Hotline Miami
Respirei fundo mais uma vez e chutei violentamente a porta de madeira a minha frente. O capanga de terno branco atrás dela caiu desorientado e como um raio pulei para cima dele e investi sua cabeça desprovida de cabelos contra o assoalho de concreto, deixando o branco do terno manchado de vermelho. Foi na fração de segundo entre o outro capanga sentado no sofá se levantar e pensar em pegar a escopeta apoiada na parede que eu explodi seu arrendodado rosto com o taco de baseball que seu amigo esmagado no chão deixou de souvenier. Velozmente agarrei a escopeta e disparei contra o outro homem que me olhava atrás da vidraça, transformando a parede atrás de si em um mosaico de miolos. Era o último cartucho. O tiro alertou os demais. Precisava pensar rápido. Como numa dança, arremessei a escopeta de encontro ao sujeito virando o corredor, desorientando-o e com uma voadora esmaguei sua cabeça na parede. A faca que ele carregava foi usada para rasgar a garganta do outro que vinha atrás, e arremessada no estômago do que acompanhava por último. Dei um leve sorriso ao pegar a AK-47 que este carregava...
Isso que descrevi acima, senhores e senhoras, foi um breve momento vivido em uma das fases do jogo independente "Hotline Miami", uma viagem de ácido frenética e lotada de adrenalina como nunca antes havia jogado.
O jogo, feito com gráficos retrô que lembram a era 16-bit, narra a história de um assassino sem nome em um frenesi de matança para cumprir suas ordens... seja lá quais forem elas. A trama é cheia de mistérios, e mesmo depois de terminar o jogo a primeira vez, ainda ficarão algumas perguntas sem respostas. Toda fase começa em seu desorganizado apartamento em algum lugar de Miami no final de década de 80, onde você recebe um crípitico telefonema que te leva a um endereço aonde acontecerá o banho de sangue da noite. Não existe muito background de para quem você trabalha, nem porquê, e nem com que objetivo. A estrutura é essa mesmo: apartamento - delorean - local do assassinato - delorean - loja esquista - delorean. (É, o carro do protagonista é um DeLorean. Não dá pra ficar mais anos 80 do que isso). Durante a missão, você começa desarmado e usando uma máscara de bicho previamente selecionada de uma lista (cada máscara concede uma habilidade específica). Como eu disse, você como só com as próprias mãos, mas o primeiro mafioso que você estripar já garante uma arma, normalmente de uso corpo-a-corpo mas com alguma sorte uma arma de fogo. E aí você começa o massacre, eliminando todo mundo presente no local através da visão tipo "top view".
E por falar em massacre, o jogo é EXTREMAMENTE violento. Cabeças explodem, inimigos são partidos no meio, tripas voam, esse tipo de coisa agradável. O jogo é muito veloz e tudo acontece muito rápido, e na adrenalina da coisa, vocês as vezes nem vê direito a merda toda que você fez, estando este momento reservado para a hora que você deve retornar ao carro quando toca uma música mais minimalísta.
Já que toquei no assunto da música, puta que pariu, Hotline Miami tem a melhor trilha sonora de 2012 (sim, melhor que do Mass Effect 3). Misturando dance, pancadão e indie pop com sintetizadores a lá anos 80, a trilha concede um ritmo perfeito a ação desenfreada e furiosa do jogo e fica na sua cabeça mesmo muito depois de desligar o computador. Principalmente por você vai querer baixar as mp3 para ouvir no seu smartphone.
É um jogo difícil (para o padrões atuais, pelo menos, nada impossível para quem fez escola com o Nintendinho), mas muito bem pensado e nunca, JAMAIS frustrante. Você vai morrer pra caralho, mas sempre ressucita em seguida no começo da fase, e como é tudo muito rápido e louco, dá pra você fazer as vezes dezenas de tentativas em um singelo minuto. Cada fase normalmente envolve um estudo do mapa, um certo planejamento, e muito improviso e reflexos rápidos. E mesmo mantendo basicamente a mesma estrutura durante quase todo o jogo (pelo menos durante boa parte) nunca fica enjoativo.
