foi feito, a narrativa incomum e a pegada enigmática e filosófica já foram suficientes pra me encantar profundamente.  Acho q é bem mais fascinante pelo lado instigante das alegorias e metáforas do q por um significado fechado.

E o lance em flash é esse aqui:

http://www.kubrick2001.com/

 

Guybrush Threepwood
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Sobre o Malick, eu gostei dos dois filmes dele que eu vi - Thin Red Line e New World (o primeiro muito mais que o segundo). Mas eu entendo e respeito o desprezo do Ray, porque eu tenho uma birra igualzinha com o outro diretor de renome, que muita gente adora e eu acho totalmente picareta e insuportável, o Oliver Stone. Ele tem até uns filmes legais - Platoon e Wall Street - mas tem umas coisas TÃO ruins, mas TÃO ruins e tão picaretas que eu não tenho escolha a não ser odia-lo. Caralho, Assassinos por Natureza e Reviravolta são os DOIS PIORES FILMES QUE EU VI NA VIDA.

Mas voltando ao assunto de literatura sci-fi, eu também curto muito, principalmente o K. Dick, do qual eu já uns 60% da extensa obra dele. Que tal a gente abrir um tópico sobre o assunto (sci-fi) e continuar a discussão lá (pois tá muito boa)?

Ray J
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Guybrush Threepwood wrote:

Sobre o Malick, eu gostei dos dois filmes dele que eu vi - Thin Red Line e New World (o primeiro muito mais que o segundo). Mas eu entendo e respeito o desprezo do Ray, porque eu tenho uma birra igualzinha com o outro diretor de renome, que muita gente adora e eu acho totalmente picareta e insuportável, o Oliver Stone. Ele tem até uns filmes legais - Platoon e Wall Street - mas tem umas coisas TÃO ruins, mas TÃO ruins e tão picaretas que eu não tenho escolha a não ser odia-lo. Caralho, Assassinos por Natureza e Reviravolta são os DOIS PIORES FILMES QUE EU VI NA VIDA.

Mas voltando ao assunto de literatura sci-fi, eu também curto muito, principalmente o K. Dick, do qual eu já uns 60% da extensa obra dele. Que tal a gente abrir um tópico sobre o assunto (sci-fi) e continuar a discussão lá (pois tá muito boa)?

Engraçado você citar o Stone. Eu e o Fabio Negro elogiamos muito o Um Domingo Qualquer, que no final é um filme clichê sobre futebol americano, mas que ficou ótimo com a pegada do Stone.

Mas entendo você odiar o Stone. Só me deixem odiar o Malick em paz. O CARA É UM PICARETA!!!!

Ps.: Abre o tópico aí. Podemos soltar resenhas caprichadas sobre o que lemos. Eu começo falando de Fundação (A trilogia). Podemos até postar umas fotinhas dos livros empoeirados. Meu fundação foi impresso há uns vinte anos e comprei num sebo.

Saudações
Ray Jackson

Stryder
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Do Oliver Stone eu só vi JFK e Talk Radio. O primeiro é muito bom, e esteticamente é um espetáculo, com montagens e filtros contribuindo MUITO pra narrativa (o que o Stone realmente acredita que aconteceu com o JFK é irrelevante). O segundo é ótimo e ligeiramente bizarro, a maior parte se passa dentro de uma rádio onde um radialista mal humorado vai atendendo ligações de gente que o idolatra/odeia, respondendo mostrando o quanto ele menospreza essas pessoas que ele considera patéticas. Ele frequentemente recebe ameaças e encara elas de forma heróica/suicida. É interessante como o programa dele é sinistro, eu não sei dizer exatamente que horas ele entra no ar ou se isso é mencionado no filme, mas dá a impressão de que é de madrugada e que as pessoas que ligam são pessoas que não conseguem dormir porque a mente delas é muito doente e inquieta. Então tem gente que liga, por exemplo, pra falar que vai estuprar mais uma mulher, que não quer fazer isso, mas não consegue evitar, e que já até escolheu a vítima. 

 

Sobre abrir um topico de ficção científica: topo. É meu gênero favorito pra filmes e livros. 

agraciotti
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Eu ADORO Assassinos Por Natureza e acho Reviravolta BEM legal. Eu sei, esse último é um filme duvidoso, mas acho uma espécie de....lá vai, "kitsch- conceitual". Uma classificação que, fazendo algum esforço, o Fim dos Tempos do Shyamalan tb se enquadra. E tb por isso entendo pq muita gente odeia esse filme.

Mas tb não tenho muita paciÊncia pra Oliver Stone. É demagogo e político demais. Ele quer fazer filme de todas as figuras políticas e atentados políticos da história. Não tenho saco.

