A Lula e a Baleia
Mas que excelente filme...Durante muito tempo, houve boatos de que ele seria indicado ao Oscar, mas acabou levando apenas uma indicação para roteiro original (e perdeu). De fato, merecia ter sido indicado para filme. É melhor que Crash, Capote e Munique, e não faz feio em comparação a Brokeback Mountain e Good Night, and Good Luck.
Muita gente comparou A Lula e a Baleia aos filmes do Wes Anderson, talvez porque o Noah Baumbach, diretor e roteirista, tenha sido um dos co-roteiristas de The Life Aquatic, e porque o Wes Anderson é produtor de Lula. Essa comparação, entretanto, não é nada pertinente, pois o filme é bem diferente das coisas que o Anderson costuma fazer. Parece uma versão mais virulenta e menos deslumbrada de Wonder Years, ambientada nos anos 80.
A Lula e a Baleia é baseado na própria família de Baumbach, e narra a história do divórcio dos pais dele. Eu fico imaginando como o irmão e os pais de Baumbach devem ter reagido ao filme...o pai, particularmente, que é retratado como o maior babaca do universo (Baumbach agradece a ele nos créditos finais, então provavelmente eles ainda se conversam). Por falar em babaquice, fazia tempo que eu não me sentia tão constrangido pela total falta de noção de um grupo de personagens. Algumas cenas são torturantes e dão vontade de cobrir os olhos e esquecer do que se ouviu, ou de entrar na tela e bater nos personagens. Menos na Laura Linney, é claro (eu e o Fabio Negro somos membros fundacionais do fã clube brasileiro da Laura Linney).
O papel do Jeff Daniels era pra ter sido interpretado pelo Bill Murray, que de última hora saiu para fazer Broken Flowers. Acho que não foi uma boa decisão do Murray, apesar de Broken Flowers ser um filme legal. Mas acabou sendo melhor para o filme, não imagino ele fazendo esse papel melhor do que o Daniels, que está perfeito. Assim como o resto do elenco.
Não há muito o que reclamar de A Lula e a Baleia. Algumas cenas não funcionam muito bem, mas em um cálculo bem preciso, o filme tem 9 excelentes cenas para cada uma que não dá certo. A reclamação que eu faço é exclusivamente em relação í legendagem brasileira, que é tétrica de ruim, e provavelmente foi feita por uma pessoa pudica ao ponto de ser doente. Traduzir "cunt" por "vagina" seria apenas lamentável, se não fosse essencial para a cena em questão sequer fazer sentido. Pena que esse não é o único erro...
- Login para postar comentários
Gostei muito desse
Gostei muito desse filme.
Vários atores importantes recusaram o papel de Jeff Daniels, pois o Baumbach bateu o pé e exigiu que o protagonista usasse aquela barba e bigode.
Achei interessante como ele mostra o mundinho intelectualóide de NY como uma redoma. Só assim pra entender como um rapaz pode chegar aos 17 anos virgem, ou apresentar uma música conhecidíssima do Pink Floyd na escola como se fosse de sua autoria...
Meu blog
O negócio da música do
O negócio da música do Pink Floyd eu achei que precisou de uma certa "suspensão de descrença", acho que alguém no auditório ia levantar e gritar "MAS VOCíŠ É SAFADO, HEIM!". Em relação aos pais, tudo bem, mas na escola eu achei meio forçado. Se bem que é capaz do Noah Baumbach ter falado em alguma entrevista que isso de fato aconteceu...
Tou procurando aqui qual dos irmãos era ele e não achei. O maior, provavelmente?
Não sei.
Não sei.
Meu blog
Parece que o pai do Baumbach
Parece que o pai do Baumbach era mais babaca ainda na vida real, conforme a avaliação de um aluno no IMDB:
[quote=mklein-4]Noah Baumbach takes a loving (oh?) stab at his parents' divorce, brought on by the hilariously immature antics of his father, and my writing professor, the ever pompous Jonathan Baumbach (Jeff Daniels).
