Hard Candy

Foto de Bennett
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Bem, não é um filme ruim, mas também não é bom. O melhor que se pode dizer a respeito dele é que prende bastante a atenção e é muito bem produzido e atuado. Meio mal escrito, mas o problema principal aqui é uma total falta de honestidade.

Basicamente, é um filme de justiceiro, à la Desejo de Matar, e tão reacionário quanto, ao mesmo tempo capitalizando em cima de uma suposta moralidade "ambígua" do roteiro. A idéia é manjadíssima: pegar alguém que mereça sofrer e fazer com que essa pessoa sofra em nome de algum ideal de justiça, mas com o objetivo consciente ou não de apenas fornecer uma válvula de escape moralmente justificável para qualquer instinto sádico que a audiência possa ter e queira explorar. Criar, enfim, um espaço suficientemente seguro de violência e sadismo para que a platéia possa sair tranqüila do cinema depois de uma longa cena de tortura e comer um McLanche Feliz antes de voltar para a casa. Surge aí o principal problema de Hard Candy: é um filme 100% exploitation, mas que faz pose de algo mais intelectualizado, principalmente pela sofisticação formal (já que o roteiro é pífio). Não funciona. Tudo é muito estiloso e visualmente bem concebido, mas transparente até demais nos efeitos que procura criar.

O alvo é mais fácil de se chutar do que cachorro morto: um pedófilo possivelmente assassino que seleciona suas vítimas em salas de bate papo na Internet. O algoz é Hayley, uma menina de 14 anos, interpretada por Ellen Page, a Kitty Pryde de X-Men 3. Que tem 19 anos na vida real, mas físico de 12 na tela. Os primeiros 20 minutos, em que o pedófilo seduz a menina e a leva para casa, são os mais incômodos - há uma certa flutuação entre as posições de dominador e dominado que mantém algum nervosismo. Mas logo ela vira o jogo e tem início uma violenta sessão de tortura física e psicológica que se prolonga pelo restante do filme, mas é bem desprovida de tensão, apesar de curiosa de se assistir. Hayley, que no começo faz papel de menina frágil e insegura, transforma-se em uma torturadora bem hábil, profissional e sádica. Continua em pleno controle da situação até o final do filme. Não há qualquer mudança entre as posições de torturado e torturador, e tudo parece - e efetivamente é - inevitável para o torturado. Talvez ele morra, talvez ele sobreviva, mas certamente vai se dar mal. A menina, com certeza, vai se dar bem. Porque afinal, é tudo uma fantasia que apela aos instintos mais sádicos e reacionários da platéia, mas precisa de um final feliz. Que no caso é o pedófilo se dando mal, e a menina se dando bem. Um final em que o pedófilo se desse bem seria, aí sim, moralmente desafiador de forma explícita e muito incômoda. Hard Candy não quer incomodar, quer apenas agradar a audiência com uma torturazinha básica.

Vai doer. Muito.

As pessoas parecem ter uma grande necessidade de ver as outras sofrerem. Esse é um lugar-comum que tem muita razão de ser, porque efetivamente se verifica no cotidiano da humanidade. Basta observar o que acontece quando ocorre um acidente de carro, todo mundo quer ver. Se tiver fratura exposta, melhor ainda. Ao mesmo tempo, as pessoas acham que sentir prazer diante do sofrimento alheio é moralmente questionável. Cinema, literatura e telejornais estão cansados de explorar isso, proporcionando um espaço seguro para que as pessoas possam se deleitar com algo como uma hora e vinte minutos de tortura, sem sentir culpa depois. Em princípio, nada contra, desde que se tenha consciência do que se está a assistir. Pena que o filme não admite que veio com esse propósito em mente. O objetivo aparente é fazer auê em cima da moralidade discutível de ambas as personagens (Simpatizo com a menina? Simpatizo com o pedófilo? Simpatizo com nenhum dos dois?), mas sem deixar emergir o papel do espectador nisso tudo (Simpatizo comigo mesmo por querer ver uma pessoa sendo torturada por mais de uma hora?). Se o papel do espectador porventura emergir em algum comentário como este, os autores do filme podem convenientemente dizer que isso também foi planejado. É fácil, afinal, fazer pose de esperto. Difícil é não perceber que no fundo o que importa aqui é fazer o pedófilo assassino sofrer bastante para o prazer da galera. Não é discutir se isso é moral ou imoral, ou se as ações da menina torturadora são justificáveis.

É aquela velha ladainha: pena de morte pra ele, direitos humanos para humanos direitos, sofrimento é bom quando a pessoa merece, linchamento é legal porque o sistema jurídico é corrupto, lento e/ou leve demais, Stallone Cobra para presidente....ah, corta mais um dedinho, por favor...isso, mas bem devagarinho! Ladainha, em Hard Candy, disfarçada de suspense psicológico moralizante, o que torna tudo bastante imoral, na minha opinião.

Não que não valha a pena assistir: vale, prende a atenção como eu disse. Mas é bom que se tenha bem claro que não é um filme sobre justiça ou sobre se é moral ou imoral torturar alguém, se a pessoa merece sofrer. É um filme para quem quer sentir prazer com gente sendo torturada. Pode admitir sem ter vergonha nenhuma: no fundo todos nós sentimos prazer no sofrimento alheio, em maior ou menor grau. Admitir isso, aliás, é a única forma de se apreciar Hard Candy sem ser hipócrita como o próprio filme.

Foto de Guybrush Threepwood

Tipo, MAIS UM filme de tortura?

Foto de Bennett

Mais um, não é o máximo?

Foto de João Lucas

Mais um para eu baixar. Eles estão querendo forçar essa onda de filmes exploitations e eu vou junto.

Foto de Bennett

É O Tiro que Não Saiu pela Culatra...que junto com Fé Demais Não Cheira Bem acho que ainda ganham o prêmio, empatados, de pior tradução de título. Mas Menina Má.com parece até piada, eles devem estar zoando com a nossa cara, não é possível. Tudo bem que Hard Candy é um título complicado de se traduzir, mas convenhamos...

Foto de Marcus

O que acho trágico em alguns desses títulos é que eles já entregam uma parte importante da história, o que o título original não faz.

Lembro daquele com a Nicole Kidman (Birthday Girl, parece), que aqui no Brasil virou "A Isca Perfeita". Quem vai ver já sabe, mesmo que não veja o trailer nem nada, que a vinda dela da Rússia é um golpe.

Meu blog

Foto de quase nada

ESSE FILME É DO CARALHO! É QUASE UM HOSTEL DE TÃO BOM, o final é meio ambiguo. Pena que a paige não mostra as tetas, ela é marombada demais, acho que toma HGH, espero que ela mostre o cu em seus próximos filmes.

Nota 8,14
nb 3
ncn 6 (Chuck estruparia essa desgraçada mesmo sem o penis)
np 5 (pode parecer doentio, mas esse filme é bem legal... hehehe)