Último sábado, dia que arrisco sair um pouco de casa nessa pandemia resolvi conferir a última obra do Nolan. Imaginei que como meus concidadãos por aqui não tem o costume de legendas, que a sessão legendada estaria quase vazia, e acertei. Menos de duas dúzias de pessoas numa sala que comporta mais de 200, devido distânciamento respeitado. Por que, não? Mais de um ano acredito, sem pisar num cinema. E olha, tendo terminado Dark há pouco tempo esse filme me surpreendeu, positiva e negativamente.
Pra começar, a abertuta do filme é um verdadeiro "what the fuck." Não há preparação alguma pro quebra cabeça em que o espectador é jogado desde o começo, com algumas cenas simplesmente não fazendo sentido até lá pra metade do filme, o conceito pega no tranco mesmo, e é basicamente assim até o final, as explicações não são nem um pouco didáticas e o espectador tem que sacar o palíndromo teatral por si só, e quando as coisas começam a encaixar é surpreendente.
Dito isto, Nolan talvez tenha abocanhado mais do que dava pra digerir em 2h30 de filme, talvez eu não tenha sacado tudo de primeira, abaixo deixarei uns comentários sobre o trecho que realmente me parece uma falha de roteiro, apesar de que acredito que revendo o filme talvez a explicação esteja lá, não sei se foi a equilização do cinema da minha cidade ou se é a edição de áudio mesmo que deixou os diálogos bem abafados, bem inferior na equalização em comparação com os demais sons. E infelizmente, a qualidade de legendas oficiais no Brasil só decaiu de uns 10 anos pra cá (aliás, o que não decaiu?), alguns diálogos se você não souber a linguagem original passam batidos.
Agora, técnicamente este filme tem umas sequências de cair o queixo, um dos focos principais do filme é a inversão da entropia de objetos, então preparem-se para algumas perseguições, combates e toda uma sequência de guerra realmente impressionantes e confusas à primeira vista, um espetáculo sem igual talvez em nenhuma outra edição, quem trabalhou nesse filme está de parabéns nesse quesito.
Quem não está acostumado com ficção científica pegando conceitos da física e metendo o bedelho pode demorar um pouco pra sacar algumas cenas, sentir mais os efeitos dos cliffhangers, mas como disse acima, vi Dark há pouco então eu saquei algumas coisas de primeira, e a virada de roteiro final não me surpreendeu nem um pouco, mas ainda assim a mensagem final apesar de poder ser vista como pretensiosa é impactante.
Um verdadeiro quebra-cabeças impiedoso e tecnicamente impecável que sinceramente, na primeira metade não engrena e soa arrastado, mas do meio pro fim realmente impressiona. Nos dias de hoje é um verdadeiro tufão de ar fresco termos um Nolan ainda em atividade, o cinema precisa de mais diretores como ele.
Enquanto assistia, eu saquei logo de cara que a melhor luta do filme é entre os próprios protagonistas. Assim que a Kat leva um tiro e eles precisam voltar uma semana pra sequência em Oslo eu já saquei que eles enfrentavam eles mesmos, assim como já liguei o conceito à primeira cena, onde a ajuda não identificada vem deles mesmos.
Agora, no momento que a Kat recebe a bala invertida, duas coisas acontecem. Uma Kat segue com o Sator, a outra volta uma semana no tempo com Neil e o Protagonista. Uma dúvida que tenho é se é somente neste momento que o filme explora e esplícita realidades alternativas, uma em que ela morre e outra em que ela é salva.
Outra coisa que preciso conferir quando rever, é onde fica clara a separação de inversão de entropia e viagem no tempo. Porque o foco a primeira vista é a inversão de entropia, e isso acarreta em várias condições pro invertido (como a exigência de oxigênio constante, a inversão de reações químicas), mas em algum ponto o conceito cru de viagem no tempo foi inserido, porque a Kat volta no dia em que o Sator a chantagia para matá-lo, e ela não usa oxigênio nem nada, ela volta no tempo, e não tem a entropia do seu corpo invertida.
