Então eu tava um dia com essa mina (), a gente no milkshake, no agarra-agarra disfarçado, na plenitude hormonal da juventude, rindo, abraçando, trocando umas milkshadas.
Deixei a mina em casa e o vazio interior foi forte, baqueou minha jovialidade, meus cabelos crespos sob o sol não pareciam mais prometer um futuro.
Daí entrei numa loja e comprei um Playstation 2 Slim.
(É importante destacar que não obtive a ajuda que eu requisitei aqui; fiz um monte de perguntas que ficaram às moscas, e as [boas] respostas não surgiram à tempo. Comprei às cegas, um potencial consumidor otário a la Ciro Gomes)
Slim Slim,
Playstation 2 Slim
Slim, Slim
U-HÁ!
Bom, tinha uma placa na frente da loja: Playstation 2, 10 jogos, 1 Memory Card e 2 controles - R$399,90
(tomo liberdades artísticas, não sei a correta redação da placa)
O preço era esse. Nos últimos anos a faixa de PS2 tava sempre na altura dos 600, 500 e tantos mangos.
Esse preço me endoideceu, mas, porra! Eu não tinha lido nenhum fórum, não sabia de porra nenhuma a respeito de nada! Estava na pior situação que pessoas com dinheiro sobrando podem estar: ser guiado pelo vendedor.
Fui perguntando o que era isso e aquilo: destravamento, tipos de controle, ele esquenta?, ele pifa?, ele acende essa luzinha?, eu posso jogar Final Fantasy VII?
(Não posso jogar Final Fantasy VII)
O PRODUTO
Console: PLASYSTATION 2 SLIM
Chip de Destravamento: Murano
Acessórios: 2 DualShock originais e 1 memory card Magic Gate
Adicional: Garantia de 1 Ano
Jogos (piratas) que acompanharam o console: God of War 2, Metal Slug 3,
TMNT (baseado no último filme), Winning Eleven 10,
Sonic Collection (contando como 4 jogos),
Finding Nemo e GTA - San Andreas
DESTRAVAMENTO MURANO - Não sei ver o modelo e basicamente não me interessa, porquê é um chip clonado e por isso não pode ser atualizado. Uma das poucas coisas que eu sabia é que o chip preferido dos consumidores bandidos era o Matrix.
Fiquei imediatamente a fim de comprar o tal Murano pelo simples fato de eu não precisar de cooler, nem de ficar desligando o bicho a cada 2 horas. Funciona mesmo: fiquei três dias com ele ligado e continuou frio como uma porta de geladeira.
Me bateu um arrependimento depois, já que 100% das críticas que li sobre o Murano eram negativas, que é um um clone malfeito do Matrix, que nunca se ouviu falar dele, que Matrix é o chip definitivo... Parecia que eu tinha feito besteira.
Só hoje eu li no orkut que o Murano é feito pela mesma galera do Matrix, mas dedicado ao Slim. Ele tem um sistema que tranfere o calor do aparelho pra um lugar, lá, e desse lugar ele já manda pra fora da carcaça.
Você, amigo internauta que venha a ler estas palavras: pode comprar um Murano sem arrependimento.
O único porém é que ele força um pouco mais o leitor do PS2, a vida útil é diminuída em alguns meses em relação ao Matrix.
Uma coisa que aconteceu é que eu não consigo jogar jogos de PSX nele. Me deu vontade de chorar, fiz um beicinho, fui dormir com um pouco de dor de barriga, sonhei com meu pai me abraçando.
Mas, santo Orkut me salvou de novo, e descobri que é praxe dos técnicos bandidos não ligar um certo bagulhinho do chip, e justamente esse bagulhétes é que faz o console rodar PSX. Semana que vem vou voltar na loja e vou pedir a porra do bagulhinho soldado como se deve!
Bom, mas se eu não quiser arranjar briga posso simplesmente usar um emulador de PSX nele.
E a revelação: por ser Murano e por ter 1 ano de garantia, paguei mais de 600 paus nele.
