Cinema quer garantir distância dos DVDs

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Cinema quer garantir distância dos DVDs
André Porto/Folha Imagem

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os donos de cinema querem colocar um freio no lançamento de DVDs no Brasil. Eles pretendem obrigar os distribuidores de filmes a respeitar um intervalo de tempo mí­nimo entre a estréia dos tí­tulos nas salas e nas locadoras.
Esse intervalo, na verdade, sempre existiu informalmente. É chamado de "janela" no jargão da indústria cinematográfica. O problema, do ponto de vista dos exibidores, é que as "janelas" encurtaram nos últimos anos e as locadoras passaram a fazer concorrência com as salas de cinema.
Se antes o espectador tinha de esperar pelo menos seis meses para ver em DVD um filme que "perdeu" nos cinemas, hoje a demora habitual é de quatro meses.
A perspectiva de ter acesso cada vez mais rápido ao filme desestimula o espectador das capitais a ir ao cinema, avaliam os exibidores, que enfrentam queda de público. Para as salas do interior, o problema é maior. Os filmes só circulam pelo interior depois de esgotar sua carreira nas capitais. Muitas vezes, chegam com o DVD ou depois dele.
Um exemplo disso ocorreu com o filme-fenômeno de 2005, "2 Filhos de Francisco". Lançado em agosto nos cinemas, o longa saiu em DVD em dezembro, antes que as cópias do filme tivessem chegado a muitas salas do interior. Para a distribuidora, era importante aproveitar o aquecimento das vendas de Natal. Extrair o máximo de renda do filme em todos os formatos de exploração é a lógica que rege o encurtamento das "janelas".
Para se proteger, os exibidores recorreram í  Ancine (Agência Nacional do Cinema), pedindo que ela regule a questão -fixe um intervalo obrigatório e fiscalize o seu cumprimento.
A questão é espinhosa não só no Brasil. Nos EUA, o produtor e diretor Steven Soderbergh pôs-se í  prova neste ano, ao lançar seu "Bubble" simultaneamente nos cinemas, em DVD e na TV paga. A venda de ingressos foi modesta, US$ 70 mil (R$ 144 mil), para um filme de orçamento também modesto, US$ 1,6 mi (R$ 3,3 mi).
O relativo fracasso de Soderbergh reforça um argumento dos exibidores: "Sem um grande sucesso em cinema, não se faz um sucesso em DVD", diz Adhemar Oliveira, dono das redes Espaço Unibanco e Unibanco Arteplex.
"É impensável alargar as "janelas". O cinema é que tem de se reinventar. Ele entrou em crise e está usando a solução simples que é culpar a "janela'", diz João Mesquita, diretor da rede Telecine.
Mesquita é "partidário da redução das "janelas'" e nem poderia ser diferente. A TV paga, onde ele atua, é a penúltima ponta no elo convencional da cadeia de distribuição. Depois do DVD, os filmes passam pela TV paga antes de chegar í  TV aberta.
O executivo diz que "o cinema ficou atrelado í  pipoca" e não percebeu que a "fantástica" qualidade de imagem do DVD iria seduzir o espectador, "ainda mais num paí­s que tem ingressos relativamente caros e o graví­ssimo problema da violência".
Oliveira refuta a idéia de que a defesa das "janelas" é uma defesa do atraso. "Não se trata de ser conservador, mas de lutar contra uma velocidade desumana", diz. Refere-se í  "velocidade desumana" da concorrência no mundo dos negócios e também í  avalanche de informações que recai sobre o consumidor. "Do jeito que vai, não haverá hora suficiente no dia para o cara fruir nada. Vai ficar um neurótico", afirma.
A portas fechadas, exibidores de São Paulo estudam boicotar filmes cuja estréia em DVD esteja prevista para breve. A iniciativa encontra eco no Rio de Janeiro. "Não se trata de retaliar ninguém. Mas, se amanhã eu souber que um filme está entrando muito rápido em DVD, vou evitar lançá-lo", afirma Luiz Severiano Ribeiro, presidente da rede de salas de cinema Severiano Ribeiro.
A respeito da velocidade máxima das "janelas", o presidente da Ancine, Gustavo Dahl, faz uma interrogação: "É uma tendência de mercado ou é a predação de um segmento sobre outro?".
Vice-presidente para a América Latina da distribuidora gigante Universal Pictures, Jorge Peregrino prefere ver o governo fora desse debate. "Esse é um negócio eminentemente privado. O acordo deve ser buscado internamente. Deixa o governo se ocupar lá do gás da Bolí­via", diz.
Peregrino diz que "o cinema não acaba", a despeito de qualquer previsão fatalista. Mas afirma que "o aumento da "janela" vai financiar ainda mais a pirataria".
Dahl tem uma réplica pronta: "Não se pode estipular uma polí­tica de regulação a partir de um delito". O presidente da agência estima que uma "janela" razoável entre a estréia dos filmes nos cinemas e seu lançamento em DVD deva girar em torno de "quatro a seis meses".

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1105200606.htm

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Está havendo sim concorrência predatória.

Mas o argumento de que é preciso um sucesso de bilheteria para alavancar as vendas de DVDs (o que é correto) não tem influência na questão, uma vez que o perfil dos lançamentos é cada vez mais agressivo, e a aposta na bilheteria é sempre para as primeiras semanas. Ou seja, na janela de quatro meses já se definiu se um filme é sucesso ou não.

O que são engraçados são certos argumentos que as pessoas usam para se defender a todo custo. Ao dizer que "o cinema ficou atrelado í  pipoca e não percebeu que a qualidade de imagem do DVD iria seduzir o espectador", esse diretor da rede Telecine está dizendo o quê? Que o negócio dos cinemas vai acabar? E que é bom que acabe mesmo?

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Foto de eliof

Realmente acho uma ótica equivocada. Até mesmo pq hoje em dia os fãs do cinema já assistem seus filmes prediletos muito antes do lançamento em cinema, baixando via emule e afins. Com legenda em pt-br e tudo mais.

Penso eu que a grande maioria dos que locam ou compram DVDs são aqueles que, como eu, não puderam ir ao cinema ou simplesmente preferem assitir ao filme em casa, no seu HT, comendo guloseimas e deitadão no macio sofá ao invés de praticar contorcionismos na cadeira do cinema.

Hoje em dia é relativamente fácil ter em casa um sistema razoável de som e uma TV de tela grande p/ assistir seus filmes. Esse sim é um sério concorrente do cinema.

Esperem p/ breve esses esquisitos sugerindo boicotesÂ í  indústria de eletrônicos!!  :-D

Cinematograficamente,