A conclusão que eu cheguei na primeira assistida é de que há duas forças do futuro voltando e guerreando no presente, uma direcionou Sator para a coleta do "algoritmo." Outra direciona o Protagonista e a Pryia, sempre com auxílio segmentado. Parte do filme ser confuso pra um caralho é que o próprio protagonista é ignorante do que o direciona, e isso é proposital, com informações só sendo reveladas no momento certo.
Sinceramente, despois desse filme Inception parece coisa de criança haha
Quem assistir e tiver respostas pra algumas das minhas dúvidas me iluminem, por favor.
Nota: 9
https://www.youtube.com/watch?v=AZGcmvrTX9M
Acabo de me lembrar que toda a sequência após a Kat levar bala não é cronológica, ou seja, o filme não esplícita múltiplas realidades, o que acontece de fato é que como Sator estava invertido na perseguição que culmina com ela baleada toda a sequência após ela levar o tiro é anterior a perseguição. Na verdade, o que a cena mostra é ele pegando ela a força para a perseguição. Como um espelho temporal invertido, pqp, só o Nolan mesmo.
Agora, a questão dela voltar no tempo e não ter sido invertida é o que ainda não saquei.
Esperarei o streaming, porque ir ao cinema agora (a não ser no modo Drive in) é pedir pra ser contaminado.
______
Se eu copio um autor, é plágio. Se copio vários, é pesquisa.
Se não me engano adiantaram o release nas plataformas de streaming, mês que quem ele já estará disponível.
E realmente, se a estrutra do cinema não trocar ar com o ambiente externo é receita pra contágio mesmo, não é o caso do shopping onde conferi a sessão. Se bem que o melhor mesmo é evitar ao máximo ambientes fechados, e apesar da sessão estar quase vazia, a praça de alimentação próxima estava bombando, uma verdadeira aglomeração...
Pior que como todos os lançamentos recentes do Nolan, a experiência ideal mesmo seria nas salas IMAX. Nas curiosidades do IMDb consta que foram construídos suportes e lentes até então não existentes só para este filme. O cara não brinca em serviço.
Eu acho q esse filme foi o útlimo q vao dizer isso de "tem q ser visto no cinema". Esse argumento morreu daqui pra frente. Primeiro por razões óbvias, de q vamos viver nessa situação por um bom tempo ainda; e segundo pq antes mesmo da pandemia povo nem liga mais pra isso e ja se habituou ao catálogo de "filmes de avião" do netflix.
Eu li isso q vao adiantar o release nos streamings. Entao acho q vou esperar sair torrent mesmo e ver em casa na minha tv sem crise nenhuma e ainda com a possibilidade de pausar e rever as cenas em reverso pra ver se entendo.
Vai depender das vacinas, né. Na eficácia delas, apesar das maiores redes de cinema lá fora já estarem no vermelho.
Vamos observar se e como a segunda onda que tá pegando a Europa se repete no resto do mundo enquanto a inoculação começa a chegar à população.
mesma coisa aqui. e dia 15/12 sai o BD 4K, vou espera-lo.
Nao depende das vacinas. Depende da politica. Entao pode aceitar que estamos fodidos. Ja ta na cara q, mesmo q uma vacina se comprove eficiente e segura, tem toda a disputa politica pra ver quem lança primeiro (com esse lance da vacina russa dizer q é mais eficiente q a americana sem muitas provas) e o oportunismo dos lideres em relação a elas (como o Trump q pegou birra da pfizer só pq anunciaram a vacina dois dias depois das eleições; ou o imbecil de cá se recusando a aceitar a mesma vacina q o Dória e ainda propagando a não-obrigatoriedade. E ta todo mundo cansado de dizer q sem obrigatoriedade a pandemia NAO ACABA, ou demora ainda mais).
SEm todas essas questões obscuratistas desses idiotas, ainda teria toda a complicação logística de distribuição que, esse processo por si só nao leva menos do q 1 ano (e vcs viram q essa vacina da pfizer precisa ser mantida refrigerada a -80 graus?? OU seja, só os nórdicos q se deram bem de novo. hehe
Sem querer trazer uma dose de pessimismo....mas tamo afundado nessa merda por muito tempo ainda. Melhor esquecer.