E mandem ver no tópico sci-fi. O Árvore da Vida sofreu aqui. hehe

 

 

 

Stryder
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Ray J
Foto de Ray J

Não gosto desse blog, mas ele definiu como perfeição o que eu acho do Malick.

http://chiphazard.zip.net/arch2011-08-01_2011-08-31.html#2011_08-23_02_10_49-132074619-0

Saudações
Ray Jackson

quase nada
Foto de quase nada
Stryder
Foto de Stryder

O Penn tá certo, o final é mediocre e banal. Eu to certo, a primeira metade é espetacular. 

Junior-RO
Foto de Junior-RO

Amigos não deixam amigos assistir essa bosta.

Talvez, apenas talvez, a intenção fosse boa. Mas fizeram uma merda cagada e o filme é ruim que só.

 

 

 

quase nada
Foto de quase nada

Eu parei naquela parte que o Brad Pitt da umas bordoadas bem dadas na orelha da esposa, até essa hora o filme estava tão ruim que meus olhos estavam ardendo. 

Ray J
Foto de Ray J

Galera, vou repetir, e alto dessa vez: TERENCE MALICK É UM PICARETA!

Saudações
Ray Jackson

Ray J
Foto de Ray J

Vou fazer mais: Ele é o Joao Gilberto dos filmes. (Agora peguei pesado)

Saudações
Ray Jackson

Terenzi
Foto de Terenzi

Você acha João Gilberto picareta?

Ray J
Foto de Ray J

Terenzi wrote:

Você acha João Gilberto picareta?

Não se magoe, mas acho. Mas ele é meio maluco, então não conta.

Mas essa história de cantar baixinho, reclamar da platéia e viver como um eremita lembra um certo diretor de cinema citado nesse tópico. Troque o "cantar baixinho" por "cenas longas sem o menor sentido" e temos o Terence Malick.

Eu sou pop e assumo. Desculpa aí.

Saudações
Ray Jackson

quase nada
Foto de quase nada

Acho que nem Jesus gosta do João Gilberto.

tipo, alguém já viu um disco dele pra vender?

 

 

Gmarty
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Então que, eu vi esse tópico no alto e lembrei que esse filme estava no meu HD, resolvi assistir. Eu não entro em tópicos sobre filmes que eu ainda não assisti, pois mesmo com o uso da ferramenta spoiler, sempre dá pra pescar alguma coisa da história. Bom, devo mudar esse comportamento, pois no momento estou sentindo uma vontade enorme de enfiar o dedo no cu e rasgar, puta filme chato do caralho.

Eu sou um ogro, burro chucro, não pesco as metaforas e as entrelinhas dessas obras de arte, sou do tipo que acha que as pinturas do Jackson Pollock e as pinturas que meu vizinho autista de 5 anos tem o mesmo nivel de emoção, intersidade ou talento.

Refletindo agora que escrevo, acho que peguei a mensagem do filme - Valorize sua vida, não jogue 2h:18min no lixo assistindo isso.

Ray J
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Gmarty wrote:

Refletindo agora que escrevo, acho que peguei a mensagem do filme - Valorize sua vida, não jogue 2h:18min no lixo assistindo isso.

Frase do ano!

Saudações
Ray Jackson

Pringles
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Meu pai tá revoltado "perdi 2h da minha vida vendo essa ***** e eu acho que ele tem razão.

Mesmo eu, que reflito muito sobre a origem do universo, da vida, de quem somos, da grandeza do tempo, mesmo eu, um cara que olha pro rio da minha cidade e pensa: "quantos milhoes de anos esse rio se formou, acho que nem havia vida quando a atividade geologica abriu essa fenda d'agua". Mesmo eu que imagino como são os planetas de Gliese, a imensidão de galaxia, do olho de gato que parece ter tantas estrelas quanto uma gotas num oceano.

Mesmo eu, até eu, achei o filme chato. Não acho que esse filme cumpre o que propõe de intuir esse tipo de reflexão. 2001 funcionou para isso porque tinha no seu enredo algo que justificasse, pois ora bolas os caras estavam indo a Jupiter. O monilito negro como metáfora funciona melhor do que você ficar exibindo imagens da natureza por tanto tempo, reparem que Kubrik é breve na primeira parte, A Aurora do Homem.

Não funciona como reflexão, não tem um bom roteiro e acaba e começa da mesma forma: sem sentindo, mostrando fragmentos desencontrados como se isso fosse o suficiente para explicar a experiencia.

Não tenho nada contra Malick, gostei muito de Thin Red Line mas eu acho nem ele mesmo entendeu o que queria passar com esse filme. O premio de Cannes me parece mais uma homenagem, uma aclamação a um tipo de cinema que esses intelectuais europeus acusam de estar morrendo.

Terenzi
Foto de Terenzi

Eu tinha visto esse filme em 2011 e achado ruim. Acabei de assistir de novo e conclui que vocês não entendem porra nenhuma de porra nenhuma!