Mas os de 399 reais ainda tão lá, vendendo pra caramba.
OS JOGOS
Bom, alguns jogos não rodam, mas percebi que eles foram queimados há bastante tempo, talvez mais de 2 anos. Meus divx com essa idade já rodam capengando, deve ser a mesma coisa com o console. E depende de quem produz o CD.
Comprei o ICO, cheio de poeira, mas o cara garantiu que rodava mesmo com macumba contra.
Cheguei em casa e rodou, mesmo. Já Guitar Hero, comprado em outro lugar, nada.
Comprei vários jogos, e tenho comentários sobre alguns que todo mundo já deve ter jogado, mas enfim. Mas não vou comentar agora. Vou listar os que eu joguei compulsivamente desde que comprei o console até agora à tarde:
- Shadow of The Colossus
- God of War 2
- Guitar Hero 2
- Devil May Cry 3
O primeiro jogo já valeu a minha compra.
Praticamente não joguei mais nada, exceto alguma coisa de Resident Evil - Code Veronica e God of War 1.
Depois vou comentar os jogos.
Quero assinalar que Emulador é como bronha, nem dá pra chamar de "ter uma experiência" (embora os emuladores de fliperama tenham feito minha alegria, sim)
Jogo de PC é o que sempre foi: um saco. Tirando os adventures do período de ouro dos adventures e os FPS da ID Software.
Mas agora tenho jogado com fluência, não travo em porra de jogo nenhum, nenhum puzzle é misterioso demais, nenhum chefão é apelão o suficiente, eu termino jogos como Paul Tergat termina uma São Silvestre. Sou novamente tranqüilo e infalível como Bruce Lee.
Bom, minha condição de jogador é estranha, sou um veterano que pulou várias gerações, e apesar de ter conhecido os principais jogos de cada console, praticamente não joguei nenhum.
Mas eu tenho algumas observações sobre os jogos de PS2/Geração 128 bits:
- FALTA DE PADRÃO DOS CONTROLES. No Super Nintendo o B era pra pular. A porra do botão B sempre era de pulo. Ou pra acelerar o carro! Y dá tiro, X e o A sempre são especiais, aquele comando overpower, aquela bomba secreta, aquela hadugen interior. Claro que havia os jogos que não seguiam o padrão, mas via de regra era isso. Isso desenvolvia uma intuição de jogador, um início rápido, sem a chatice de se acostumar com os comandos.
No PS2 não!
Tortura do caramba sair de Shadow of The Colossus, onde o pulo é o triângulo, e passar pro God of War 2, em que o pulo é o xis, botões opositores entre si.
Acho errado, e isso aconteceu porquê a Nintendo não foi a empresa dominante dessa geração.
A Nintendo dos áureos tempos dominava à tudo com mão de ferro, estabelecia padrões e certamente era cruel com as softouses. Mas foda-se, eu era consumidor final, Hideo Kojima que tomasse no ** dele pra ficar esperto. Isso na minha época, when we were kings.
- PUZZLE É FÓDDLE! O desequilíbrio é gritante. Menos action, muito puzzle! Puzzle foi a ordem do dia, cada softhouse talvez tivesse seu próprio departamento de puzzles. ICO é um puzzle gigante do começo ao fim do jogo, por exemplo. Os puzzles de God of War são um saco, os de God of War 2 são duas vezes mais escrotais. Os de Devil May Cry me causam gravidez psicológica de demônios.
Os puzzles fazem parte dos jogos de ação e aventura quase desde o começo, vide o Adventure do Atari (aonde a gente coloca aquela porra de ponte, né?) ou um Castle of Illusion do Master System.
Mas hoje a coisa está fora de controle. É um defeito das novas gerações que certamente tem atrofiado a mente de novos designers.
- Cosmética Pra Quem Não Tem Conteúdo. O papo continua o mesmo desde quando surgiram as placas aceleradoras 3D: quem tem a ***** do melhor reflexo de água! Toda a porra de conversa era sobre reflexo da água! A textura da água! O movimento da água!