Provavelmente você tem razão, ao menos torço para alguma vacina estar disponível no primeiro semestre do ano que vem. Acho que o jogo político pode sim atrasar a implementação mas espero que a justiça lide com urgência e enfatize a obrigatoriedade, afinal é saúde pública e BiroLiro e o escambau podem cagar merda pela boca à vontade, desde que tenhamos a inoculação de nossa população o mais célere possível.
Política, a campeã da enormidade de coisas que foram ladeira abaixo essa última década. Aqui no BR nunca foi lá essas coisas, aliás, não só aqui no BR, no ocidente em geral já tivemos ao menos um padrão de decência mas depois dessa eleição dos EUA em que o presidente em exercício tá usando da pós-verdade, desinformação e fake news pra tentar o máximo gerar dúvida na lisura eleitoral, tudo pra ter o vislumbre da possibilidade de permanecer no poder, isso no suposo espelho da democracia capitalista moderna... não há dúvidas, a ladeixa só aumenta.
Eu achei que tinha visto de tudo com a eleição de 2018 e a máquina de desinformação que fomentou a base bolsonarista, mas não esperava ver alguém usar tática parecida mesmo após perder uma eleição e conseguir ser levado a sério. Nesse poço gosmento que virou a internet tem gente de tudo quanto é país desse lado do hemisfério que acreditam cegamente nas teorias conspiratórios e manias de perseguição do Trump, e o defendem, fazem ilações completamente sem sentido... ao menos espero que sejam a minoria da minoria, porque se não em alguns anos teremos cunhadas novas definições de insanidade.
Saiu torrent em HD.
Subi pro meu drive. Quem quiser, posso compartilhar o link aqui.
Depois comento o q achei
dia 15 sai o BRRIP/WEB-DL.a esperar. obrigado!
mas essa cópia q saiu ta perfeita. Resolução linda.
Só que...achei o filme bem ruim.
Alguém no letterboxd disse q parece mais um jogo do Hideo Kojima do que um filme. E achei perfeita essa definiçao. É masi videogame do q cinema issoai. É 100% conceito e 0% storytelling. Insuportável.
Para o XIII:
Também me perguntei se o lance da Kat não sofrer aparentemente com as consequencias da inversão do tmepo no final (e nao precisar usar máscara) no fim foi um furo ou simplesmente pq assumiram uma volta no tempo "completa". Mas nao entendo o porque então que teve toda aquela explicação (como 90% do filme) das lógicas e consequencias dessa inversão se no fim nada daquilo serviria pra nada.
Achei a narrativa sofrível. O conceito é legal mas honestamente seria melhor aproveitado num curta-metragem q se desenvolvesse somente ao redor daquela máquina de inversão. Todo o resto do filme é gente conversando sobre teorias q nao fazem sentido e explicando pra onde e o que vão fazer na cena seguinte. Os filmes do Nolan sempre sofreram com essa incapacidade dele de mover a historia adiante com fluidez, mas nesse ele se superou.
E eu dei risada q o personagem do John David Washington sabe a resposta de tudo o q perguntam pra ele (como dialogo expositivo, claro) mas não sabia sobre o paradoxo do avô, justamente a única coisa do filme q o público provavelmente tem algum conhecimento hahah.
Muito boa definição essa de lembrar as obras do Kojima, e sou suspeito quanto ao jogos dele. Gosto de todos, até dos mais criticados como o Castlevania Lords of Shadow II que até fiz um review aqui na época.
Preciso rever pra tirar uma conclusão definitiva do lance da Kat, pra mim não tem sentido nenhum ter sido uma "volta completa" no tempo, por conseguir alterar o passado ela é isenta das consequências? Fica um goof bem feio, eu acho que o diálogo no local onde toda a equipa da indiana lá saltam é onde tá a explicação da volta dela no tempo, mas não tenho certeza.
