Jazz Festival 2007
Não, este não é um Tópico repetido. É outro festival.
O Jazz Festival é hoje o maior festival de Jazz do Brasil. Ele começou aqui em BH faz cinco anos e hoje está em 8 cidades incluindo São Paulo e Rio de Janeiro. O Festival durou 3 dias e trouxe várias atrações internacionais com um destaque: The Duke Ellington Orchestra - Esta Orquestra que hoje é regida pelo filho do Duke , Paul, já era conhecida como a melhor orquestra de Jazz do mundo no final dos anos 30. Não sei se continua sendo a melhor mas acho que enquanto existir vai manter o título.
O Show da Duke Ellington foi na quinta e eu, infelizmente, não assisti. Só pude assistir aos shows de sábado (11/08) porque o ingresso era um pouco caro (R$50,00 por dia). De qualquer forma não tem como o show não ter sido bom. Bem, já que o pessoal da organização conseguiu trazer a Duke Ellington, eles resolveram focar todo o festival na primeira fase do Jazz. O Jazz tradicional de grandes bandas e orquestras. Eu achei que funcionou muito bem, até porque o Savassi Festival que foi na semana passada foi todo voltado pro Free Jazz.
O Jazz Festival não tem nada a ver com o Savassi Festival, o segundo foi um festival a céu aberto, com entrada franca (doação de 1kg de alimento) e todo baseado no FreeJazz e em fusões bastante brasileiras que chegavam a misturar Baião com Dixieland. Já o Jazz Festival foi um festival mais pomposo, mais tradicional. Pra começar era caro, depois era no Palacio das Artes. Que por sinal está com uma estrutura de primeiro mundo e acústica impecável. Além disso, o Festival foi baseado nas três primeiras décadas do último século tocando aqueles Standards mesmo.
Mas vamos aos comentários do show. Como eu disse só fui no show de sábado e portanto só posso comentar este. Neste dia tocaram duas bandas.
Porteña Jazz Band - Argentina
Esta é provavelmente a melhor banda de Jazz tradicional da América Latina. O estilo deles é bem parecido com a da The Duke Ellington Orchestra mas é uma banda um pouco menor (7 componentes se não me engano). O Show toca os clássicos da década de 30 e 40. O mais interessante é o líder da banda que é um Argentino extremamente simpático. Conquistou o público com um ótimo humor e comentários bacanas. O show deles é bem dançante e menos exibicionista, eles próprios dizem que o objetivo da banda é divertir as pessoas e não fazer Jazz para "entendidos".
a PJB já está com um pouco mais de 40 anos e o único integrante original é o baterista. Baterista este que garante o ponto alto da noite quando faz um solo utilizando instrumentos de percussão presos ao próprio corpo e esbanja alegria e vitalidade solando ao estilo "sapateado" o público adorou e aplaudiu por vários minutos ao final da apresentação.
Irakli and The Louis Ambassadors - França
Esta banda eu não conhecia. O Irakli é até simpático. Pelo menos é tão simpático quanto um francês pode ser. O grande problema é que ele só falava francês e a maioria do pessoal, assim como eu, não entendia praticamente nada. Acho que isso atrapalhou um pouco a ligação dele com a plateia mas a qualidade da banda deixou este "probleminha" muito em segundo plano.
Os Louis Ambassadors são um pouco diferentes da PJB. Embora toquem mais ou menos o mesmo estilo de música ( eles tocaram praticamente o repertório do Louis Armstrong) eles acabam dando um ar de trio ou quarteto de Jazz. Em alguns momentos a banda realmente se torna um trio, um quarteto ou até um duo com os outros integrantes ( é um sexteto na verdade) chegando a deixar o palco. A vantagem é que este estilo premia os ouvintes com solos fantásticos e alguns (raros) improvisos.
Fiquei realmente impressionado com a qualidade técnica do Irakli Davrichewy. Se você fechar os olhos durante um solo de trompete vai achar que está escutando um disco de Louis Armstrong o estilo é praticamente idêntico mesmo quando ele recria algumas frases ou insere um solo novo. Pelo que eu havia lido antes, ele é hoje um dos principais intérpretes do Louis Armstrong. Não sou especialista mas ele é sem dúvida o melhor trompetista que já ouvi ao vivo.
Mas o ponto alto do show é sem dúvida o solo de bateria de Sylvain Glevarec. Após tocar em trio com o baixista Phlippe Pletan e o pianista Jacques Schneck, o baterista é deixado sozinho no palco para fazer um solo de aproximadamente 9 minutos. Uma coisa linda com direito a baqueta jogada pra cima no meio do solo que continuou com as mãos e pedido de participação do público com palmas. Mas não eram palmas simples. Eram palmas com tempo dobrado feitas meio tempo antes da cabeça da batida principal. O mais incrível é que deu certo. O baterista tem um estilo muito bonito de tocar. Visualmente é muito impressionante. Não deixa nada a desejar a grandes bateristas que, segundo Sylvain foram seus mestres, como Buddy Rich, Louie Bellson, Lionel Hampton, Gene Krupa, "Papa" Jo Jones, Art Blakey e Shelly Manne.
Finalizando, o festival foi sem dúvida um sucesso e quem tiver oportunidade de assistir ao do próximo ano pode ir sem medo. Na verdade o Festival ainda não acabou, segue agora pro rio dias 13, 14 e 15; Recife dias 16, 17 e 18; Aracaju 17, 18 e 19;Belém nos dias 22 e 23 e termina aqui em Tiradentes no Festival Internacional de Cultura e Gastronomia ente os dias 18 e 25. Este último eu recomendo MUITO a quem puder ir.
P.S GuyBrush, qual festival é este em JF? Tenho de colocar no meu caderninho.
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terenzi escreveu:P.S
[quote=terenzi]P.S GuyBrush, qual festival é este em JF? Tenho de colocar no meu caderninho. [/quote]
É esse aqui, terenzi: TIM Pró-Jazz Festival.
Não é um festival muito grande, mas é muito bem organizado, e ainda por cima é de grátis. Fui nos dois anos anteriores, e achei muito bacana. Se tiver pensando em vir aqui para algum dia, me dê um toque.
Hum, Interessante. Não
Hum, Interessante. Não sabia que teria o festival da TIM aí. Vou dar uma olhada nisso, a temporada de Jazz deste ano ta meio pesada financeiramente... Mas eu aviso se for. Valeu o toque.