Os jogos estão cada vez mais caros, tanto para as softhouses quanto para o consumidor (não pra mim, que compro jogo a 3 por 10). A culpa certamente é dessa obsessão com gráficos realistas.
Isso é uma escolha pessoal, e foi essa a escola a ter surgido a partir do final da geração 16 bits, a busca do realismo e do grafismo duro.
Eu vejo duas escolhas: o Frog pode sacar uma espada mágica e dividir uma montanha em duas partes, com os gráficos que forem, e por causa do crescendo de roteiro + roleplay eu me sentir emocionado e me levantar do sofá (mas vejam essa maravilha de cenário, esse fabulosos relicário!) ou então eu posso sentar às margens do rio Piedra e ficar olhando um algorítimo de mar, que beleza!
Essa arte interativa deveria se preocupar mais com a diversão e menos com a beleza. Não concordo que as duas coisas andem juntas. No mundo criado por Deus, o gráfico é subordinado ao rolepaly.
A reação igual e contrária também vem desequilibrada: bonitos jogos 2D, em cell shading, ou sei lá quais técnicas mais artesanais, só que escalafobéticos, chimotrúfios, artísitcos, xingús.
- Jogos Gigantescos. Se você é um vagabundo na 8ª série, tem tempo de alugar um jogo na sexta-feira e salvá-lo na tarde de domingo, dormindo só umas 4 horas nesse processo. Se você foi violentamente tirado de sua adolescência feliz para o feroz mundo dos adultos responsáveis, da onde vai tirar 40 horas pra terminar um jogo?E pior, um jogo cheio de puzzles em que ninguém corta montanhas no meio! Vai aí umas 18 horas de encheção, e o resto do tempo você fica olhando no relógio pra não perder o ônibus da firma.
-Loadings. Jogos gigantescos têm loadings como característica.
Não sei, na minha memória o Sega Saturn tinha resolvido o problema de loadings com o cartucho de expansão. E os gráficos dele eram bem mais bonitos que o do PSX. Shadow of the Colossus usa o sistema de streaming, quase não tem loadings. Mas dá pra sentir na minha coluna servical o canhão de leitura se definhando.
Não tem solução ideal pra isso, o que é triste e vergonhoso pra uma indústria que consegue enfiar um chip magnetizado no toba de um pulgão.
A SENSAÇÃO
A sensação de ter um videogame pulsando em frente à sua TV depois de dez anos... DEZ ANOS!!
Cara, não sei que palavras usar.
É como se o Pelé voltasse a jogar profissionalmente (sim, estou me comparando ao Pelé. Na porrada não tenho limites).
É tudo com que a gente sonha, toda a diversão compactada entre placas e chips.
Eu nasci pra ser jogador de videogame, e agora se deu O Retorno do Rei. Aqui e ali vi umas coisas das gerações passadas, toquei em alguns consoles, joguei 15 minutos disso e daquilo, mas nunca foi como participar desse mundo de novo.
Parei no SNES (O Console Para o Homem de Verdade), e depois li dedicadamente revistas e sites de jogos durante... snif... DEZ ANOS!
Sempre na esperança de retornar.
E tudo voltou a como era antes na minha vida, como se jamais tivesse deixado de ser: os CO-PILOTOS DE VIDEOGAME estão ao meu redor novamente! Cacete! 10 anos depois!
Comendo meu amemdocrem, dormindo no meu sofá, telefonando a toda hora, passando a tarde toda aqui, repetindo frases que começam com "faz assim! faz assim!", tentando tomar o controle da minha mão...
Que bonita é a amizade sincera e desinteressada!
É muito bom estar de volta, meus fãs!
(Interessante que eu escrevi tudo isso em quase 4 horas, quando o normal seriam uns 25 minutos.
É que a toda hora eu paro de escrever pra jogar um coizinho aqui.)