Acho que pra uma análise justa precisamos encaixar as peças do quebra-cabeças, entender a fundo o filme. Mas realmente, se o Nolan tacou o foda-se e não deixou parte nenhuma em que dá algum sinal de explicação pra Kat, a coisa fica feia e e imperdoável.
Hahaha boa.
O que achou da cena no aeroporto? Me lembrou um pouco o início do Dark Knight Rises, mas o destaque mesmo é o confronto. Deve ter ido um inferno de filmar.
Honestamente, nada de mais. O avião partindo no meio em pleno ar no Dark Knight Rises enchia muito mais os olhos e era melhor filmada tb. Ali só tem esse senso de escala e sei la, parece q a essa altura ele ta fazendo piada de si mesmo, da sua capacidade de conseguir dinheiro pra fazer o q quiser, pq ate os personagens se questionam de "serio q a forma q a gente encontrou de fazer o alarme tocar é jogar UM AVIAO na parada?".
A luta invertida é legal, mas...SEI LA. A luta do corredor do Inception (mesmo se utilizando de um recurso mais velho) era muito mais impactante também, principalmente naquela dele enrolar a galera dormindo pra botar no elevador.
Nada no Tenet me encheu muito os olhos quanto outros filmes dele fizeram. O q eu gostei de verdade foram todas as cenas envolvendo essa máquina de inversao e vc se ver do outro lado. Mas, de novo, acho q seria muito melhor utilizado num curta ou num jogo mesmo do q num filme com 90% de blablabla e plot sem noção mínima de narrativa.
Alias, vc ta ligado das teorias sobre aquele menino ne?
Olha, não cheguei a pensar no menino como o personagem do Pattinson, mas realmente encaixa. Interessante, detalhe bem sutil, gostei. Depois que rever posto aqui minha segunda impressão. To encucado com esse negócio da Kat, no Imdb tem uns feras vislumbrados, que depois da 3º, 4º sessão o filme estalou na cabeça deles, o que mais gostei foi o quanto exige do espectador na primeira assistida (a maioria das pessoas não vai gostar disso, óbvio). Um exercício de memória até.
HOJE SAIU O BLURAY IMAX DTS.
CORRÃO!
Revi esse final de semana, e acredito que preenchi a lacuna que ficou após a primeira sessão, ao mesmo tempo em que uma cena em particular me deu um nó dos grandes e fiquei rebobinando algumas vezes.
A cena que fiquei rebobinando é a do Protagonista dirigindo o carro que capota e servindo pra cimentar que de fato o Sator conseguiu o algoritmo. Nessa cena temos três fluxos temporais simultâneos, o Sator invertido, o Protagonista no fluxo temporal normal e por fim o mesmo protagonista invertido, recebendo o algoritmo e depois capotando. A cena da maleta sendo jogada e o algoritimo chicoteando no carro enquanto as três perspectivas são reproduzidas em tela me deu um nó na hora, e foi algo tão rápido que no cinema passou despercebido.
Sobre a Kat e a volta no tempo, no primeiro encontro do Protagonista com a Kat ela cita a lembrança da ameaça do Sator e comenta de no mesmo dia ter visto uma mulher saltar do iate, e como ela sonha em ser aquela mulher. Nesse filme não existe fluxo temporal linear, o passado e o futuro não só dela mas de todos no filme estão conectados a este dia (do assalto à ópera). E um detalhe que também tinha me passado despercebido, quando a Kat volta no tempo após ser baleada ela usa oxigênio até ser colocada naquela bolha plástica da central onde fica o turnstile da Priya. Agora, amarrem as calças e tentem acompanhar (eu mesmo ainda fico confuso se parar pra refletir muito), o que para nós espectadores fica claro como uma viagem no tempo em toda a sequência após a Kat ser baleada, na verdade não é uma "viagem no tempo" o que acontece após eles entrarem no turnstile e dar início à sequência final é uma inversão direcional, eles refazem os passos que levaram até aquele momento, até o fatídico dia da ópera, entenderam? Como os gestos dos dedos entrelhaçados, toda a sequência final do filme tem os protagonistas "invertidos" na direção oposta ao que entendemos como linearidade temporal. E podem reparar, dentro do turnstile a Kat e o Neil estão sempre em ambientes selados, o filme deixa isso bem claro após o Protagonista falar com a Pryia e ela explicar a origem do algoritmo e o enviar à Trondheim no navio dela, ele chega usando oxigênio e ao entrar no ambiente selado em que a Kat está se recuperando o tira.
