Comprando um console da nova geração: um guia
Antes de escolher em definitivo qual seria o novo console de videogame que eu iria comprar, fiz uma intensa pesquisa durante alguns meses, li vários fórums e guias e acompanhei a experiência de várias pessoas, até concluir que eu queria pra mim um XBox 360. Contudo, decidi compartilhar com vocês o resultado da minha pesquisa em forma de guia, para ajudar na escolha alheia de um novo console.
Vale lembrar que nenhum console aqui é melhor do que o outro, são todos excelentes, porém com propósitos diferentes e para pessoas diferentes. Basta escolher o que mais combina com você e mandar bala...
XBox 360
A Microsoft parece que fez lição de casa direitinho no caso do seu novo console: soube lança-lo no momento certo (um ano antes dos outros, já ganhando público), teve uma excelente campanha de marketing (exceto no Japão, mas aí é um caso à parte e muito delicado), roubou várias franquias exclusivas das concorrentes e ainda teve a visão de mercado de expandir o lançamento do produto para países que não viam um novo console lançado em suas terras há dez anos ou mais (nosso caso, cujo último videogame oficial havia sido o Nintendo 64).
Aliais, isso merece um parágrafo a parte: muito louvável a atitude da MS em lançar o 360 por aqui. Claro que ela não fez isso por piedade dos jogadores, claro que o objetivo dela é monopolizar o mercado por aqui, ganhar dinheiro, esmagar a pirataria e o mercado paralelo de consoles. Mas pelo menos eles ACREDITAM no país, e isso já a faz ganhar vários pontos sobre sua principal concorrente, a Sony (pelo menos a SCE, sua divisão de games, que parece que nem sabe que nós existimos). A Nintendo fez uma coisa até parecida (autorizou uma empresa brasileira a importar o console oficialmente), mas não é exatamente a mesma coisa. A MS está dando total apoio ao console, com garantia, suporte técnico, assistências, jogos localizados (Viva Piñata foi lançado com dublagem em português) e com preços razoáveis para os jogos (os de catálogo estão custando R$ 99,99). Infelizmente, o Brasil tem uma política tributária pra lá de bizarra e surreal, e um produto com o XBox 360 acaba custando mais de três vezes mais do que nos EUA (lá sai por US$ 399,00, aqui sai por aproxidamente US$ 1.500,00, ou seja, R$ 2.999,00). Pelo menos eles lançaram um pacote interessante, com alguns extras que não tem no pacote gringo, como 3 jogos, um faceplate exclusivo (só existe no Brasil) e um controle remoto para DVD. Só esses bônus já custariam quase US$ 300,00, então vá lá.
Existe uma campanha da ABRAGAMES para reduzir ou zerar a carga tributária para o setor de games (a exemplo do que aconteceu no México), pois nada justifica um imposto que foi criado para proteger os produtos produzidos em território nacional serem aplicados sobre um tipo de bem que não é nem nunca foi fabricado por aqui.
De qualquer forma, voltando ao console:
O 360 é um console bem robusto, apesar de não ter o poder de processamento bruto do PS3, ele compensa como tendo um eficiência operacional muito maior. Ou seja, é MUITO mais fácil se programar no 360 e aproveitar toda sua capacidade do que no concorrente. Fora isso, a GPU dele é em vários pontos superior a da Sony. No fim das contas, o PS3 leva vantagem no hardware em geral, mas o 360 leva vantagem em software e dev kits. Acho que dificilmente vai existir um game do Play 3 que tenha uma superioridade gráfica gritante, vai ser mais ou menos como o XBox para o PS2 na geração anterior: coisa muito sutil (e ainda assim o PS2 foi o console preferido dos gamers). Na grande maioria das vezes, creio que eles serão praticamente idênticos em jogos multi-plataforma, e terão a capacidade máxima de cada console aproveitada somente em títulos exclusivos, que justamente por serem exclusivos, vai impossibilitá-los de comparação. Portanto, toda e qualquer discussão de "quem produz gráficos melhores" será sempre uma tremenda tolice.
Temos ainda no 360 a presença da Live, que indiscutivelmente é o serviço online mais completo e funcional dos três, atualmente. Não se resume a facilidade de se conectar e jogar com amigos, mas todo o processo é muito dinâmico e bastante intutivo, além de possuir extras interessantíssimos, como rankings, destravamento de conquistas, clãs etc. Isso, e também o Marketplace, onde pode-se baixar de graça demos e trailers, comprar filmes ou jogos completos para jogar na Live Arcade. A Live Gold, inscrição que dá direito à tudo, é paga, mas nem é tão cara (pode custar até US$ 4.00 por mês, depende do pacote escolhido).
