Melhores de 2008: discos e músicas

É chegado aquele momento do ano, para aqueles que ligam. Foi muito difícil fazer essa lista, principalmente em relação aos três primeiros discos. Fiquei surpreso comigo mesmo, porque geralmente minhas listas de final de ano são um pouco mais nervosinhas do que essa, que ficou extremamente calma. Vou apenas listar 10 de cada, mas este ano foi bastante razoável, na minha opinião, e estou deixando de fora alguns discos excelentes. Também estou com um catálogo enorme de coisas que eu ainda não ouvi. É música demais para pouco tempo.

Discos

10. British Sea Power - Do You Like Rock Music?

Eu acho esse disco do British Sea Power muito esquisito. É desleixado, um tanto randômico, sem foco, mas funciona como se fosse exatamente o contrário. Algumas músicas aqui são formidáveis, mas o destaque pra mim é de longe a eufórica No Lucifer, que eu sempre escuto repetidas vezes quando coloco Do You Like Rock Music? para tocar. Disco extremamente  animador depois do semi-fiasco de Open Season, um álbum medíocre que gasta toda a sua munição na primeira música e depois desmorona.

09. Cut Copy - In Ghost Colours

A espera pelo segundo disco do Cut Copy valeu a pena. In Ghost Colours é ainda melhor do que Bright Like Neon Love, apesar de pecar um pouco pela duração excessiva. Provavelmente o disco desta lista que mais vai pipocar em outras listas de final de ano.

08. Midnight Juggernauts - Dystopia

Mais um excelente disco desta safra australiana fantástica, que além do Cut Copy também teve The Presets, Empire of the Sun e Ladyhawke (que é neozelandesa, mas dá no mesmo). Eu acho o disco do Midnight Juggernauts mais interessante e coeso que o do Cut Copy, ainda que também seja longo demais e, em certa medida, semelhante.

07. Neon Neon - Stainless Style

O álbum conceitual de Gruff Rhys e Boom Bip é daqueles que demoram um pouco para pegar, mas é um trabalho tão certinho e consistente, acompanhado de um show tão bom, que fica melhor (e mais bizarro) a cada execução. Algo deu muito certo aqui.

06. School of Seven Bells - Alpinisms

Outro disco que demora para engatar, mas que é quase sublime depois que te prende a atenção. Tem uma fluidez impressionante e letras surpreendentemente boas. Melhor nova banda do ano. Eu ouço Half Asleep em loop às vezes.

05. Thao Nguyen and the Get Down Stay Down - We Brave Bee Stings and All

A Thao Nguyen, uma espoleta americana-vietnamita, é um prazer de se ver ao vivo. Mesmo que ela não tivesse músicas tão boas, já seria extraordinária pela performance totalmente descompromissada, despretensiosa, mas altamente etílica e entusiasmada, de uma sensualidade desleixada que é cativante. O disco, entretanto, é excelente. Parece um dos melhores discos que a Cat Power já fez, e eu digo isso como um grande elogio.

04. The Futureheads - This Is Not the World

Se o meu critério para melhor disco fosse o do escutado mais vezes durante o ano, This Is Not the World ganharia disparado. Depois de um segundo disco morno (sendo simpático), os Futureheads voltaram com um álbum impecável, que é até melhor do que o primeiro. Recuperou minha fé na banda. O problema é que este disco é tão bacana que o próximo só pode ser pior.

03. Beach House - Devotion

Álbum ridiculamente bom do Beach House, que demonstra uma evolução gritante em relação ao já interessante disco de estréia. Astronaut é uma das músicas mais bonitas que eu já ouvi. Na vida. Tudo em Devotion, aliás, é agressivamente bonito.

02. Sparks - Exotic Creatures of the Deep

É muito emocionante ver uma banda com mais de 30 anos de carreira que ainda não explorou todo seu potencial, e que continua presenteando o mundo com pura genialidade musical e cômica. O disco do Sparks quase foi meu favorito do ano, e só perdeu porque eu ando passando por uma fase meio sensível e sentimental. Porque Exotic Creatures é de uma sofisticação pop raríssima, e talvez o melhor disco da fase nova do Sparks, iniciada com o supimpa Lil' Beethoven. Os irmãos Mael são dois dos músicos mais talentosos em atividade.

01. Rachael Yamagata - Elephants...Teeth Sinking into Heart

Esse disco da Rachael Yamagata (que na verdade são dois) não me causou uma impressão muito forte quando o ouvi pela primeira vez. Foi preciso que eu a visse ao vivo e resolvesse dar uma segunda chance ao disco. Provavelmente não prestei muita atenção na primeira vez, porque é absolutamente arrasador. Elephants, o primeiro disco, é uma sucessão de baladas fulminantes, que me afetaram quando eu achava que tinha abandonado de vez o fascínio que eu tinha há uns 10 anos atrás pelo universo das singer-songwriters tristonhas (eu já fui tiete da Tori Amos). Eu tenho andado tão cínico ultimamente, que seria injusto eu deixar de colocar no topo da lista um disco de baladas que tenha conseguido me emocionar tanto.

Já o segundo disco, Teeth Sinking into Heart, tem 5 músicas que não encaixariam em Elephant por serem mais rapidinhas e pesadas. Quer dizer, isso é o que a Rachael Yamagata diz, já que Pause the Tragic Ending e Don't combinam bem com Elephants. Mas são 5 faixas fortes, que têm recebido mais atenção nas críticas do que Elephants (um disco superior, na minha opinião). Valem como um ótimo brinde para a preciosidade que é Elephants.

Músicas

10. Absentee - Boy, Did She Teach You Nothing?

http://www.youtube.com/watch?v=kHDjXkIOdpk

09. Courteeners - Cavorting

http://www.youtube.com/watch?v=HMFrjoqRtRs

08. The Futureheads - Sleet

http://www.youtube.com/watch?v=_VIFfRHnaqg

07. British Sea Power - No Lucifer

http://www.youtube.com/watch?v=ZqbfnTW1qKM

06. Thao Nguyen and the Get Down Stay Down - Bag of Hammers

http://www.youtube.com/watch?v=5MQSiwrUdUU

05. Rachael Yamagata - Over and Over

http://www.youtube.com/watch?v=fBWjCi-EI8M

04. School of Seven Bells - Half Asleep

http://www.youtube.com/watch?v=c65lmkyLKxg

03. Neon Neon - Raquel

[link para o MySpace, nenhum vídeo bom no YouTube]

02. Sparks - Let the Monkey Drive

http://www.youtube.com/watch?v=JXOuFkjy0Z4

01. Beach House - Astronaut

[link para o streaming...a versão ao vivo que tem no YouTube é muito ruim]