Pra resumir de forma crua, o que o Nolan fez foi uma exposição em 2h30 de um "quadrado mágico" ou "quadrado sator."
Os dois Tenets representam o pincer movement, um é o Sator, o outro é o Protagonista, e o N central é o fatídico dia da ópera, tanto o começo e o final da obra.
É mole?
Se não fiz sentido ou falei merda, me corrijam, mas revi com a legenda original em inglês e a minha interpretação do filme é essa.
Esse curta existe, se chama Recknoing (12º episódio da 5º temporada de Smallville). Está para Smallville como The Constant está para Lost, não encaixa exatamente como uma inversão temporal, visto que o turnstile é um cristal do Jor-El e o dia é rebobinado como em Groundhog Day, mas o impacto guardadas as devidas proporções é parecido.
[quote=XIII]
Revi esse final de semana, e acredito que preenchi a lacuna que ficou após a primeira sessão, ao mesmo tempo em que uma cena em particular me deu um nó dos grandes e fiquei rebobinando algumas vezes.
A cena que fiquei rebobinando é a do Protagonista dirigindo o carro que capota e servindo pra cimentar que de fato o Sator conseguiu o algoritmo. Nessa cena temos três fluxos temporais simultâneos, o Sator invertido, o Protagonista no fluxo temporal normal e por fim o mesmo protagonista invertido, recebendo o algoritmo e depois capotando. A cena da maleta sendo jogada e o algoritimo chicoteando no carro enquanto as três perspectivas são reproduzidas em tela me deu um nó na hora, e foi algo tão rápido que no cinema passou despercebido.
Sobre a Kat e a volta no tempo, no primeiro encontro do Protagonista com a Kat ela cita a lembrança da ameaça do Sator e comenta de no mesmo dia ter visto uma mulher saltar do iate, e como ela sonha em ser aquela mulher. Nesse filme não existe fluxo temporal linear, o passado e o futuro não só dela mas de todos no filme estão conectados a este dia (do assalto à ópera). E um detalhe que também tinha me passado despercebido, quando a Kat volta no tempo após ser baleada ela usa oxigênio até ser colocada naquela bolha plástica da central onde fica o turnstile da Priya. Agora, amarrem as calças e tentem acompanhar (eu mesmo ainda fico confuso se parar pra refletir muito), o que para nós espectadores fica claro como uma viagem no tempo em toda a sequência após a Kat ser baleada, na verdade não é uma "viagem no tempo" o que acontece após eles entrarem no turnstile e dar início à sequência final é uma inversão direcional, eles refazem os passos que levaram até aquele momento, até o fatídico dia da ópera, entenderam? Como os gestos dos dedos entrelhaçados, toda a sequência final do filme tem os protagonistas "invertidos" na direção oposta ao que entendemos como linearidade temporal. E podem reparar, dentro do turnstile a Kat e o Neil estão sempre em ambientes selados, o filme deixa isso bem claro após o Protagonista falar com a Pryia e ela explicar a origem do algoritmo e o enviar à Trondheim no navio dela, ele chega usando oxigênio e ao entrar no ambiente selado em que a Kat está se recuperando o tira.
Pra resumir de forma crua, o que o Nolan fez foi uma exposição em 2h30 de um "quadrado mágico" ou "quadrado sator."
Os dois Tenets representam o pincer movement, um é o Sator, o outro é o Protagonista, e o N central é o fatídico dia da ópera, tanto o começo e o final da obra.
É mole?
Se não fiz sentido ou falei merda, me corrijam, mas revi com a legenda original em inglês e a minha interpretação do filme é essa.