Brooklyn College was a hotbed of activism and liberal arts when I first encountered Jonathan Baumbach (rechristened "Bernard" in the film, a sly wink at Jonathan's mentor and hero, Bernard Malamud). The arrogance and complete lack of self awareness is perfectly captured by Daniels in his over-the-top performance which, amazingly, underplays the actual father.
To call the picture patricidal is to completely miss the point; Baumbach pere is so self centered, he likely sees the film as an homage. Baumbach Sr. is a great writer; he receives good reviews in the literary journals and his books sell in the hundreds. Baumbach Jr., on the other hand, is a great filmmaker, and his movies (The Life Aquatic) are seen by millions. I'm sure the father is disappointed that the son isn't pursuing tenure at a small Ohio college.
I saw this film in a cozy college theater at the Toronto Film Festival. I half expected to run into Jonathan Baumbach, in his leather patched tweed jacket, preening for the audience and eying the coeds.
Funny and poignant. You'll laugh, you'll cry, you'll want to choke the bastard.[/quote]
Filme ótimo! Acho que tem
Filme ótimo!
Acho que tem muito mais parentesco com Mysterious Skin (Mistérios da Carne) do que com a Andersonlândia.
Porquê uma das decisões temáticas é não sentimentalizar porra nenhuma, por mais que os personagens se sintam destruídos por dentro.
Também é como Igby Goes Down que deu certo, pelo estilo de vida dos pesonagens. Sai o amor, entra a libido. E quando essa família se desfaz, os personagens começam a ser sugados pelas suas perversões ou obsessões sexuais, com destaque para o pirralho masturbador.
Tem mó cara de nouvelle vague.
O que eu achei perfeito foi a relação do filho mais velho com o pai, que é calcada na busca da identidade própria.*
Quando o filme começa ele já está num estágio de viver o modelo do pai: começa a se tornar carente de reconhecimento, hipersensível í críticas e pedante como o pai.
Recomenda o livro do Fitzgerald que não leu, quando a namoradita faz cara de decepção porquê ele beija errado (HAHAHAHAH!) ele emenda em menos de dois segundos que queria que ela tivesse menos sardas e quando descobre que a sogrona fez críticas aos modelos familiares dele, fica chocacho, porquê quando jantaram juntos ele fez a sogra dar risada e achou do fundo do coração que ela já tava ganha.
Enquanto o pai sai chamando os outros de filisteu, se muda pra um apartamento semi-fodido com as paredes descacadas (ninguém faz menção disso nos diálogos, mas é muito significativo) e não liga se derrubou no chão imundo o jantar dos filhos.
Aliás, por isso o Jeff Daniels é melhor que o Bill Murray pro papel: o Murray ia parecer simplesmente indifierente, ou mesmo enfadado com todo o atrito com os filhos.
Já o Jeff Daniels parece refletir sobre cada coisa uns poucos segundos (longe da câmera) e conclui que seu charme pessoal e autoridade intelectual vão fazer as pessoas flutuarem em sua órbita novamente.
Melhor exemplo é ele falando pra esposa que eles tinham tudo pra se reconciliar porquê uma vez ele fez uns hambúrgueres pro jantar da família, o que mostra que ele é um cara de família. Que coitado!
E apesar de ser uma promíscua, não dá pra ficar brava com a Laura Linney, memso descobrindo que ela caga bem fedido.
Que tetéia!
*meu Deus, o cinema independente só tem dois temas: incomunicabilidade e busca da identidade!!
[quote=Bennett]
Tou procurando aqui qual dos irmãos era ele e não achei. O maior, provavelmente?[/quote]
Sim, ele é o filho mais velho dos pais dele, mas declarou numa entrevista pro Sérgio Rizzo que ele colocou coisas dele no personagem do irmão mais novo, também.
Uma coisa que me ficou na
Uma coisa que me ficou na cabeça até agora: o que será que o pai e a namorada acharam de Veludo Azul?