Agora querem separar São Paulo do resto do Brasil
[quote=Terra Magazine]
Em manifesto na web, jovens paulistas criticam migração
Ana Cláudia Barros
Eles têm entre 18 e 25 anos, são universitários e se uniram a partir de um manifesto virtual, batizado de "São Paulo para os paulistas". A iniciativa, que começou com a voz solitária de uma jovem indignada diante da proposta de inserção da cultura nordestina na grade curricular de escolas da capital do Estado, foi ganhando adeptos e, em poucos meses, já contava com mais de 600 adesões, demonstrações de apoio expressas em assinaturas numa petição online.
Escolhido como porta-voz do grupo por ter um discurso mais moderado e menos conservador, o estudante Willian Godoy Navarro, 22 anos, conversou com Terra Magazine. Nitidamente preocupado em dosar as palavras, ele falou sobre as pretensões do movimento, que tem entre os principais objetivos discutir a questão da migração e a suposta subvalorização da cultura paulista, preterida, segundo o universitário, em função do espaço que culturas "estrangeiras" conquistaram em São Paulo.
-Existe uma representatividade muito forte, na Assembleia Legislativa, de deputados de origem nordestina, que trabalham para o povo paulista. E eles aprovam e trabalham em projetos de lei que valorizam a cultura de lá. Isso não é errado. O que ocorre é que existe uma supervalorização dessa cultura e nenhuma da paulista. Muitas vezes, o aluno passa pelo Ensino Fundamental, pelo Ensino Médio e nunca estudou, não sabe qual é a história de São Paulo, o que são os bandeirantes. E agora o cara quer inserir isso como uma disciplina, "culturas do Nordeste". Aqui não é o Nordeste. Ele deve fazer isso no Nordeste - afirma, garantindo que a preocupação do grupo não se dirige, especificamente, aos migrantes dessa região do país. [/quote]
Tem muito mais aqui ó.
Apesar de articulado, é notório o despreparo do porta-voz - que, aliado ao assunto delicado, acaba dando chance pra matéria do Terra matar uma idéia que poderia muito bem ter um resultado interessante pra cidade.
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A matéria parece escrita pela
A matéria parece escrita pela Veja. Ele critica uma grade curricular, enquanto a matéria cita "migração".
Se a intenção deles for essa mesma, concordo. Hoje sabemos mais sobre o boi bumbá, por exemplo, do que sobre a história dos Matarazzo. A cidade que ja abrigou alguns dos maiores arquitetos do mundo, por exemplo, merecia mais destaque na história.
Agora defender isso é longe de ser considerado xenofobia...
Saudações
Ray Jackson
Eu sou nordestino, nascido,
Eu sou nordestino, nascido, criado e apaixonado.
As coisas mudam né, quando eu era criança eu sabia muito bem quem foram os bandeirantes, o que foi a política Café-com-Leite e Tiradentes era um herói brasileiro sem sombra de dúvida. Mas tinha muito pouco conhecimento formal sobre a história e cultura nordestina.
Agora povo do sul-sudeste, alguém sabe ai o que significa o 2 de julho? Aprenderam na escola quem foi Maria Quitéria?
Porque eu malmente vi isso na escola mais passei anos ouvindo falar de Júlio Prestes, Revolução de 30, Farroupilha a história do país com olhares completamente sulistas.
Movimento separatista Paulista é história velha, tem desde sempre e sempre vai ter. Como qualquer movimento separatista, independente de onde seja, são uns bando de perdedores-retardados.
Charllie wrote: Movimento
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Movimento separatista Paulista é história velha, tem desde sempre e sempre vai ter. Como qualquer movimento separatista, independente de onde seja, são uns bando de perdedores-retardados.
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Separatismo em um país como o nosso é piada. Já viu o Movimento Integralista lá no Sul? Os caras são de dar nojo.
Espero que não tenha interpretado minha mensagem como xenófoba, pois não sou mesmo. Inclusive, embora paulista, sou casado com uma filha de bahianos. Uma mulatinha linda, por sinal. :)
Mas voltando ao assunto, existe sim uma visão aqui em São Paulo de que somos inundados por cultura "estrangeira". Hoje somos um estado sem identidade. Uma vergonha pro estado que movimenta o maior PIB da America Latina.
Saudações
Ray Jackson
Ray J wrote: Mas voltando ao
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Mas voltando ao assunto, existe sim uma visão aqui em São Paulo de que somos inundados por cultura "estrangeira". Hoje somos um estado sem identidade. Uma vergonha pro estado que movimenta o maior PIB da America Latina.
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Sampa tá ficando igual a Brasília que é uma terra sem identidade devido a grande quantidade de pessoas vindas de fora.
A questão da identidade paulista esta se perdendo acho que se da justamente pelo crescimento desenfreado dos últimos 20 anos. Além da deconstrução e reconstrução constantes dos espaços paulistas, da dispersão territorial e da completa falta de interesse por parte dos sucessivos governos na preservação desta identidade e cultura.