Provavelmente deve fazer sentido e gostei da sua explicação. Mas acho q me faz gostar ainda menos do filme :P
Revendo em inglês alguns diálogos do roteiro saltam aos olhos também, há meio que um elo entre "Because anger scars over into despair." e a conversa do Protagonista com o Neil sobre as ramificações de se alterar o passado, que não há como saber se não geraria uma realidade alternativa. O diálogo da Kat logo antes de matar o Sator ("Look into my eyes. Which do you see? I'm not the woman who could find love for you even though you scarred her on the inside. I'm the vengeful bitch you scarred on the outside."
O diálogo no final onde o ferinha lá separa o algoritmo em várias partes, entrega ao Protagonista e diz que ele escolhe onde esconder e como e onde morrer (lembrando que o filme começa com o Protagonista atrás do algoritmo, presume ter concluído a missão e ingere o cianureto. Mas depois descobrimos que nem ele, nem Sator obtiveram aquela parte, e o Sator só o faz depois de capotá-lo). Dando a ideia (ou ao menos a sugestão) de mais de uma realidade, uma em que ele morre e outra em que o ciclo se reinicia.
Enfim, o filme atira pra todo lado, nesse quesito lembra bem Dark. Agora, que eu gostei quando percebi que a sequência final é literalmente a exposição da noção de Feynman e Wheeler sobre um pósitron ser um elétron no sentido contrário do tempo gostei, mas realmente... é tanta coisa que zoneia o cérebro, como disse no primeiro post, Inception é coisa de criança perto disso aqui (apesar de talvez ser um filme melhor).
Esse filme me lembra um disco de metal progressivo, incompreendido, amado e odiado. For The Love of Art And The Making do Beyond Twilight, da Dinamarca, apesar de temáticas diferentes, o disco apresenta trechos compostos e tocados ao contrário, é dividido em 43 partes, o que dá uma uma longevidade e experiência peculiar ouvindo no shuffle e é muitas vezes resenhado como pretensioso. Mas vejo muito da ideia e conceito dele no Tenet, fica a dica pra quem tem ouvido pra um som bombástico, épico e pesado como poucos.
Eu não entendi nada da explicação.... acho que nem vou tentar assistir este filme hehe
Assiste sim que tu deve captar parte da minha explicação. De qualquer forma vou traduzir um pouco abaixo, depois comenta se entendeu.
Suponhamos que a tecnologia vinda do futuro demonstrada no filme exista e você faça uma viagem para São Paulo no sábado, no domingo você descobre que alguém importante para você esteve num acidente e morreu. No mesmo domingo você entra numa catraca (turnstile, a tecnologia do futuro) e retorna ao seu ponto de origem, o conceito que o filme expõe não é uma viagem no tempo, é uma inversão temporal, Nolan trata o tempo como uma dimensão que os protagonistas conseguem manipular o filme todo. A questão é que ao entrar na catraca, você não saltou de volta pro sábado antes de viajar, você somente inverteu a dimensão do tempo, seu relógio começa a regredir e se você fizer a viagem de volta ao ponto de origem com a dimensão temporal invertida você consegue evitar que esse alguém importante sofra o acidente, entendeu? Agora, existem quantos de você? Há como saber se ao inverter o fluxo temporal como o filme sugere outra dimensão é criada? Não, e o filme brinca com isso, deixando em parte dos diálogos a sugestão de mais de uma realidade.
O tal pincer movement, não sei se é um termo que existe em agentes de campo ou se o Nolan cunhou pro filme. Mas basicamente expõe a operação de campo de se agir de forma seguimentada, parte da operação observa os eventos acontecerem, e o agente principal, o Protagonista, ou o Sator do outro lado atacam invertidos do fim para o começo, sabendo do que acontece.
Assiste que é no mínimo intrigante, e to achando que vai entrar pra história do cinema como o filme "cult" do Nolan.