Outra coisa do 360 é que ele saiu na frente nas novas franquias, lançado jogos exclusivos interessantíssimos e exclusivos, como Gears of War, BioShock, Dead Rising, Saints Row, Crackdown entre vários outros, e ainda robou várias franquias da Sony, como Devil May Cry, Grand Theft Auto, Virtua Fighter, Final Fantasy e o outrora exclusivo de PS3 Assassin's Creed.
Mas como nem tudo são flores, o 360 tem alguns problemas também.
Primeiro, os famosos problemas de hardware: as três luzes vermelhas a.k.a 3RL a.k.a. Red Ring of Death, que aparemente afetou muita gente. A Microsoft diz que não, diz que os defeitos estão dentro dos padrões esperados por indústrias de eletrônicos, mas parece que é mais sério que isso. De qualquer forma, várias pessoas relatam que tem o console há muito tempo e não aconteceu nada, bastou deixar o bichinho num local ventilado (aparentemente é o superaquecimento que derrete algumas soldas das memórias e deixa elas soltas). Quem comprar o kit brasileiro e não destravar (meu caso), fica resguardado pela garantia. Caso contrário, é questão de sorte, mas é só saber usar o console direito (e se o problema for mesmo solda, nada muito complicado de se consertar depois).
Outra desvantagem do 360 é que ele é o único que não tem controle com sensor de movimento (apesar de que no caso do PS3 eu acho que é só papagaida da Sony), mas tem o rumble, que a Sony tirou. Eu não sei até que ponto é essencial esse sensor num console com a proposta desse e do Play 3, que é uma proposta diferente do Wii. Não sei se gostaria de ficar saculejando um controle desse ao jogar Oblivion. Acho que depende da pessoa, pra uns pode ser uma grande desvantagem, pra outros não fara a menor diferença.
Vale lembrar que o 360 é também o console mais fácil de destravar, podendo ser feito até em casa mesmo por que tem uma certa noção de hardware.
Prós:
- já tem várias franquias e games excelentes lançados, muito mais que os outros consoles (que, claro, ainda são muito recentes para isso).
- muito fácil de destravar
- lançado oficialmente no Brasil
- melhor serviço online
Contras:
- o fantasma das três luzes vermelhas
- controle não tem sensor de movimento
Playstation 3
O gigante da Sony, o PS3 é uma máquina poderosíssima. Em termos de processamento bruto, não tem igual. Contudo, o Cell, apesar de ser um tremendo processador, não é 100% orientado a jogos, como é o caso do Xenon do 360, mas um processador de uso geral, o que faz do PS3 interessante como estação multimidia, mas desvia ele um pouco da proposta de ser somente um videogame. Isso, e o fato de ser uma tecnologia bem mais difícil de programar, impedem, pelo menos neste momento, de ter todo seu poderio aproveitado pelos jogos.
Claro que ainda assim já dá pra dar um tremendo poder de fogo, e mesmos os primeiros jogos já mostraram do que foram capazes. Resistance: Fall of Men é considerado um dos jogos mais bonitos dessa geração atual.
O diferencial mais forte do PS3 para os outros consoles, contudo, e fato dele ser um player de Blu-ray também. Players de BD são muito caros, os modelos mais baratos custam na faixa dos setecentos dólares, e você ter um por US$ 600,00 e ainda poder jogar nele é uma vantagem incrível. Lógico, isso pra quem está procurando um player de BD também, mesmo por que vale lembrar que os filmes lançados nos formatos da nova geração (tanto o BD quanto o HD-DVD) só podem ser aproveitados numa TV de alta definição, se você usar ele numa TV convencional vai parecer exatamente a mesma coisa que um DVD comum.
O disco BD também dá mais possibilidades para jogos, devido a sua capacidade de armazenamento superior - o Wii e o 360 ficam mais limitados neste aspecto.
Outra coisa do PS3 é que o controle dele tem sensor de movimento, embora muito mais limitado que o do Wii, e eu particularmente questiono sua necessidade num console desse tipo. Acho que o rumble é muito mais essencial num console com esse foco. De qualquer forma, pode até ter uns usos interessantes, dependendo da criatividade do developer, e como disse antes, é uma coisa que vai simplesmente da preferencia da pessoa.
Além disso, apesar de ter perdidos algumas franquias pra concorrencia, a Sony ainda é dona de algumas das melhores (e também da melhor, na minha opinião) franquias da atualidade: Metal Gear Solid e God of War. Eu comprei meu PS2 só pra jogar o MGS3, e estive por muito tempo pensando em comprar um PS3 só por causa do MGS4 (e talvez ainda compre, um dia). É pra mim o jogo mais promissor dessa geração, e um forte candidato a melhor jogo de todos os tempos.
