Duas críticas na Folha metendo o pau no 300

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Duas críticas na Folha metendo o pau no 300

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2903200709.htm

Épico frustra instintos de ação da platéia

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

"Filme de batalha que dá sono é ruim pra c..." O veredicto de um adolescente ao fim de uma pré-estréia, anteontem, de "300" revela que a decepção com adaptação da HQ de Frank Miller não se resume a mau humor de críticos de cinema.

O trailer criou uma expectativa em torno do filme, que as duas horas de projeção não satisfazem. Com exceção das seqüências de batalha, com ênfase no aspecto gráfico, coreografia estilizada e um uso admirável dos contrastes entre os vermelhos das vestes espartanas e o cinza dos uniformes persas, "300" se arrasta, perdido em lições ideológicas de intenções duvidosas.

O triunfo da força e da disciplina contra a tirania e o misticismo parecem extraídos de um manual fascista. Pior, ecoa muito da doutrina Bush ao reproduzir um suposto "choque de civilizações" entre Ocidente e Oriente.
Mas é na ineficiência em satisfazer os instintos de ação da platéia que "300" fracassa. Entre uma cabeça decepada e jorros de sangue, dá-lhe discursos sobre a liberdade, o valor da morte e outras filosofices, proclamados em tom shakespereano por atores obscuros cujo único talento reside nos músculos.

"300" reproduz os truques de "Gladiador" (reconstituição de uma civilização antiga, ação brutal, música melosa tonitruante, cenas de emoção em campos de trigo). Mas os excessos "kitsch" do filme de Ridley Scott na versão "camp" de Zack Snyder (constituída por uma tipologia gay cujo ápice é a aparição constrangedora de Rodrigo Santoro) convertem a emoção em risadas involuntárias.

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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2903200710.htm

Na comparação, a HQ é boa; já o filme é horroroso

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

Não é difícil comparar "300" com a obra que lhe deu origem, a "graphic novel" "Os 300 de Esparta", de Frank Miller: a HQ é boa, o filme é horroroso.

A idéia era repetir a bem-sucedida adaptação de outra obra de Miller, "Sin City", que Robert Rodriguez levou às telas em 2005 na forma de uma impressionante mistura gráfica de quadrinhos e cinema. Mas, o diretor Zack Snyder não é Rodriguez, e a própria obra original não está no mesmo patamar dos clássicos de Miller.

A diferença mais marcante entre o filme e a HQ é a criação de uma subtrama protagonizada pela mulher do rei Leônidas -nos quadrinhos, a personagem está relegada a duas páginas. Outra mudança é que, diferentemente do desfile de marombeiros que se vê no filme, Miller, autor tanto da arte quanto do texto da HQ, não detalha cada músculo dos espartanos. O próprio rei Leônidas praticamente só aparece coberto por seu manto vermelho, já que o senhor de 50 anos dos quadrinhos não deve ter exatamente o corpo definido que o ator Gerard Butler, 37, exibe ao encarnar o papel.

Há ainda diferenças de narrativa -a da HQ não é linear como a do filme- e de composição dos personagens, que são mais sádicos nos quadrinhos.

Mas, no geral, pode-se dizer que o filme mantém o espírito da "graphic novel", reproduzindo literalmente boa parte dos diálogos e das cenas.

Ou seja, se ele não presta, a culpa é da direção ruim e das más atuações, não da obra original -que pode ser conferida no relançamento feito pela editora Devir, em volume único (84 págs., R$ 63).

quase nada
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Mas o Mestre gostou...

Rubens Ewald Filho

Não se esperava um estouro de bilheteria tão grande. Este 300 (seriam os 300 de Esparta, como se chamou o filme dos anos 60 com Richard Egan e Diane Baker, que foi a origem remota do projeto) rendeu 70 milhões na primeira semana e já dobrou essa quantia. Mesmo sendo um filme muito violento (porém como tudo é estilizado e dentro de um contexto de luta e guerra é muito mais aceitável do que em Sin City , que também era baseado num graphic Novel do mesmo Frank Miller). E endereçado principalmente ao publico masculino (mas com muitos homens semi-nus e com seus peitos e barrigas desenhados pela computação gráfica tem uma leitura também muito homoerótica que tem agradado as mulheres).