Vou tentar assistir... Tenho de achar um momento que nao serei interrompido pelos meus filhos. Esta e a parte mais dificil de assistir filmes que exigem demais da minha cabeca ultimamente hehe
Vou tentar assistir... Tenho de achar um momento que nao serei interrompido pelos meus filhos. Esta e a parte mais dificil de assistir filmes que exigem demais da minha cabeca ultimamente hehe
Caras, assisti hoje, e o que eu entendi foi o seguinte:
Quando eles passam pela maquina, altomaticamente o tempo vira, ou seja, começa a correr para o passado. Quando eles passam novamente, ele volta a correr para o futuro. Então, quando passaram a kat, ela foi voltando ao passado, ao invés de ir continuar indo para o futuro. Quando ela chegou a um dia antes do barco, ela passou novamente pela maquina e automaticamente o tempo voltou ao normal para ela, ou seja, não precisou mais do ar nem nada, pois ela estaria no fluxo normal do tempo, mesmo estando no passado.
É isso?
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
And then there was silence...
continuo sem entender hahah. Mas com preguiça de sequer tentar
Isso mesmo, Livia. Na cena da luta invertida, após o Neil do "presente" deixar o máscarado passar, o Neil do "futuro" passa a Kat na catraca com máscara de oxigênio e tudo. Só fui captar isso na segunda vez que vi. E você matou a pau, é isso mesmo, mas parece haver duas máquinas, ao menos precisa ao meu ver pra fazer sentido mesmo (tanto que após a Kat levar bala, Neil, a física lá e o outro fera ficam naquela zona do maquinário com a Kat e o Protagonista volta invertido pra cena do capote). Uma inverte uma pessoa por vez/objetos, depois que o maquináro pesado lá da Pryia e do Sator entram em jogo, aí a inversão/reversão é temporal mesmo. Mas posso estar enganado, to vendo que precisarei assistir uma 3º vez haha.
Cabeça boa, hein, sacou de primeira essa questão da catraca? Meus parabéns.
sim, mas a inversão é justamente isso, fazer o tempo inverter e correr pro outro lado. Por isso o pessoal do futuro queria explodir geral e inverter a entropia, pq aí o tempo deles começaria a voltar e eles poderiam recuperar a terra que destruiram
Não existe viagem no tempo nem nada, só o tempo invertido. Inclusive era a forma deles se comunicarem, eles invertiam a mensagem, enterravam e o cara lá achava, pq aquilo estava voltando, e não indo.
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
And then there was silence...
A maquina só inverte o tempo do que passar por ela.
Por exemplo, Digamos que vc levante, tome café as 8, pegue um onibus as 9, chegue as 10 no serviço e vá ao banheiro as 11.
meio dia vc passa pela maquina
vc automaticamente começa a voltar, ou seja, ao invés de uma da tarde, vc voltará as 11, onde foi ao banheiro, depois as 2 da tarde vc estará as 10, e por aí vai.
Então como viajar no tempo?
Vc inverte o teu tempo, se tranca num quarto dez dias, e depois de dez dias vc inverte de novo, e automaticamente vc voltou 10 dias no tempo.
Foi o q aconteceu com eles, eles inverteram todo mundo e ficaram naqueles navios durante o tempo q precisavam até chegar no dia que o cara explodiu a bomba, aí eles inverteram de novo e começaram a fazer o q precisavam
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
And then there was silence...
foi o que compreendi, em grande parte. tem uma pela pegada de PRIMER, nesse estilo.
Exatamente, eu acho q não me perdi tanto pq assisti primer umas dez vezes pra tentar entender
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
And then there was silence...
Buguei, uma coisa acarreta na outra, não? E sem saberem o que e onde inverter para deixar a mensagem, como poderia ser uma mensagem? Bom, ao menos ao meu ver se for somente isso a coisa fixa paradoxal demais. Pra mim, alguns trechos do diálogo plantam certas ideias como comentei acima, mas talvez esteja vendo coisa que não existe de forma concreta no filme e seja só interpretação minha.
Duas cenas não encaixam pra mim nessa visão de somente tempo invertido, a cena do capote e a sequência final entre o Neil, Protagonista e o outro fera. Ali o diálogo é críptico propositalmente, o que é futuro pra um é passado pra outro, a questão da "fé", do escolha onde esconder e morrer.
