Braid
As vezes, surge do nada um game que é especial, fabuloso, e aparece de maneira totalmente inesperada, sacudindo o que se entende por “game” e virando esse universo totalmente de cabeça para baixo. Foi o caso de Shadow of the Colossus, foi o caso de Portal, e agora temos Braid.
Em Braid, você assume o controle do protagonista, Tim, que é representado por um simpático bonequinho de terno e gravata. Curiosamente o jogo não tem introdução, e você já começa a controlar Tim na própria tela de título, aonde ele caminha até sua casa. Lá, você tem acesso a portas nos aposentos que levam para outros mundos, e é onde o universo do game se desenvolve.
A trama é contada de maneira incomum; antes da entrada de cada mundo, estão livros apoiados em pedestais, que contém passagens, pensamentos e memórias de Tim, vários deles sem conexão aparente entre si. São textos cheios de metáforas, e quanto mais aprendemos sobre a jornada de Tim, mais o jogo nos leva a refletir sobre nós mesmo – nunca antes joguei nada parecido em termos de densidade narrativa. O pano de fundo, no entanto, é a busca do protagonista por sua Princesa, que ele não sabe aonde está, nem mesmo sabe se ela existe, mas nem por isso ele irá desistir.
Curiosamente, o jogo começa no Mundo de número dois, e daí segue sequencialmente (até chegar no último Mundo, quando voltamos ao primeiro). A primeira vista, Braid parece não passar de um jogo de plataforma comum, com forte inspiração da série Mario. As setinhas movimentam o personagem, o botão “A” pula, você mata os inimigos caindo sobre suas cabeças, os mapas em si são simples de atravessar e parece que é só isso. Até você sofrer sua primeira morte, isto é. Você só tem uma vida, mas não quer dizer que o jogo terminou ali – se você pressionar “X” e segurar, o jogo começa a “rebobinar”, voltando ao passado, antes de acontecer seja lá o que provocou a morte de Tim, e então os eventos podem ser alterados.
“Cadê a novidade?”, você me pergunta. “Prince of Persia: Sands of Time já tinha essa exata mesma mecânica!”. Fato, mas nem de longe do jeito que foi implementada aqui. Vários elementos vão sendo acrescentados, e de repente você percebe que precisa usar o tempo em seu favor para poder prosseguir no jogo. Lembra quando eu disse que os mapas eram simples? E são, porém o objetivo não é atravessar as fases somente, mas sim colher peças de quebra-cabeças, que remontam algum momento da vida de Tim, e normalmente essas peças vão estar em lugares de impossível acesso – a não ser que você tenha pleno domínio da manipulação do tempo. Por exemplo, alguns objetos são imunes ao tempo ao retroagir, e se você pega, digamos, uma chave no fundo de um abismo sem saída, e essa chave é um desses objetos, quando você “rebobinar” para o topo do abismo, para antes de sua queda, a chave estará te acompanhando, pois ela pertence a você e está presa no “presente”. Em outro momento, o tempo obedece o movimento de Tim – se ele anda pra direita, o tempo avança. Se anda pra esquerda, o tempo volta. Isso cria algumas situações de desafio sem precedentes, e raramente é fácil resolver algum enigma no jogo. Porém, todos os desafios tem lógica, e normalmente fritar os miolos por alguns minutos (ou horas) é o suficiente para se chegar em uma solução. Vale dizer que nada no mapa está lá por acaso, e te até uma flor no chão tem sua razão de ser.
A medida que se avança, as coisas vão ficando cada vez mais complexas, porém nunca frustrantes. Dá gosto perder algumas horas quebrando a cabeça com Braid, e várias vezes você está se concentrando em um puzzle, quando de repente cai a ficha e você subitamente descobre o que precisa fazer em algum outro que ficou pra trás, e quando você vai lá e vê que dá certo, o sentimento de satisfação é enorme e gratificante.
Pode se dizer, seguramente, que Braid revoluciona o gênero plataforma da mesma forma que Portal revolucionou o gênero de tiro em primeira pessoal – você nunca viu nada como Braid, e dificilmente verá algo tão impactante no futuro.
Não bastasse a jogabilidade perfeita e a história densa e emocional, o jogo ainda tem alguns dos mais belos gráficos já vistos em um jogo 2D, se não é o mais belo. Tudo parece uma pintura em movimento, tudo muito colorido, de encher os olhos (especialmente numa TV de alta definição). A trilha sonora é igualmente belíssima, relaxante, encaixa no clima do jogo com perfeição. Some isso tudo a um final que é de arrepiar, e temos aí uma obra-prima, um dos raríssimos jogos que são perfeitos em todos os quesitos – não existe absolutamente nada para se falar mal do jogo.
