No More Heroes
Jogo mais recente do Suda 51, para Wii, No More Heroes é relevante por dois motivos. Primeiro, é um dos poucos jogos verdadeiramente "autorais" que de vez em quando são lançados no universo dos videogames. Suda 51 assina o jogo como diretor, e de fato ele é um "diretor" no mesmo sentido que um diretor de cinema é um diretor. Segundo, No More Heroes é relevante porque, ainda mais raramente, é um jogo que não tem medo de assumir uma postura agressivamente experimental em relação à mídia, às vezes até em detrimento da jogabilidade. Se quebrar a quarta parede à la Kojima é algo que acontece de vez em quando em alguns jogos, No More Heroes já começa chutando o pau da barraca, com o protagonista Travis Touchdown insatisfeito com a vida porque está sem dinheiro para comprar um...videogame. Daí para frente, as coisas vão ficando progressivamente mais drásticas.
De início, eu achei o jogo uma grande porcaria. Joguei primeiro a versão japonesa, extremamente censurada por questões comerciais (para pegar uma classificação etária menor...mesmo assim o jogo foi um fracasso de vendas). Essa versão, que curiosamente é a mesma vendida na Europa, substitui sangue por "cinzas", e atenua bastante as cutscenes extremamente sanguinolentas do jogo. Suda 51 prometeu que No More Heroes seria mais violento que Manhunt 2, e eis que de fato o jogo é consideravelmente mais violento. Sangue jorra para todos os lados em jatos, membros são cortados, pessoas são partidas ao meio, e não é raro a tela ficar obstruída por explosões de vermelho. Tudo bem que o tom é cartunesco, e a violência é estilizada...mas mesmo assim o jogo é mais violento que o tão "polêmico" Manhunt 2. Que por sinal recentemente teve uma versão hackeada para o Wii, com a censura removida (o mesmo aconteceu com a versão européia de No More Heroes).
Depois de abandonar a versão japonesa do jogo, que eu achei chatíssima, resolvi dar uma chance à versão americana, sem censura, e comecei a gostar da coisa. O sangue faz toda a diferença do mundo, e como o jogo se esforça para ser totalmente exagerado, é uma parte integral da experiência. No More Heroes não tem graça nenhuma sem o picadinho humano que é a versão sem censura. Por outro lado, ainda assim achei o jogo um tanto fraco, por uma série de motivos...o principal dos quais é o "overworld" do jogo, um pseudo-sandbox estilo Grand Theft Auto, que permeia o material mais substancial de No More Heroes, que no fundo é um jogo estruturado em 10 fases muito bem divididas. Além de GTA, Suda 51 diz ter se inspirado em Zelda, e faz todo sentido do mundo. Pena que, ao contrário de Zelda, as coisas que se faz entre as "masmorras" do jogo são entediantes, e que o overworld seja sem graça e absurdamente tosco. A partir da quinta fase, entretanto, o jogo dá uma virada radical para o bizarro, fica bastante diversificado e imprevisível, e no final das contas, excelente, para não dizer quase genial.
A história é a seguinte: Travis Touchdown, um mega-nerd otaku, fica chateado porque não tem grana para comprar um videogame, e decide afogar as mágoas em um bar. Conhece uma certa Silvia Christel (batizada em homenagem a Sylvia Kristel, eterna Emmanuelle), representante da UAA, uma "união de assassinos". De posse de uma "beam katana", uma espada laser que comprou no eBay, Travis decide se tornar um assassino profissional e subir nos rankings da UAA, eliminando os 10 maiores assassinos de Santa Destroy, uma cidade (obviamente) fictícia na Califórnia. Cada "fase" do jogo é justamente a base de operações de um dos 10 assassinos, e Travis tem que matar dezenas de inimigos até chegar ao rival a ser assassinado. Os assassinos são um emaranhado de referências pop, misturando elementos conhecidos de personagens de histórias em quadrinhos, animação japonesa, filmes de ação e de samurais. Eles são o principal atrativo do jogo: as batalhas contra os chefes estão dentre as melhores já concebidas na história dos videogames, rivalizando, em alguns casos, a série Metal Gear Solid. Destaque particular merece ser dado à incrível Bad Girl, uma das chefes mais bacanas que eu já tive o prazer de derrotar, mas há outros chefes sensacionais, como Holly Summers e Speed Buster.