Não esqueçamos também do significado do nome do filme né, Tenet, de princípio, viga de sustentação. Esse lado críptico do filme me lembra não só o disco que comentei mas também um seriado obscuro chamado Night Visions, mais precisamente um episódio em que as manias de alguns internados num hospício estão diretamente ligadas ao tecido da realidade, se eles parassem por interferência ou algum motivo não natural desastres aconteciam e tal, conceito massa, lembro de ter visto há sei lá quantos anos atrás e gostado muito.
We're the people saving the world from what might have been.
'Cause no one cares about the bomb that didn't go off.
Only the one that did.
Como se a ação contínua deles representasse a manutenção do tecido da realidade (ao menos da deles haha). O fato do protagonista não ter nome também. Enfim, se pegar os meus 2 cents com os 2 cents da Livia dá 5, precisamos de alguma explanação do próprio Nolan, se vier a existir, mas acho que a proposta é justamente essa.
Só o fato de precisarmos debater a fundo pra ter uma ideia da mensagem passada já é um feito. Diferentemente do agraciotti que viu parte do filme como o Nolan tacando "olha só o que eu faço com esses millhões, sou foda!" eu acho que a própria construção desse filme é uma amostra que o cara gosta de desafios, deve ter sido um cão de filmar e editar. Mas dito isto, como entretenimento, como uma experiência de cinema ele não flui tão bem, mas o conceito não tem linearidade, não teria como fluir mesmo, acredito. É um quebra-cabeças até pra criticar hahaha
Nossa, lembro da falação sobre esse na época. Fez estrondo pelo orçamento e originalidade, né? Bom? Envelheceu bem? Sinceramente não lembro se já assisti. Vai entrar na fila.
excelente e mindblowing à epoca, mas envelheceu meia boca. talvez porque o assisti muitas vezes para pegar novas sacadas. vale uma visita, ou revisita, se você está em duvida.
Mas eles deixavam a mensagem enterrada na cidade, junto com as barras de ouro. Mostra isso quando o cara lembra que ele era novo e estava buscando plutonio, e achou uma caixa com uma folha e as barras de ouro, e foi ali que começou. O pessoal do futuro sabia onde enterrar justamente pq, como eles diziam, entra pra posteridade, algo grande como aquilo seria lembrado no futuro. Pelo menos foi o q eu entendi.
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
And then there was silence...
http://www.joio.com.br/comment/52560#comment-52560
Fui buscar aqui no site sobre o Primer e quase cai da cadeira lendo esse comentário do QN. O filho da mãe era hilário demais, faz falta por aqui.
Bem lembrado o lance da posteridade, me convenceu. Você provavelmente está certíssima, até porque como você descreveu fica bem lógico e direto. Agora, fora o quebra-cabeças, como cinema e entretenimento, o que achou? Condiz com o catálogo dele ou achou abaixo?
cara
Eu acho que o nolan as vezes é pretensioso demais
Aquele final da batalha lá me deu sono. Ele tem boas idéias, mas as vezes peca no ritmo, no desenvolvimento e afins.
Meu filme preferido dele, inclusive, é O Grande Truque, justamente pq ele desenvolve os personagens, ele conta uma boa história, que tem lá seus deslizes, mas o resultado é redondinho.
Gosto muito do interestelar, ficaria em segundo na minha lista, adoro o cavaleiro das trevas, mas a gente sabe q a culpa é do heath ledger
não gosto do inception, pra mim é o filme mais pretensioso e mais vazio dele
E não, o tenet não funciona como cinema de entretenimento
É um filme pra quem curte viagem no tempo, pra conseguir pescar a idéia
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
And then there was silence...
Finalmente assisti. Provavelmente pq ja tinha lido os comentarios de vcs, mas nao achei o filme tao complexo assim. So nao segue uma linha do tempo linear (como quase tudo que o Nolan faz). Eu achei bem legal e achei que funciona super bem como cinema de entretenimento, desde que voce preste atencao. Na verdade, acho que foi a melhor coisa que vi do Nolan desde Memento
A proposito, eu acho que este video ajuda a entender melhor o filme do que a maioria das explicacoes sobre o filme em si hehe https://youtu.be/9dqtW9MslFk