De qualquer forma, é muito fiel a sua origem sem ser escravo disso (como Sin City) já que o diretor se permite algumas liberdades bem cinemáticas (algumas cenas que não tem no álbum: a presença mais constante da mulher de Leônidas,a Rainha Gorgo inclusive no final que lembra um pouco Gladiador; A arvore da Morte, uma cena impressionante; A Rainha sendo seduzida e engana pelo político corrupto Dominic West , Theron ; o Ataque do Rinoceronte; a lambida na mulher oráculo).

Basicamente porém faz o louvor do patriotismo, do auto sacrifício, mesmo da morte por uma boa causa. O que é compreensível já que trata de um fato histórico lendário que pode ter sido aumentado pelos historiadores mas que hoje ainda é recordado como o máximo da coragem. É curioso que com freqüência o cinema evitou mostrar a civilização da cidade estado grega Esparta, porque havia semelhança entre os que eles faziam (como o Estado criar as crianças desde os 7 anos) que lembravam o Comunismo. Enquanto a rival Atenas era símbolo da Democracia. Passado o perigo comunista, é possível se fazer o louvor de um estado militarista, que pregava a austeridade, que matava os bebes doentes (nesse caso lembrando o Nazismo). Mais precisamente de um Rei rebelde que bate de frente com os políticos do Senado, presos a normas religiosas e que com apenas 300 guerreiros vai ate as Termópilas , um passagem nas montanhas, para enfrentar o enorme exercito invasor do Rei Xerxes da Pérsia (atual Irã). E depois de resistirem por três dias (com alguma ajuda que foi dispensada ao final), foram vitimas de um traidor e acabaram lutando até a morte. Ou seja, são heróicos e bravos, exemplos de vida. Será? É discutível. O que provocou reclamações dos liberais, já que os espartanos poderiam ser comparados com os soldados americanos no Iraque. E os vilões são escurinhos, sexualmente pervertidos, por vezes monstruosos e efeminados.

Por outro lado, o filme também foi criticado por lembrar muito um videogame. Como não sou adepto desse tipo de diversão, a mim não incomodou. Até que achei interessante o que fez o diretor utilizando o fotografo chinês (o mesmo que rodou Herói/ The Hero , um dos meus filmes favoritos) e rodando tudo em estúdio, sempre com um fundo azul (ou seja, tudo é estilizado, mexido em computação, dando um clima de sonho ou pesadelo, totalmente não realista. Mesmo tendo um orçamento relativamente pequeno, de 60 milhões de dólares, já que a Warner não acreditava no êxito do projeto).

Ou seja, o visual é fantástico, o filme é envolvente, forte, com um elenco interessante (Gerard Butler o Fantasma da Opera faz Leônidas, embora eu ache difícil reconhecer alguém no meio de tanta violência, tanto sangue jorrando). O brasileiro Rodrigo Santoro faz um papel relativamente pequeno mas importante que é o rei persa (a voz é dublada por outro, provavelmente mixada com a sua). Aparece irreconhecível, todo cheio de piercings , muito maquiado, num carro que parece coisa de Escola de Samba. O fato de que não fica ridículo é uma prova de sua competência. Consegue criar um vilão delirante sem perder a dignidade. Mas foi um tremendo risco.

Alias como todo o filme que esta sempre prestes a escorregar e virar piada. Milagrosamente consegue impressionar e criar um novo padrão para esse tipo de aventura.

REF Fim.

300 (Idem). Direção de Zach Snyder. Warner. Roteiro de Snyder e Kurt Johnstad, Michael Gordon, baseado em Graphic Novel de Frank Miller e Lynn Varley. Com Gerard Butler, Lena Headey, Dominic West, Rodrigo Santoro, David Wenham, Vincent Regan, Tom Wisdom, Stephen McHattie. R. Musica de Tyler Bates. Foto de Larry Fong. Montagem de William Hoy. Direção de arte James D. Bissel.

Bennett
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Mas é ÓBVIO que o mestre ia gostar desse filme:

REF wrote:
E endereçado principalmente ao publico masculino (mas com muitos homens semi-nus e com seus peitos e barrigas desenhados pela computação gráfica tem uma leitura também muito homoerótica que tem agradado as mulheres).

Cesert
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As mulheres??? Sei.... 

Marcus
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Antes mesmo de ler a crítica do REF eu já desconfiava que tinha um trecho como o citado pelo pelo Bennett.

Se mesmo em filmes onde toda a crítica não destaca o aspecto físico dos atores, ele o faz, imagine nesse caso...

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