Mesmo que o sujeito more 30-40 anos ele nunca perde sua identidade de origem. Meu avô com 70 anos de Bahia ainda se diz Mineiro, ainda pensa-age como Mineiro e olhe que a última vez que ele colocou os pés em Minas Gerais foi a 25 anos.
Vai em Brasilia e pergunta a qualquer pessoa de onde ela é, dificilmente tu vai achar um candango original-de-fabrica com menos de 20-25 anos e a maioria deles ainda herda traços e jeitos dos país vindos de outros estados.
Essas novas gerações paulistanas continuam com traços e identidades muito próximas desses migrantes que contribuiram para o crescimento e o desenvolvimento de São Paulo.
Mas vejo isso também como um mal dos tempos atuais, não somente uma questão de política pública de educação e cultura... Muito da minha identidade, do meus conhecimentos sobre minha terra e gente foram transmitidos por meus avos, tios, pai e mãe e essa tradição do transmitir, do contar sua história, de construir a identidade comum esta se perdendo.
Sou a favor, só assim pra
Sou a favor, só assim pra deixar o petrólio do Rio em paz.
Confesso q nunca entendi pq
Confesso q nunca entendi pq no Brasil tende-se a valorizar tanto as "raízes" e a "terra". Chega a ser bem chato de vez em quando. Acho q o mais interessante de São Paulo é justamente a pluraridade de referências e de culturas q vem de todo lugar.
Eu sou de Vitória, morei em BH ano passado e acho as duas cidades bastante "bairristas" no q diz respeisto a essa supervalorização da terra. Sempre achei bem irritante o apego à tradição (regional, familiar, cultural, etc) do povo de lá. Hoje moro em São Paulo e me agrada muito mais o desapego geral q o povo tem aqui (justamente por ter tanta gente de fora e as coisas produzidas aqui tem referências de todos os lugares e direções). E nunca senti resistência nenhuma da parte de ninguém pelo fato de eu ser mais um q veio de fora tentar a vida. Pelo contrário, fui muito bem recebido e vejo q é a coisa mais comum do mundo.
Identidade é o caralho. Voto pelo desapego e transformação sempre.
agraciotti wrote: Confesso q
[quote=agraciotti]
Confesso q nunca entendi pq no Brasil tende-se a valorizar tanto as "raízes" e a "terra". Chega a ser bem chato de vez em quando. Acho q o mais interessante de São Paulo é justamente a pluraridade de referências e de culturas q vem de todo lugar.
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Geralmente pessoas fora de suas regiões de origem tendem a se apegar muito mais a suas origens e identidades regionais. E acho extremamente salutar a expressão de uma identidade regional. Obviamente que excessos e o extremismo são bizarros.
O que ocorre agora é uma nova expressão de identidade, uma identidade baseada em outros valores, uma identidade mais fluida e mais desapegada.
Sampa tem muito disso, expressões e identidade em grupos ligada a movimentos culturais e sociais diversos. Em nenhum lugar do Brasil além de Sampa tu encontra grupos enormes e tão bem organizados de EMOs, Anarco-Punks, GLBT, Nazistas, Esquerdista e por ai vai.
Não é somente porque tem mais pessoas, mas eu vejo como algo proprio destes tempos que começaram a uns 20 anos atrás.
Justamente porque a identidade cultural regional esta se perdendo e as pessoas precisam se ligar, se conectar a alguma coisa e acabam formando estes grupos e criam uma identidade comum.
Isso aconteceu em muitos paises desenvolvidos, onde a identidade regional se perdeu numa massa uniforme de pessoas que não mais se relacionam pois estão ocupadas demais em produzir-consumir sem pensar-sentir.
Aqueles que perderam o bonde da história, os relegados a segundo planos formam grupos extremistas que subvertem a sua identidade cultural para expressar sua raiva.
No Brasil, nos 70 e 80 as pessoas tinham muito forte essa coisa da identidade regional. Quem tem lá seus 30 ou mais de anos, veja seus pais, avos, veja a cultura e expressão dos anos 70-80 fortemente ligada ao regionalismo como uma maneira de se afirmar.
Agora pega a geração pós 90, a geração virtualizada, os nascidos na Internet. Eles tem muito menos essa ligação com suas raizes e formam novos agrupamentos com uma identidade propria ligadas por interesses. São grupos que se formam e se relacionam de maneira muito mais fluida, entra em contato, se conhecem e e em pouco tempo já formam um grupo comum.
Nos somos um grupo, temos uma história e identidade comum em torno do Joio e dos grupos e espaços de discussão na Internet que participamos nestes mais de 13 anos (eu comecei a acompanhar em 97 no newsgroup uol).
Mas da mesma maneira que se juntam e formam grupos rapidamente e facilmente, se desfazem e voltam novamente a buscar novas identidades e grupos.
Se é salutar, se é benefico para a consolidação da sociedade brasileira, veremos...
Em alguns países essa falta de identidade comum, essa disperssão dos valores, essa falta de contato, a descontrução da história, esta levando a um estado de retrocesso.