O problema é que para ter o endereço dos assassinos, Travis precisa pagar uma taxa à UAA. Entre cada fase, então, você é obrigado a fazer pequenos serviços inocentes, como lavar carros e cortar grama (junto a outros mais bizarros como catar cocos e capturar escorpiões), para ter acesso a informações que dão abertura a missões de assassinato que produzem a grana necessária para pagar a taxa da próxima fase. É nas entrefases que No More Heroes se perde e fica chato. Poderia ter sido um jogo muito melhor se tivesse uma dinâmica diferente, e eu já estava ficando de saco cheio após terminar a batalha contra o quarto chefe, e prestes a desistir do jogo. Por mais legais que os chefes propriamente ditos eram, o jogo estava repetitivo demais, querendo ser cool, mas sendo apenas irritante. Decidi, contudo, dar mais uma chance a Suda 51 e enfrentei a quinta batalha. Não me arrependo, nem um pouco. Porque No More Heroes só mostra a que veio a partir do quinto chefe. Dessa fase em diante, é uma sucessão de bizarrices surpreendentes, com uma variedade que o jogo até então não tinha mostrado.
A história vai ficando cada vez mais estapafúrdia, e no final das contas não faz o menor sentido. De propósito. A quarta parede vai sendo aos poucos derrubada (até ser totalmente demolida na última fase), e o jogador se vê surpreendido por uma mistura de metalinguagem razoavelmente esperta com insanidades aleatórias que divertem bastante. Junto com isso, o combate vai ficando cada vez mais interessante, a partir de upgrades de armas (você tem acesso a quatro diferentes beam katanas), novas habilidades que você aprende com um russo bêbado em um bar, e diferentes golpes de luta livre que aos poucos você aprende. O sistema de combate, apesar de extremamente simples, vai adquirindo uma sofisticação que de início o jogo não parecia ter. Até dá vontade de jogar de novo, uma vez que os créditos rolam.
Suda 51 é um tanto picareta. Ele quer ser - e efetivamente é - o
Quentin Tarantino dos jogos. Mas tenho que dar o braço a torcer: apesar dos grandes defeitos (principalmente as falhas técnicas no overworld), e da monotonia inicial, No More Heroes é um ótimo, ótimo jogo, e sem dúvida alguma uma das melhores coisas que já saíram para o Wii. Que, aliás, é muito bem aproveitado em seus controles, de forma pouco intrusiva, coerente e criativa. E ainda que os gráficos sejam bem precários, até para os padrões do Wii, o estilo faz tudo compensar, e a trilha e efeitos sonoros são espetaculares.
Vou colocar aqui o vídeo do combate contra a Bad Girl, que é claro, contém spoilers (apesar de não mostrar a batalha em toda sua glória - faltam algumas cutscenes e o cara não mostra uns detalhes legais). Para quem não tiver a intenção de jogar, dá uma idéia de como é o jogo:
http://youtube.com/watch?v=J4bqQcp38Fk
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Depois do Killer 7, só jogo
Depois do Killer 7, só jogo outro jogo do suda 51 se ele vier me pedir desculpas pessoalmente.
Eu ainda tô no começo, o
Eu ainda tô no começo, o último chefe que eu matei foi aquele carteiro que faz cosplay. Mas eu tô gostando muito do jogo, mesmo com o overworld que eu concordo que é meio chatinho mesmo. Eu gosto muito do sistema de combate com aquelas finalizações e de dar os golpes de wrestling. Gosto muito dos "especiais" também. Pelo que você tá falando, acho que vou curtir mais ainda a segunda parte do jogo.
