Fui num restaurante vegetariano e me senti sujo.

Por motivos éticos não direi o nome do restaurante.

Logo na entrada vi pessoas com o sorriso borocochô (talvez devido à falta de proteína animal no sangue). Lá dentro tudo era triste, faltava a alegria do bife, o charme do peixe ou até mesmo a animação do frango.

Como eu sabia que seria um almoço sorumbático resolvi pedir alguma coisa alcoólica, escolhi um Double frozen margarita sabor amarelado (nas praias do ceará o "frozen margerita" se chama "raspadinha de cachaça").

O público no interior parecia participar de um velório, era como se os vegetarianos fossem meio chupados, sem life-force, beirando o desmaio, até os mineiros chilenos estavam com um aspecto mais saudável.

Esse restaurante era do tipo radical, um lugar bonito, mas 100% vegan, ou seja, o dono devia ser desses indígenas da Índia e proibiu qualquer tipo de bicho (estilo o vegan do Scott Pilgrim). O máximo que tinha eram pratos derivados do ovo, margarina e leite (avisavam no cardápio).

Falando em cardápio, ao segurá-lo fui atrás de qualquer coisa que me remetesse ao puro sabor da carne, mas só tinha uns trecos enojantes, como o humus (isso não é aquela coisa que a minhoca defeca?), carnes de soja e etc. Tinha tbm 40 tipos de saladas, mas todas elas uma variação de matos iradamente amargurantes. Logo pensei "tofu"dido.

Na hora de pedir o prato principal fiz a piadinha do "vou querer um bife", mas o garçom me olhou com a cara mais proibitiva do mundo, acho que os vegans tbm são meio sem graça (ou talvez ele já tivesse ouvido aquela dezenas de vezes no mesmo dia).

Achei algo parecido com "treco de soja ao molho de ervas iradas". Resolvi experimentar, mas na primeira mordidela minha alma chorou. Dei um pequeno sorriso e pedi licença para ir ao banheiro "lavar as mãos" (mentira, fui vomitar).

Dentro do banheiro escutei alguém chorando naquele setor de fazer coco, acho que os vegetarianos fazem isso quando estão sozinhos: choram.

MASSSSS a sobremesa estava muito gostosa. Seria esse o segredo vegan? Um prato principal sem graça e uma ótima sobremesa? Pedi um cupcake de nozes que vinha acompanhado com uma bola de sorvete de menta (não eram dessas mentas verde chernobyl atômico, era mais apagadinha, devia ser uma menta das planícies da puta que pariu do norte) regado com uma cobertura de chocolate orgânico levemente absurdo. Uma sobremesa divinante (23 reais essa... mas mesmo assim salvou o dia, caiu como um phoenix down no meu estomago falecido).

Conclusão: mesmo detonando na sobremesa, não dá pra viver sem carne.

Nota 4,39