Distúrbios na Força...

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Será que 2007 é o grande ano de transformações no universo internético? Ao mesmo tempo em que a gente vê a Google levando processos em diversos países no mundo, e propostas de leis absurdas envolvendo cerceamento dos direitos de privacidade e liberdade de expressão online, há uma série de desenvolvimentos interessantes, caminhando na direção oposta...

Em primeiro lugar há a crise do DRM. Já estava ocorrendo faz um tempo, com o escândalo Sony XCP, mas depois da carta aberta de Steve Jobs as coisas meio que explodiram. Houve manifestações favoráveis ao fim do DRM (na música, pelo menos), por parte de trocentos atores industriais importantes. Só as empresas da RIAA mantiveram posição contrária, mas ao mesmo tempo há boatos de que a EMI libere o catálogo sem DRM. Concomitantemente, o sistema AACP tem levado bordoada atrás de bordoada, e os consoles dessa nova geração estão todos crackeados. O Windows Vista tem recebido péssimas críticas justamente em razão do DRM, e de alguns mecanismos que apontam para a implementação futura de um trusted system efetivo, visando ser uma plataforma ideal para DRM. Nunca se viu tantas matérias criticando DRM, e tanta gente nova sendo apresentada aos debates, que antes pouco sabia desses problemas.

Também estamos vendo a cultura torrent ganhar ares de glamour antes inexistente. A Vanity Fair, por exemplo, acabou de colocar no ar uma matéria sobre os "piratas do multiplex", enfatizando a ação do Pirate Bay, e está falando que Hollywood precisa se juntar a eles, não lutar contra. As idéias de se comprar Sealand (ou uma ilha!) e o novo Oscartorrents.com, além disso, muito estão acrescentando ao ar "iconoclasta chique" do Pirate Bay. Eles já são a Madonna do mundo torrent, que é cada vez mais mainstream e menos underground. O OiNK tem crescido tanto em número de usuários que mal é um site fechado hoje em dia, e o top 10 do tracker é mais influente em determinados círculos da Internet do que a parada da Billboard ou as recomendações da Pitchfork.

Praticamente todo dia lemos novidades sobre o YouTube, que parece estar rumo a um modelo de negócios eficaz. A notícia mais recente aponta um acordo com uma empresa para a disponibilização de algumas séries clássicas americanas no site. O engraçado do YouTube é que, muito mais do que o Napster na época, o site foi abraçado por praticamente todo mundo. Difícil encontrar quem não goste do YouTube, e se você for parar para pensar, ele É uma nova versão do Napster. Um ambiente centralizado, extremamente popular, onde um monte de gente manda clipes engraçadinhos e interessantes, ao invés de arquivos de música. A gente ainda vai caminhar dos clipes para filmes inteiros (algo comum de se ver no outro site da Google, o Google Video...vira e mexe sai um filme inteiro lá, e é claro que eles tiram...mas sempre voltam), da mesma forma como caminhamos de arquivos de música para discos inteiros. Mas ao contrário do Napster, que virou boi de piranha, a Google está administrando a situação com muita inteligência, e as coisas estão dando certo para eles. Se derem certo para eles, podem dar certo para outras pessoas...

E apenas começamos o ano (e em breve, o ano do porco chinês!).