O Play 3 também tem um serviço online razoável, que está melhorando aos poucos, graças aos patches e updates de firmware.
Prós:
- o mais poderoso
- drive de Blu-ray
- Metal Gear Solid 4
- controle com sensor de movimento (mais limitado que o do Wii)
Contras:
- não tem destravamento ainda
- é caro
- é dificil de programar
Wii
O Wii é um caso muito a parte. Não compete com os outros dois pela supremacia do hardware, e tenta fazer uma coisa totalmente diferente. É a tecnologia mais inovadora para games desde que... desde... bem, desde que eles existem, eu diria. Quem já jogou, fala que não existe coisa mais divertida. Eu ainda não tive a oportunidade de testar, mas acredito. Tem a mesma capacidade de processamento que um console da geração anterior, mas quem se importa? Não é esse o propósito do Wii, e sim revolucionar a maneira de se jogar.
O sensor de movimento dispensa apresentações, todo mundo já sabe como funciona e é o grande diferencial do Wii. O wiimote pode se transformar em qualquer coisa, desde uma simples vara-de-pescar até um sabre-de-luz, e todo mundo fala que funciona que é uma beleza. Dá uma nova dimensão aos jogos, apesar de que deve ser meio cansativo varar madrugadas jogando assim.
Outro diferencial do Wii é o Virtual Console, que permite o download de vários jogos clássicos de NES, SNES, Mega-drive e outros para o console (o o XBox tem uma coisa parecida com o Live Arcade, mas não tão completo e nostálgico), e existe um controle formato clássico só pra isso. Prato cheio para os saudosista de plantão, como eu.
A Nintendo parece que oferece o serviço online menos completo das três, mas isso não importa, pois é legal do Wii é o multiplayer domético mesmo, tipo chame seus amigos e venha curtir no Wii Sports.
O Wii também foi lançado no Brasil através de uma parceria entre a Nintendo e uma empresa daqui, que importa o console direto. Não é como o lançamento do 360, mas já é alguma coisa.
O destravamento pra ele também já existe, e não é uma solução tão cara. Não dá pra fazer em casa como o 360, mas já existem várias assistências que fazem por aí pra você, e funciona tranquilamente.
Prós:
- uma nova experiência em termos de jogabilidade
- parece ser o mais divertido do três
- jogos clássicos no Virtual Console
- pode ser destravado
Contras:
- tem o mesmo poder de processamento dos consoles da geração anterior
Aguardem, possivelmente na semana que vem (só depende do Submarino), meu review definitivo sobre o 360.
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Excelente texto. Avaliando
Excelente texto. Avaliando friamente, acho que o pior problema com o Playstation 3 é mesmo o preço. Sem chances, caro demais. O resto dá para superar, mas eu concordo que o rumble é bem mais essencial do que sensor de movimento, no caso do Sixaxis. Não consigo pensar em nenhum jogo ficando bom com movimentação via um controle estilo Dual Shock...exatamente o oposto dos controles do Wii, que foram construídos em torno da própria ideia de movimento. E têm rumble.
Já em relação ao Xbox 360, depois que expirar a garantia tem um pessoal fazendo uma série de mods interessantes para evitar as 3RLs (acho que são três mods diferentes), e aparentemente dá certo. Definitivamente parece ser a melhor aposta comparado ao PS3, e mesmo quem curte RPGs japoneses (meu caso) vai ter coiss como Lost Odyssey e Blue Dragon.
Quanto ao Wii, usar os controles não cansa nada. É preciso estar em péssima forma física para ficar cansado, e depois de um tempo você se acostuma a usar aquilo como se todo videogame fosse daquele jeito há anos. Há exceções, mas é preciso que o jogo seja particularmente sádico para você se cansar, como Rayman: Raving Rabbids, que é um jogo extremamente filho da puta, criado com o único propósito de acabar com seus braços (mas é legal).
O principal problema do Wii, até agora, é suporte third party, mas não acho que a situação do Gamecube vá se repetir, com as vendas que o console tem tido ao redor do mundo, e alguns jogos exclusivos interessantes sendo anunciados: Rygar, No More Heroes, Guilty Gear XX: Accent Core, NiGHTS: Journey into Dreams e Sadness (vaporware, mas parece um bom projeto). Em relação aos jogos first party, há o material de sempre da Nintendo (Mario Whatever, Metroid Prime, Zelda, Smash Bros etc., enfim, jogos bons), e algumas franquias novas que prometem. Disaster: Day of Crisis deve ser particularmente bacana, porque a Nintendo comprou a Monolith Soft com base nesse jogo.