Braid é sem dúvida um dos melhores games da história, e o mais interessante de tudo é que num ano com lançamentos monstruosos, como o épico GTA IV e o fabuloso Metal Gear Solid 4, com seus opressores 50GB em blu-ray, o melhor jogo do ano acabe sendo simples, pequeno (o download tem 144MB), porém não menos genial e gratificante.
Nota: 10
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Já jogou o Viewtiful Joe? De
Já jogou o Viewtiful Joe? De cara esse Brad me parece um pouco copião, inclusive nos gráficos e, apesar do Viewtiful Joe ser mais focado na ação, tb tem elementos de tempo, incluindo adiantar, pausar, rebobinar, closão e câmera lenta (tb usados para resolver enigmas). Esse Brad parece interessante, mas puzzle enche um pouco a paciência, eu só gostei do Patapon pq é marcial, da pra equipar a tropa, ganhar level e etc.
Achei esse jogo nada mais
Achei esse jogo nada mais nada menos do que fabuloso. Estive dando uma olhada no youtube apos têr lido seu comentário sobre o jogo e me apaixonei (inclusive pelo grafico um tanto simples) e concordo plenamente quando você disse que ele é um tanto inovador quanto Portal e Shadow of the Colossus. Nota 10 para braid ;)
Alamon Eolh *******13
Elohan Eolh
quase nada escreveu: Já jogou
[quote=quase nada]
Já jogou o Viewtiful Joe? De cara esse Brad me parece um pouco copião, inclusive nos gráficos e, apesar do Viewtiful Joe ser mais focado na ação, tb tem elementos de tempo, incluindo adiantar, pausar, rebobinar, closão e câmera lenta (tb usados para resolver enigmas). Esse Brad parece interessante, mas puzzle enche um pouco a paciência, eu só gostei do Patapon pq é marcial, da pra equipar a tropa, ganhar level e etc.
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Joguei ambos Viewtful Joe no PS2, e te garanto que não tem absolutamente NADA a ver um com o outro, nem mesmo de longe. Pra você ter uma idéia, é como se você estivesse dizendo que Shadow of the Colossus é totalmente chupado de Streets of Rage.
Sem sacanagem nenhuma, esse jogo me obrigou a usar partes do cérebro que nunca tinha usado antes, me fez enxergar através da quarta dimensão. Braid não é desse universo.
VC tem que usar o terceiro
VC tem que usar o terceiro olho pra jogar.
Caraca...nunca comprei nada
Caraca...nunca comprei nada na XBLA e talvez Braid seja minha primeira compra.
De cara, o que me atraiu foi a narrativa. Um jogo com uma boa história é meu ponto fraco...e se combinado com uma jogabilidade inovadora e bela estética, não há mais nada a ser dito.
Volta e meia experimento vários jogos independentes (dos mais variados) e logo de cara o Braid me fez pensar em uma experiência no mínimo melhor que Passage. :)
calelogan
[quote=calelogan]Caraca...nunca comprei nada na XBLA e talvez Braid seja minha primeira compra.
De cara, o que me atraiu foi a narrativa. Um jogo com uma boa história é meu ponto fraco...e se combinado com uma jogabilidade inovadora e bela estética, não há mais nada a ser dito
. Volta e meia experimento vários jogos independentes (dos mais variados) e logo de cara o Braid me fez pensar em uma experiência no mínimo melhor que Passage. :)[/quote]
Interessante você ter mencionado o Passage, por que por algum motivo eu lembrei dele enquanto eu jogava Braid...
Alguem gosta daquele "flow"?
Alguem gosta daquele "flow"? eu acho a maior desgraça do mundo.
Vi esse flOw na PSN pra
Vi esse flOw na PSN pra baixar, mas nem animei.
Eu adoro flOw.
Eu adoro flOw.
Bennett escreveu: Eu adoro
[quote=Bennett]
Eu adoro flOw.
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Mas qual o objetivo de tudo aquilo? Eu começo como um complexo de golgi, capturo as mitocôndrias, chego ao fim, viro outro ser, começo tudo de novo, capturo mais mitocondrias e fica nisso? Uma desgraça. Em 20 minutos capturei todos os vírus, que parecem mais uma esperma aidético
Se você jogou até o final e
Se você jogou até o final e não entendeu o objetivo, está faltando tutano nesse seu corpitcho.
Pensei que tivesse um
Pensei que tivesse um objetivo maior. O jogo não tem menus, diálogos ou texto, as mitocôndrias não falam, não sei se são seres intra-dimensionais, quais suas ambições, seus sonhos.
Você que reclama da
Você que reclama da infantilização dos jogos deveria aplaudir flOw, jogo experimental batuta que é, apesar da mecânica primitiva.
flow é aquele do site ???pq o
flow é aquele do site ???
pq o do site é legal =D
Alamon Eolh *******13
Elohan Eolh
Tem flow pra jogar em flash.
