O disco do Joio.
Tem um outro tópico aí onde o Plague diz o que acha sobre os freqüentadores do Joio, que, confesso, mas sei lá exatamente porque, me fez perceber uma coisa: o Joio é igual ao primeiro disco do Mr. Bungle.
Mr. Bungle é mais conhecida – pero no mucho – como a banda paralela original do Mike Patton, que ficou famoso como vocalista do Faith No More. Hoje faz pouco mais de 17 anos que foi lançado o primeiro e homônimo disco do Bungle, um daqueles raros discos que o tempo não conseguiu deixar preso ao seu tempo. Não que ele continue atual no sentido de estar sendo ouvido por milhões de pessoas neste momento, estar tocando naquela rádio pop da sua cidade ou aparecer nas listas de revistas como o melhor disco de todos os tempos desta semana. Mas o disco continua atual pois soa mais moderno, imprevisível, diversificado e interessante que 90% das bandas que estão na ativa. E é melhor do que todas elas por ter um ingrediente que poucos têm: é puro pop. Quem ouve, gosta.
Aqui cabe a fonte científica: eu sou um daqueles caras que gravam cds pros amigos, que gostam da música tal mas não sabem quem canta, ou curtem a banda tal e não tem todos os discos. E nessas horas eu gosto de enfiar um disquinho ( ou pastinha de mp3 ) a mais no meio, com algo que eu imagino que a pessoa vai curtir ou simplesmente pra ver qual a reação do ser ao ouvir determinado artista. E neste último quesito, Mr. Bungle é infalível como material de teste. E até o momento, ninguém disse que não gostou.
Mas como eu disse antes, o disco é pop. Um pop maldito, irônico, cheio de variações, nuances, pirações e coisas sem explicação. Cada música está coberta de sonoridades estranhas – tem metal, jazz, punk, samba, valsa, pornografia, gemidos, latidos, sons de circo ( de certa forma, o tema do disco ), lições de moral e duplo sentido. E notem bem, CADA MÚSICA tem coisas assim, não tô falando do disco como um todo. Não dá pra ouvir esse disco e não ter suas percepções de música pop alteradas.
E o que isso tem a ver com o Joio? Eu não sei bem, mas tem. Tudo dispara pra todo lugar aqui. Ainda que exista certa unicidade entre a maioria dos membros, a divergência de idéias é mais constante e óbvio motivo disso que existir. E essa confluência de coisas diferentes sob uma fachada pop é a cara do Mr. Bungle. Consigo ouvir basicamente cada um dos membros traduzidos em música nesse disco. E cada um destes reflexos sonoros de vocês de repentemente dá uma virada radical e vira algo novo. Tudo muito criativo, às vezes na cagada e sem ser necessariamente novo ( aqui entra um espaço pra quem quiser chover na conexão Bungle x Zappa x Zorn ).
Enfim, recomendação do dia: sejam pessoas mais felizes e ouçam Mr. Bungle pelo mesmo motivo que vocês acessam o Joio: pura curiosidade. Dá também pra passar batido e continuar sendo isso aí que você é. E se você vai curtir e ampliar a estadia, são outros quinhentos. Mas não deixa de ser saudável pro seu mundinho pop.
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Belo post, e assino embaixo.
Belo post, e assino embaixo.
Saudações
Ray Jackson
(Sem título)