Em suma, Hotline Miami é um jogo brilhante, inesperado e corajoso, como todo grande clásssico indie deve ser. Só não digo que foi o melhor jogo de 2012, por que FarCry 3 é mesmo muito foda. Mas passou muito perto.
Nota: 9,4
Fiquem com o trailer que não mostra nada do jogo:
http://www.youtube.com/watch?v=UgXM7ivgYTo
E com uma faixa da fantastica trilha sonora:
http://www.youtube.com/watch?v=pH0gzD1IwGk
- Login para postar comentários
Bhërillor wrote:
[quote=Bhërillor]
"Terminei" de jogar esse jogo há algumas semanas, muito bom. Não encontrei nenhuma peça do Puzzle, e depois que eu descobri o que era, quantas eram e pra que serviam, nem me dei ao trabalho de procurar.
Realmente, a trilha sonora é muito boa, até eu que não sou chegado em eletrônica, curti, achei que combina perfeitamente com o clima do jogo. A trama é misteriosa e o final (o original) é ótimo. A dificuldade do jogo é na medida certa pro seu tamanho, nem fácil demais e nem impossível.
Gostava de jogar com mask Walk Faster e matar geral com armas melee, não curtia muito as armas de fogo.
[/quote]
Bem-vindo ao Joio, Bhërillor. Sinta-se em casa e não leve o quase nada a sério.
Eu variava a máscara conforme a missão, em algumas situações certas máscaras funcionam melhor que outras (isso na segunda vez que joguei e já conhecia os mapas), mas a minha favorita é a Don Juan (o cavalo), que dá a vantagem de explodir o inimigo ao abrir uma porta em cima dele. Outra que eu gosto também é aquela que permite usar armas de fogo sem atrair outros capangas (esqueci qual é).
E você tem razão, eu usava mais armas de melee também, é muito mais divertido. Mas tem hora que a coisa esquenta é um AK vem bem à mão.
Quantos aos puzzles, achei uns ao acaso na primeira playthrough, mas não dei muita confiança - mas peguei o resto na segunda vez.
Cadê o povo que curte indie do site pra comentar sobre o jogo? (agraciotti, estou olhando para você)
Que tópico bom! Com certeza
Que tópico bom! Com certeza merece a página principal.
Bhërillor wrote:
[quote=Bhërillor]
Obrigado! Então quer dizer que o quase nada achou o tópico ruim ou é sincero de vez em quando?
[/quote]
Só sei que o tópico está na página principal.
Saudações
Ray Jackson
Bhërillor wrote:
[quote=Bhërillor]
Obrigado! Então quer dizer que o quase nada achou o tópico ruim ou é sincero de vez em quando?
[/quote]
Dá pra perceber o tom de sarcasmo no post do quase nada, agora, sinceramente, por que eu não entendi também.
Mas não teve aquele dia em
Mas não teve aquele dia em 2007 que quase nada falou uma coisa com sinceridade?
--------
Falta de Esculhambação
Leão da Barra wrote:
[quote=Leão da Barra]
Mas não teve aquele dia em 2007 que quase nada falou uma coisa com sinceridade?
[/quote]
Eu lembro, foi aquele dia que eu disse que tu era viado.
O nome do paradoxo criado é
O nome do paradoxo criado é Teorema de Scheileßer. É um experimento social. Perceba que o guybrush disse que eu nunca falo nada sério, então eu digo algo que coaduna com os dogmas que ele acredita. Subconscientemente ele se alegra e pensa "mas será que dessa vez ele não está falando a verdade?". Isso é uma das características da auto-afirmação que o ser humano precisa para se sentir incluído na sociedade.
quase nada wrote:
[quote=quase nada]
[quote=Leão da Barra]
Mas não teve aquele dia em 2007 que quase nada falou uma coisa com sinceridade?
[/quote]
Eu lembro, foi aquele dia que eu disse que tu era viado.
[/quote]
Não, isso foi em 2008.
--------
Falta de Esculhambação