Rinjin 13-gô
Um dos filmes mais bacanas que eu vi esse ano é essa impressionante estréia na direção do japonês Yasuo Inoue. O cartaz americano diz que é uma mistura de Oldboy com Fight Club, mas está mais para uma mistura de O Médico e o Monstro com O Inquilino. E toques de Sexta-Feira 13. Desde os primeiros momentos, esse filme é absolutamente hipnótico. Não é original e não é nada do outro mundo, mas é indiscutivelmente intenso, bem executado e divertido (se você considera duas horas de pura aflição como diversão - eu considero). As críticas que eu tenho lido têm sido bem mornas, mas eu adorei o filme do começo ao fim. Quer dizer, o fim nem tanto, mas isso fica para mais tarde....
Os primeiros 5 minutos causam uma sensação de estranheza do tipo "Mas que COISA é essa?". Eu não vou descrever, e nem dar muitos detalhes da trama, porque é do tipo de filme que é melhor ver sem saber muita coisa. O IMDB lista Rinjin 13-gô (cuja tradução literal é "O Vizinho Número 13") como um filme de horror, e apesar de isso não ser errado, está mais para um suspense ou - horror dos horrores -, um "thriller psicológico" (odeio o rótulo). Não é exatamente um filme de horror, mas é um filme horrível, no bom sentido da palavra. E quanto mais atroz vai ficando, mais interessante.
Baseado em um mangá, o filme conta a história de Murasaki, um rapaz que sofreu na infância inúmeros abusos na escola, vitimizado diariamente por uma gangue de delinqüentes que é uma graça de se ver em ação. Traumatizado, Murasaki cresce e acaba desenvolvendo uma segunda personalidade. O Murasaki 2 (que nos créditos do filme tem o nome "Número 13") é um ser totalmente psicótico, surtado, monstruoso física e mentalmente, mais forte que Lion e He-Man juntos. Quando Murasaki 1 se vê acuado, Murasaki 2 vem a tona. E o que segue é puro caos.
O filme começa quando os Murasakis (interpretados por dois atores diferentes) se mudam para um novo prédio, no apartamento 13, para trabalhar em um novo emprego, de pedreiro. Tudo anda tranqüilamente na vida dos Murasakis até que eles reconhecem no chefe da construção onde trabalham o líder da gangue juvenil que atormentara Murasaki 1 no passado. O líder, Akai, está crescidão, com mulher e filho, mas comporta-se exatamente da mesma maneira como se comportava quando criança. As obras que ele comanda são um reino de horror em que ele faz as vezes de um déspota sádico. Nas horas vagas, Akai comanda uma gangue de motoqueiros muito pouco razoável e agradável, que provavelmente você não gostaria de encontrar em um beco escuro. Já não fosse esse um grande problema na vida dos Murasakis, eles descobrem que Akai também acaba de se mudar para o apartamento acima, número 23. Os Murasakis reconhecem Akai, mas Akai não reconhece Murasaki 1, que é apenas mais uma irrelevante vítima pretérita em uma extensa lista. Akai não reconhece Murasaki 1, mas em breve, como é fácil adivinhar, vai ser apresentado a Murasaki 2...Mas esse é apenas o setup inicial.
Rinjin 13-gô é um filme bastante lento, com ritmo muito bem estudado, mas o tédio nunca aparece, embora eu tenha lido gente reclamando. No meu caso, prendeu a atenção e não largou mais. Duas horas passaram voando. Há uma sensação horrorosa de desastre inevitável, que vai ficando cada vez mais pesada, quase insuportável, e é tremendamente bem explorada pelo diretor, com o auxílio de um elenco impecável. O Murasaki 2, Shido Nakamura, que em breve vai aparecer em um dos dois novos filmes de Clint Eastwood, Red Sun, Black Sand, é um ator notável, que intimida pela própria presença física. Não que o resto dos atores decepcione, mas Nakamura é particularmente impressionante como o insano Murasaki 2.
Se há alguma coisa que é francamente lamentável no filme, talvez seja o final. É um daqueles finais com virada na trama que acabam estragando um pouco o filme como um todo. Eu confesso que ele até me causou um certo alívio e paz de espírito, mas não deixa de ser um pouco covarde...chega até a ser bonitinho. E ser bonitinho depois de um festival de atrocidades não é algo que encaixa muito bem. De todo modo, é um defeito pequeno em um filme tão imersivo e nervoso quanto este. Vi o director's cut, e não sei se as diferenças são radicais em relação ao corte de cinema, mas parece que essa é a versão a ser assistida.
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Dessa vez discordarmos
Dessa vez discordarmos totalmente, não gostei nem um pouco desse filme. Ele entrou para a minha lista dos mais fracos, vai entender. Depois comento mais por que eu estou saindo.
tah passando no cinema esse
tah passando no cinema esse filme?
Acho que não. Mas eu
Acho que não. Mas eu percebi que teve gente que detestou esse filme mesmo. Eu até entendo não gostar, mas entrar para a lista dos mais fracos já acho um pouco de exagero.
Bennett escreveu:Eu até
[quote=Bennett]Eu até entendo não gostar, mas entrar para a lista dos mais fracos já acho um pouco de exagero. [/quote]
Foi um exagero mesmo. Na época que assisti ao filme eu estava numa fase de saturação, ainda estou, de filmes orientais "esquisitos", é bem provável que seja por isso que não tenha gostado.
Falando em filmes esquisitos, mesmo estando de saco cheio fui atrás do último do Takashi Miike "The Great Yokai War" e adorei, é diversão garantida. CGI tosco e cenas surreais aos montes, destaque para a do avião.
Eu ainda não vi Yokai, mas
Eu ainda não vi Yokai, mas esse Rinjin 13-gô (que tem uma ponta do Miike) eu vi numa fase de total não saturação de filmes asiáticos (tenho visto só coisas de fora da Ásia ultimamente). Talvez seja por isso que eu tenha gostado tanto, mas que me deixou muito tenso, deixou.
de q ano eh esse filme?
de q ano eh esse filme? pensei q fosse mainframe(usei o termo no lugar certo? hehehe), como vcs acham esses filmes?
O filme é do ano passado.
O filme é do ano passado.