Tem flow pra jogar em flash. De experimental não tem muita coisa, é só um esperma comendo zigotos.
Como de costume, só vou
Como de costume, só vou conhecer as novidades quase um ano depois, quando nem tem graça mais.
Mas, puta merda, Braid é um jogo fantástico. O único problema é que tem horas que fica meio frustrante, eu me sinto o mais burro dos seres humanos por não conseguir, sei lá, pensar quadridimensionalmente para descobrir o que é preciso fazer para chegar a uma das peças (ou, como definiu Guybrush, "ativar" partes do meu cérebro para tanto).
Viciante. Nota 10 mesmo.
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Falta de Esculhambação
Leão da Barra wrote:Como de
[quote=Leão da Barra]Como de costume, só vou conhecer as novidades quase um ano depois, quando nem tem graça mais.[/quote]
eu baixei no dia que lancou na live, tentei jogar 2x e apaguei!
[quote=Leão da Barra]Mas, puta merda, Braid é um jogo fantástico. O único problema é que tem horas que fica meio frustrante, eu me sinto o mais burro dos seres humanos por não conseguir, sei lá, pensar quadridimensionalmente para descobrir o que é preciso fazer para chegar a uma das peças (ou, como definiu Guybrush, "ativar" partes do meu cérebro para tanto).[/quote]
eu ja me convenci que eu sou o mais burrinho aqui do joio, sequer consegui passar da 1a fase do jogo e desisti, definitivamente nao e meu perfil de jogo!
[quote=Leão da Barra]Viciante. Nota 10 mesmo.[/quote]
putz, eu realmente gostaria de um dia sacar como joga, para poder dar uma nota boa tambem - como falei, me sinto um alien!
Eu tb só joguei agora que
Eu tb só joguei agora que saiu no PC.. o jogo é genial mas a dificuldade é frustrante. O controle do tempo fica bastante repetitivo no método tentativa e erro, isso quando você descobre o que tem que fazer. Acabei desistindo, tem que ter muita paciência pra jogar.
Esse jogo é genial com força.
Esse jogo é genial com força. Essa coisa de "puzzle 2d num mundo bonitinho" me lembrou o World of Goo, q é tão genial quanto (e talvez até mais divertido, já q é um jogo maior e os puzzles não são tão frustrantes). Braid não tem nada de repetitivo...cada mundo usa o tempo de uma forma diferente...muito bacana mesmo. Só em dois puzzles do jogo tive q apelar pro youtube. :P (e, claro, me arrependi depois).
Aliás, a sequencia final, com a princesa, é MUITO interessante. Vale a pena um esforço pra chegar até lá.
Pringles wrote:Eu tb só
[quote=Pringles]Eu tb só joguei agora que saiu no PC.. o jogo é genial mas a dificuldade é frustrante. O controle do tempo fica bastante repetitivo no método tentativa e erro, isso quando você descobre o que tem que fazer. Acabei desistindo, tem que ter muita paciência pra jogar.[/quote]
exato - e eu so quero me divertir, e nao esquentar a cabeca.
[quote=agraciotti]Esse jogo é genial com força. Essa coisa de "puzzle 2d num mundo bonitinho" me lembrou o World of Goo, q é tão genial quanto (e talvez até mais divertido, já q é um jogo maior e os puzzles não são tão frustrantes). Braid não tem nada de repetitivo...cada mundo usa o tempo de uma forma diferente...muito bacana mesmo. Só em dois puzzles do jogo tive q apelar pro youtube. :P (e, claro, me arrependi depois).[/quote]
nao tiro o merito, em momento algum, so falei que nao é a minha praia mesmo!
[quote=agraciotti]Aliás, a sequencia final, com a princesa, é MUITO interessante. Vale a pena um esforço pra chegar até lá.[/quote]
vou ver no youtube! valeu!
CARALHO, o maior puzzle de
CARALHO, o maior puzzle de todos é entender o que o game significa:
[spoiler]A "princesa" é uma metáfora tanto para a Bomba Atômica quanto para a 'esposa' do criador da bomba atômica. O Tim é o próprio Oppenheimer, ele está em busca da 'princesa', ele quer fazer a porra da bomba, e ele se dedica tanto a isso que esquece as pessoas ao redor dele, como sua esposa/namorada que é outro aspecto de "princesa". Reparem que já no último mundo, nos livrinhos, há um comentário que cita Manhattan. É uma referência pro projeto Manhattan. A fase final é uma explosão gigantesca. Aquela frase "Now we're all sons of bitches." veio daqui:
Robert Oppenheimer, though ecstatic about the success of the project, quoted a remembered fragment from the Bhagavad Gita. "I am become Death," he said, "the destroyer of worlds." Ken Bainbridge, the test director, told Oppenheimer, "Now we're all sons of bitches."
etc. etc.
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Jogo brilhante.