Generation Kill
Qualquer um que tenha lido um artigo inteiro e qualquer revista nos últimos anos sobre a invasão americana no Iraque deve ter percebido que diversas manobras millitares em solo iraquiano foram no mínimo atrapalhadas para um exército supostamente bem treinado e de recursos altamente avançados. Quem testemunhou isso de perto foi o repórter Evan Wright, que em 2003 escreveu para a Rolling Stone uma série de artigos que retratam como uma das maiores forças de elite do mundo, neste caso os marines do batalhão bravo da Recon, foi subaproveitada e mal guiada durante os 40 primeiros dias de invasão.
Estes artigos viraram um livro e recentemente a HBO exibiu a série em sete partes chamada Generation Kill, baseada nesse livro e mais uma obra de David Simon depois de terminar sua épica The Wire. Primeiro é preciso saber que os fuzileiros da FORECON são uma força especial altamente treinada em diversas técnicas de combate. São os caras que podem destruir uma cidade inteira sem sofrer nenhuma baixa. Isso em condições de combate e comando em campo de batalha ideais, coisa que nos eventos retratados na série (que ficam exatamente na linha entre real e ficcional) eles não tiveram.
Desde o primeiro episódio ainda concentrados num campo no Kuwait esperando para invadir o Iraque e lidando com a idéia de que a guerra termine antes mesmo deles precisarem entrar nela, até os dias de patrulha em Bagdá os fuzileiros sentem-se subaproveitados e mal guiados por uma cadeia de comando cheio de idiotas. Como eles mesmos dizem a certa altura, são como Ferraris dentro de uma arena de monster trucks, fazendo missões estúpidas e de alto risco. Caras treinados ao custo de alguns milhões de dólares por fuzileiro servindo como policiais em bloqueio de estradas.
Comentários táticos a parte (e eu poderia falar só sobre isso por vários parágrafos) a série entrega vários momentos hilários nos diálogos de fuzileiros entediados fazendo um trabalho que não foram treinados para - e confesso que poucas coisas são tão engraçadas quanto humor de fuzileiros: uma mistura de racismo, misoginia e machismo que é essencial tanto para mantê-los prontos pra atirar em alguém quanto para expressar seus patriotismo e companheirismo, acredite. Desde o capitão babaca apelidado de Capitão América, passando pelo sargento Colbert aka The Iceman (que após a “tomada” de uma pista de pouso totalmente abandonada exclama “That was fuckin’ ninja!”) ao hiperativo Cabo Ray os episódios me fizeram rir como poucas séries esse ano conseguiram.
É, eu tenho um senso de humor deteriorado. Mas e você que gosta de Teatro Mágico?
Mais uma série que só poderia ter vindo da grande mãe chamada HBO, sempre disposta a oferecer produções sem paumolismo para mim e você e que assim como Band Of Brothers (apesar de serem coisas bastante diferentes) deixa a vontade de reassistir e guardar em dvd. Junto com House Of Saddam da BBC (em parceira também com a HBO) monta um cenário mais completo do que foi a invasão no Iraque e a queda de Saddam. Stay frosty.
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