Planeta Terra

Essa Villa dos Galpões fica exatamente no fim da puta que o pariu, não? Que me perdoem os residentes da área. Fica uns três quilômetros para a frente do Credicard Hall, que já é longe (para mim). Mas o espaço é razoável, apesar de feio. O evento estava bem organizado, tudo começando exatamente na hora, com uma logística boa para banheiros. Errou só na praça de alimentação, com filas épicas para se comprar um cachorro quente. Comida rápida por lá só cerveja mesmo. O som estava razoável no palco Indie, mas ruinzinho no Main. Sair de lá deu trabalho, já que a saída não fica na Nações Unidas, e sim nuns becos meio esquisitos lá atrás, sem taxi fácil. Dei umas voltas e caí em umas ruas mal iluminadas, fiquei com medinho.

Shows:

• Animal Collective - Um tanto decepcionante, se considerarmos que a banda tem fama de fazer excelentes shows ao vivo. Achei melhor no disco. Bastante gritaria, bem barulhento, mas com uma empolgação que me pareceu fake. Simplesmente não me comoveu. Assustou a mulher da segurança, entretanto. Ela estava com uma cara de quem não estava entendendo absolutamente nada, nunca vi uma banda incomodar tanto alguém da segurança;
• Jesus & Mary Chain - Tecnicamente, boa banda no palco. Carisma e performance? Nota zero. Banda sorumbática, burocrática, entediante. O mais interessante do show era um tiozinho gordo e careca que dançava como se aquilo fosse a experiência de uma vida. Provavelmente era um antigo sonho, concretizado. Aliás, era até deprimente a quantidade de tiozinhos no show. O Animal Collective parecia o Xou da Xuxa indie, o Jesus era pura crise de meia idade (antecipada em uns 10 anos, em alguns casos);
• Foals - Perdi o começo do show porque fiquei até o final do show mala do Jesus & Mary Chain, e foi uma pena. Melhor show da noite, disparado. O Foals é uma potência no palco, em seus melhores momentos. É a única banda que eu faço questão de ver de novo, das que passaram pelo Terra. Apresentação intensa, sem freios, com uma crueza que não está no disco;
• Spoon - Também perdi o começo porque resolvi comprar um cachorro quente. Show muito bacana, banda classuda. Não me entusiasma muito em disco, mas é um show extremamente decente;
• Breeders - Show fantástico. Eu não sou lá muito fã das Breeders, mas como gosto muito da Kim Deal fiquei por lá. Até porque a alternativa era ver o Bloc Party, que é uma das piores bandas que eu já vi ao vivo. O pessoal vazou em massa para ver o Kele Ukelele, mas ficou bastante gente para ver as Breeders. Como eu sabia que vexame pelo menos elas não iam dar, fiquei plantado. E foi muito bom. Dá gosto ver a Kim Deal toda alegre no palco, mostrando a bunda, errando as letras, começando as músicas errado, sorrindo o tempo inteiro. Típico show que não tem como dar errado porque a audiência já está no papo. Clima de histeria coletiva, todo mundo com as letras de cor, recepção ultra-calorosa retribuída em igual medida pela banda. As Breeders são o correspondente indie daquelas bandas de metal farofa que têm público cativo em países que não o de origem. Daqui a uns 10 anos aposto que elas fazem um tour pelo interior de alguns estados brasileiros;
• Kaiser Chiefs - Escolha meio bizarra de headliner, mas o pessoal gosta bastante, aparentemente. O vocalista entra no palco todo pimpão, como diz o Plague, querendo agitar, levantando a galera, dando pulinhos, descendo do palco e segurando a mão do público...mas não tem voz. E nem a banda toca muito bem. Certo que o tecladista estava lá depois de uma operação de emergência (apendicite), mas o Kaiser Chiefs ao vivo parece uma banda cover de Kaiser Chiefs. Só que eles são tão simpáticos e agradáveis, as músicas são tão bacaninhas, e o show é tão divertidinho, que fica difícil falar mal. O vocalista tentou falar português o tempo inteiro e fracassou solenemente. "Ill i uum heróe!", ele dizia a respeito do tecladista a cada dez minutos. "Samus Kaiser Chiefs! Vrlejhrlehmente suah...ANGRY MOB!". Ele tinha um papelzinho cheio de coisas, deu uma certa pena. Ele bem que tentou.

Acabei perdendo o show da Mallu Magalhães por causa do trasporte público de quinta categoria que São Paulo tem no fim de semana (não dava para pegar o percurso inteiro de taxi na ida e na volta, então suplementei na ida). Mas talvez eu tenha saído ganhando, apesar de suspeitar que o show provavelmente foi mais interessante que o do Jesus. Também perdi o Brothers of Brazil (hahaha), mas encontrei o Papitow depois, saindo de pickup preta do recinto lá por volta do show do Spoon.

No final das contas, o Tim acabou sendo melhor pelo combo Neon Neon + Gogol Bordello + (principalmente) Dan Deacon. Mas o Terra também foi ótimo, mesmo com a localização ingrata e as filas para se comprar comida. Tomara que continue com uma line-up tão boa ano que vem.