Olha, fiquei mais impressionado com a quantidade de elogios que este Thor 2 recebeu do que o filme em si – ou seja, assistir sem a expectativa gerada pelo buchicho na web já ajuda bastante. Não que o filme desaponte em algo ( é bem melhor que o primeiro, por exemplo ), apenas não traz absolutamente nada de novo.
A história dá continuidade tanto ao filme anterior como ao final dos Vingadores: Loki é preso em Asgard após causar na Terra e Thor e os outros guerreiros do reino estão lutando contra outros povos, aparentemente tendo algo a ver com a destruição daquela ponte colorida gay destruida no primeiro filme ( confesso que não entendi direito essa parte ).
Na Terra, a Cisne Negro acaba encontrando mais um artefato milagroso/místico/tecnológico, uma gosma vermelha chamada de Éter, cobiçada pelos os Elfos Negros: antigos inimigos de Asgard liderados por um tal de Malekith, cujo visual parece demais com a Morte daquele Sétimo Selo do Bergman. Como a Cisne fica zoada após o contato com o Éter, Thor a leva para Asgard, fazendo os Elfos irem atrás de ambos para recuperar o troço – obviamente destruindo tudo que estiver no caminho.
Após uma mega batalha e uma bela cena de funeral pra um dos personagens, Thor tem a ideia genial de fugir pra Terra com a Cisne. O problema é chegar lá sem ninguém notar ( eles não podem usar a ponte gay, já que Odin decretou estado de sítio em Asgard após o ataque dos Elfos ) e, pra isso, resolvem pedir a ajuda do Loki, que possui um atalho escondido pra Terra. Agora é saber se Loki vai ajudar o irmão ou se/quando vai traí-lo, além de enfrentar Malekith e sua turma em uma briga final em Londres, onde foi encontrada a gosma vermelha.
Formulaica até o caroço, esta continuação pelo menos diverte bastante sem deixar o espectador pensar, com uma direção ágil que se garante mais encarando tudo como uma grande aventura e deixando totalmente de lado o aspecto de tragédia shakespereana com que o Kenneth Branagh quis lidar no primeiro filme – aqui, por exemplo, Thor e Loki aparecem bem mais trocando farpas do que em diálogos sobre irmandade ou algo do tipo. Nem o Anthony Hopkins solta aqueles seus longos discursos, com o Odin tendo mais espaço na introdução ao contar a história dos Elfos do que no restante do filme. Com isso, Tom Hiddleston fica ainda mais a vontade com o seu Loki, aqui bem mais próximo da sua performance divertida no filme dos Vingadores – fazendo ele roubar o show mais uma vez.
E é legal destacar que o filme traz uma ótima deixa para a inevitável sequência. E claro: tem uma cena no meio dos créditos que faz legação direta com o filme dos Guardiões da Galáxia, a nova franquia da Marvel, com o Benício Del Toro numa ponta bem vergonhosa. Tem outra cena ao final dos créditos, mas não vi.
Se o primeiro Thor tinha algumas aspirações dramáticas, a Marvel viu com Os Vingadores que o caminho é seguir o lado fun e deixar a pretensão de lado, o que talvez desagrade uns e outros, preocupados com a descaracterização do personagem principal ( que já não tem uma personalidade muito forte, um paralelo ideal ao fato de Chris Hemsworth ser bem limitado como ator ) ou com a mutação da franquia num mero blockbuster. Mas, pelos risos na sala de cinema e pelo filme passar tão rápido que embarcamos nos defeitos sem dar importância, vai ver esse é o caminho ideal pro deus do trovão.