Mas eu espero que os desenvolvedores percebam como o conjunto wiimote + nunchuck pode ser utilizado de formas criativissimas, e procurem fazer jogos que cumpram o potencial dos controles. O que se tem visto é muito port usando os controles de forma gratuita e às vezes sem muito sentido. Há exceções - vide Godfather: Blackhand Edition - mas via de regra os desenvolvedores third party têm deixado a bola cair. Prefiro muito mais ver algo como Trauma Center: Second Opinion, um jogo realmente diferente e excêntrico, do que um port de GTA com gráficos toscos e controle de chocalho.
Eu acho que os developers
Eu acho que os developers ainda estão se acostumando com a idéia do Wii, que é uma coisa muito nova e revolucionária, e mais cedo ou mais tarde deve acontecer um boom de jogos para o console. Eu estou planejando comprar um pra mim daqui há um ano mais ou menos (vou curtir o 360 nesse meio tempo), até lá a turma que faz jogos já deve ter amadurecido bem os games pra funcionar no controle dele.
O problema das 3RL é mesmo contornável, eu já entendi como acontece, basicamente o console esquenta muito e as soldas se soltam, ocasionando mau contato. Isso é um problema comum com aparelhos eletrônicos e fácil de resolver até em casa, pra quem tem conhecimento básico de eletrônica. Eu já peguei o esquema do mod da borrachinha, que parece que dá certo, e guardei ele pra usar caso tenha problemas depois que vencer a garantia (aliais, a MS bem que podia dar uma garantia de pelo menos uns 3 anos, já que o console por aqui é tão caro).
Tem o Clamp Mod também.
Tem o Clamp Mod também.
Guybruxe, esse problema das
Guybruxe, esse problema das 3RL não é tão simples assim, toda a estrutura do xbox 360 é problemática, ta dando 3RL até nesses Elite. Quem dera fosse apenas solda fria.
Eu tô ligado que isso pode
Eu tô ligado que isso pode acontecer (por isso acabei pagando mais caro e comprando a versão nacional, com a garantia de 1 ano), mas eu felizmente nunca fui afetado por esses hypes de defeito. Por exemplo, quando comprei meu PS2 já destravado, falavam que a tendência era dar pau em mais ou menos um ano (por causa do continuo uso de mídia pirata, que força mais o leitor). Pois bem, tá ele aqui, firme e forte, há mais de dois anos nunca deu UM pau sequer, nunca recusou um jogo, e olha que eu uso ele até bastante. Outra coisa foi o primeiro Home Theater que eu comprei, era um Gradiente com DVD, todo mundo fala que não vale nada, que é muito temperamental com os discos, mas hoje ele tá lá na casa dos meus pais e funcionando firme e forte, roda até DVD pirata com arranhão, sem problema.
De qualquer forma, se eu ver as luzes vermelhas, vocês serão os primeiros a saber... mas rezem para que não aconteça.
Mídia gravável degradar
Mídia gravável degradar leitor é mito. SE degradar, é porque o hardware é ruim para começo de conversa.
No caso do PS2, como o
No caso do PS2, como o acesso aos dados é randômico e não sequencial (como no caso de um filme), e como ele não tem HD pra fazer cache (como no caso do PC), acaba afetando sim, pois o leitor dele trabalha muito mais do que um DVD player ou DVD-ROM de computador, por exemplo, especialmente se o jogo fizer streaming pesado de dados (como o GTA, que fica sempre carregando o setor seguinte ao que você está no mapa). Pra você ter uma idéia, eu tenho aqui o San Andreas pirata (prensado, mídia dourada) e o original (que veio no box do GTA que eu comprei, com os três jogos), e o pirata quando estou jogando parece que tem um rato guinchando dentro do console, enquanto o original funciona de maneira totalmente silenciosa. Se a mídia for ruim, ou se foi mal gravada, não tem jeito... desgasta o leitor mesmo.
Eu ficaria com o Wii mesmo,
Eu ficaria com o Wii mesmo, e se eu tivesse mais grana compraria um 360 (mas provavelmente trocarei minha placa de vídeo antes, e continuarei jogando no PC um tempo). Agora, se alguém quiser me mandar um PS2 de graça eu aceito, porque até hoje não joguei os God of War e Shadow of the Colossus.
Se eu ainda não tivesse o
Se eu ainda não tivesse o PS2, eu escolheria ele, com certeza. Já tendo, um X360 e logo depois um Wii. E por último, um PS3, daqui há uns dez anos, quando a geração estiver no fim e ele estiver custando uns quinhentos reais.
A CNET fez uns vídeos com
A CNET fez uns vídeos com um "confronto técnico" entre o XBox 360 e o PS3... no final das contas o XBox 360 ganha por 23 a 20.
Pra quem quiser conferir, aí vão os vídeos: