Psychonauts
Definindo Psychonauts com quatro letras: "arte". É o tipo de jogo que faria Roger Ebert comer o próprio chapéu. Eu comprei esse jogo quase junto com o meu Playstation 2 (há um ano atrás), mas tinha largado de lado sem dar a mínima bola (pecado mortal). É que rolou meio que um preconceito da minha parte: primeiro, por ser um plataformer, gênero que tem sido a mesma coisa há uns dez anos (apesar de ter exemplares mais recentes bem legais, como Conker e Viewtful Joe). Segundo, por ser um plataformer do Tim Schafer. Não me entendam mal, sou fã de carteirinha do Schafer. Veterano dos adventures, criou ou participou da criação de alguns dos melhores jogos de todos os tempos (co-criador dos Monkey Island 1 e 2 e Day of the Tentacle e criador do Full Throttle e Grim Fandango). Só não punha fé que ele fosse dar certo numa mudança tão radical de gênero (jogos de plataforma são famosos por pouca história e muita ação).
Só que eu estava totalmente enganado. Tim Schafer conseguiu a façanha de quebrar todas as regras do gênero, e ainda assim fazer um jogo totalmente padrão. Tipo, é um jogo de plataforma, mas não é. É muito mais. É uma experiência audio-visual (principalmente visual) em forma de jogo. Psychonauts é a história maluca de um guri, Razputin, que vai participar de um acampamento de verão com outros garotos. No entanto, não é um acampamento qualquer - é um acampamento para jovens paranormais, com o objetivo de formar futuros super-espiões psíquicos (os Pyschonauts do título). Raz é um garoto que fugiu de casa (um circo), onde seu paí negava seu dom e criticava outros psíquicos e tem que provar no acampamento, no prazo de um dia, que é capaz de ser um Pyschonaut.
É claro que alguma coisa horrivelmente errada vai acontecer (não vou estragar a surpresa), e Raz vai ser o responsável por salvar o dia (e o mundo). Mas o mais legal do jogo é o modo que as fases se desenrolam. Basicamente, o jogo se divide em dois: o mundo real (o acampamento) e o subconsciente (de várias pessoas). Quando você entra na cabeça de algum personagem, passa a ver o mundo distorcido pela personalidade do mesmo, e é aí que vem a explosão de criativadade do jogo. Tome Boyd, por exemplo. O porteiro do asílio, perseguido e humilhado, que sofre uma estranha mania de perseguição envolvendo uma complexa conspiração sobre "O Leiteiro". O interior da cabeça do Boyd é uma vizinhança americana padrão, mas completamente distorcida, onde as ruas fazem loops de torcer o pescoço, e agentes secretos esquisitos se disfarçam de cidadões com uma medonha voz robótica ("HELLO - FELLOW - ROAD CREW WORKER. I AM A ROAD CREW WORKER. PLEASE JOIN ME."). É difícil explicar, é ver pra crer, mas dá vontade de chorar de tão bacana que é a fase.
Outra fase muito legal, é quando você entra na cabeça de um peixe mutante monstrouso, que acabou de te atacar. O peixe tem um chip no cerebro que causa o seu comportamento agressivo, mas no fundo morre de pavor de humanos. Na cabeça do bichão, você é um gigante (o terrivel GOOGLATOR, nome por causa dos óculos do Raz) numa cidade de peixinhos, destruindo tudo e causando o ataque desesperado da marinha deles.
Além disso, você tem que ficar esperto em achar as bagagens emocionais (umas malinhas e bolsas que ficam chorando) e as memórias reprimidas de cada individuo, para ganhar pontos e evoluir seus poderes.
Ach, se eu fosse ficar falando sobre tudo que é legal no jogo ficaria horas e horas digitando aqui. Faltou mencionar os gráficos, que se não são tecnicamente perfeitos, são a coisa mais visualmente criativa vista num jogo em muito, muito tempo (desde... Grim Fandango?)
Enfim, uma OBRA-PRIMA, um jogo ESPETACULAR, que só não é PERFEITO por causa de um pedaço particularmente frustrante na última fase. Mesmo assim, é um jogo quase que obrigátorio. Pena que pouca gente jogou (foi um fracasso de vendas).
Nota: 9,7
Screenshots:
- Subconsciente do Boyd
- O terrível GOOGLATOR ataca!
- Subconsciente de um dos agentes, um cara extremamente lógico e sistemático.
- Mente de um doidão no hospício, que acha que é o Napoleão Bonaparte. Note que o cenário é um jogo de tabuleiro, reproduzindo a batalha de Waterloo
- Login para postar comentários
To com ele aqui, to
To com ele aqui, to terminado o grandia 3 e depois jogo ele com calma.
ÉÂ tudo isso mesmo? Sempre
ÉÂ tudo isso mesmo? Sempre tive preconceito com plataformas multi-plataforma como esses genéricos Rayman e Pac-Man World.. mas vou dar uma chance a esse jogo.
ok.. o jogo é legal.. mas
ok.. o jogo é legal.. mas que taxa de quadros é aquele hein? 20fps? nao, deve ser menos.