Sobre a premiação

Confesso que vi poucos indicados esse ano. Achei a maior parte dos filmes indicados sem sal, filmes com cara de oscar e feitos pensando na estatueta. Num ano que tivemos Batman e King Kong, a academia podia dar ares de inovação indicando os dois filmes, que embora sejam de apelo popular, foram superiores a maior parte dos lançamentos de 2005.

E depois de tudo isso, vem a premiação.

Philip Seymour Hofman fez um trabalho quase espí­rita, mas em cima de uma figura caricata por natureza. E a academia, como sempre, preferiu premiar o bizarro, desprezando a atuação de David Strathairn, cuja perfomance em Good Night And Good Luck foi digna de um Gary Cooper ou de um Humphrey Bogart. Nada contra a atuação de Capote, mas o Ed Murrow de Strathairn é uma figura completamente verossí­mil, um reporter ao mesmo tempo herói e humano. A tempos não via tanta presença em cena.

Como disse acima, assisti a poucos filmes oscarizáveis, mas dava como certa a premiação de Brokeback como melhor filme, principalmente devido ao perfecionismo de Ang Lee. Foi uma surpresa ver que o quase televisivo Crash levou a estatueta. Como aconteceu em outros anos, Crash cairá no esquecimento enquanto Brokeback será lembrado como um grande filme de 2005. (Alguém lembra quem ganhou o oscar no ano de Contatos Imediatos?)

Além da decepção com as indicações e com os premiados, a cerimonia foi irregular e cansativa. Números musicais fracos, apresentador deslocado e tudo feito no "piloto automático". Foi uma das cerimonias mais insí­pidas que já assisti. Espero que ano que vem tragam de volta o Billy Cristal, ou quem sabe um Robin Willians, e façam uma apresentação mais ágil e com menos montagens de filmes do século passado (Uma das únicas piadas do John Stewart que funcionou citava justamente o excesso de montagens durante a cerimonia).

No geral, ano bom para o cinema e ruim para o Oscar. A academia já foi melhor...