A segunda parte do jogo
A segunda parte do jogo melhora drasticamente em relação à primeira. Pra falar a verdade, já começa a melhorar depois do Destroyman (que é o carteiro que faz cosplay), já que a próxima chefe é uma das mais bacanas, a Holly Summers, e logo depois já tem o Letz Shake, o chefe número 5, que é a linha divisória entre a parte normal e a parte insana do jogo.
qual console? wii? vale a
qual console? wii? vale a pena pegar outro console por alguns jogos apenas?
O Wii vale a pena
O Wii vale a pena independentemente deste jogo em particular.
Acabei de matar o quarto do
Acabei de matar o quarto do rank, aquele mágico (Harvey Qualquer-Coisa), que luta sensacional! Isso e o joguinho de scroll vertical, que vem logo antes. O Suda51 deve tomar umas drogas muito pesadas.
Cara, os próximos dois
Cara, os próximos dois chefes são Speed Buster e Bad Girl, uma dupla insuperável. Depois [spoiler]tem mais dois chefes ainda, um deles no "Real Ending"...esses chefes são bacanas, mas a dupla Speed Buster e Bad Girl não tem rival.[/spoiler] O mais legal do joguinho é que é a coisa mais aleatória do universo.
Bennett escreveu:O Wii vale
[quote=Bennett]O Wii vale a pena independentemente deste jogo em particular.[/quote]
VALEU.
assim que eu conseguir resolver o imbróglio do PS3, pegarei um wii pra conhecer.
Eu cheguei na Jeanne, mas
Eu cheguei na Jeanne, mas ontem tomei um cacete feio dela. Hoje à noite vou tentar de novo.
Mas diz aí, qual é desse "real ending"? É uma escolha que eu faço no final, ou tinha que ter feito algo no decorrer do jogo para pegar ele? Por que se foi algo que eu deixei de fazer, vou ficar com a maior de preguiça de jogar tudo de novo.
A propósito, o que acontece se a gente conseguir todas as figurinhas? Pra mim só faltaram duas (25 e 26), acho que passei batido por elas.
O real ending você pode
O real ending você pode escolher depois de matar a Jeane. Não sei se você tem que fazer alguma coisa para a opção se abrir, mas ela apareceu para mim.
Terminei. Hahahahahahahaha,
Terminei. Hahahahahahahaha, que jogo maluco do cacete! Até a luta com o rank 2 ainda faz um pouquinho de sentido, mas dali pra frente ele pega o expresso maionese e despiroca totalmente.
Eu consegui ver tanto o real ending quanto o fake ending, a única coisa legal do fake são os crédito a la Star Wars.
Aliais, uma coisa que esse jogo sabe fazer muito são as referências: tudo com muita classe, sem ficar aquela coisa gritada. Até na trilha sonora rola umas sacanagens dessas, como a pseudo-trilha de Star Wars e o pseudo-Eye of the Tiger na hora de treinar na academia do Thunder Ryu.
O quase nada TEM que jogar esse jogo, é a cara dele. Acho que ele devia comprar um Wii pra isso, mesmo que não jogue mais nada depois.
Melhor boss fight: Bad Girl
Baixa a trilha sonora do
Baixa a trilha sonora do jogo. A música da Bad Girl é ótima, Pleather for Breakfast. Estou jogando de novo na dificuldade bitter.
Baixarei. E o Bully, já
Baixarei. E o Bully, já pegou?
Peguei. Junto com o Brawl.
Peguei. Junto com o Brawl.
Qual release do Brawl você
Qual release do Brawl você pegou? Funcionou? Eu tô com medo de ficar uma eternidade aqui pegando e depois dar pau, por que tenho visto muita gente com dificuldade pra rodar (por ser disco dual layer).
Joguei um pouquinho do Bully para Wii, adorei o que fizeram com os controles. É quase um novo jogo, só por conta disso. E esse é mais um daqueles cuja trilha sonora é download obrigatório.
Estou com o jogo americano.
Estou com o jogo americano. Eu tentei rodar em um Wii japonês de um amigo e deu um read error (depois da tela de loading). Vou tentar no meu Wii americano e depois te falo.