Deus e o Diabo Na Terra do Sol (Glauber Rocha)

Glauber Rocha é `cult` pelo conteúdo das obras, às vezes meio influenciadas por um chazinho de erva-mate. Ele fazia o tipo "uma idéia na cabeça e uma câmera na mão". Também fiz isso no meu TCC e meu documentário, que hoje considero um cocô de pombo, é muito melhor que toda a obra do Glauber.

O que valorizou o trabalho dele foi a época em que foi feito (não preciso explicar que estávamos - eu não nem tinha nascido -  na ditadura e etc ... etc ... etc)

Ele deveria ter escrito livros. Só isso. Talvez hoje algum diretor competente pudesse transpor sua obra com dignidade para as telas de cinema. Também tive que assistir toda a `obra` do Glauber na época da faculdade e isso só me causou gastrite.

Você tem toda razão em achar esse filme uma merda, meu amigo, por que de fato é. Glauber Rocha é disparada o pior cineasta brasileiro que já existiu, e está entre os cinco piores do universo, junto com o Eli Roth. Além disso, ele ainda foi o idealizador da "Estética da Fome", que foi o que aniquilou e destruiu o cinema nacional, transformando ele na vergonha que é hoje (claro, ainda existem filmes brasileiros excelentes, mas são exceções).

O mais bizarro é que na faculdade todo mundo pagava um pau pra ele, só para parecer cult, até os professores, mas ninguém conseguia explicar o que ele tinha de bom.

Stryder, pega o seguinte filme: "À Meia-Noite Levarei Tua Alma", e veja o que realmente é cinema nacional de primeira qualidade.

Estética da Fome foi uma manifesto escrito pelo Glauber Rocha. Em resumo, dizia que o cinema brasileiro obrigatóriamente tinha que falar sobre miséria, nordeste, seca, fome, e coisas do gênero, por que essa é realidade do nosso país. O resultado você vê aí, tanta gente paga pau para esse merda, que depois que ele escreveu esse manifesto, a cada dez filmes brasileiros feitos, nove eram sobre miséria, seca ou nordeste.

É um idiota esse Glauber, tinha que morrer antes de ter nascido.

Plague, acho que você está subestimando demais a turma aqui. Você está confundindo o gosto/opiniões das pessoas com a cultura delas. Eu conheço quase todos os cineastas que você citou (uns dois nomes ali são desconhecidos), vi muita coisa dos ditos movimentos artísticos do cinema, expressionismo alemão, neo-realismo italiano, cinema novo etc. Vi filmes do Buñuel, do Pasolini, do Kurosawa, do Eiseinstein, do Truffault. Na verdade, como eu fiz faculdade de cinema, eu tive que ver muitas dessas obras por OBRIGAÇÃO.

O que não significa que eu gosto delas. Quer dizer, eu gosto pra caralho do Buñuel, do Godard e do Fellini, mas acho por exemplo "O Encouraçado Potenkim" UM SACO. Entendo a importancia dele para o cinema, como revolucionou a montagem e tudo mais, mas é UM PORRE. "Cidadão Kane", nem se fala, é um dos filmes mais insuportavelmente sacais que eu já vi na vida. É revolucionário, tal, mas eu tive que ver DUAS vezes na faculdade pra escrever um artigo sobre ele e foi dureza.

Eu tive minha época de metido a cult, eu achava que era chique gostar de cinema de arte, e ficava correndo atrás de umas obras obscuras, por que isso era maneiro, mas hoje não. Hoje eu quero ver é Cavaleiro das Trevas, quero ver é Homem de Ferro. Quero saber é de O Procurado. Estou louco para ver Trovão Tropical. Ainda gosto do cinema artístico, do cinema de autor, ainda vejo de vez em quando alguma obra antiga quando me chama a atenção, mas cinema pra mim hoje é primariamente diversão, é pipoca. Não estou desprezando o cinema alternativo nem nada, é simplesmente uma escolha que eu fiz - quando eu entro em uma sala de cinema, eu quero mais é ver o Coringa tomar uma surra, do que escutar um monólogo sobre a semente de girassol enquanto rola um plano geral de quinze minutos do deserto da Tunísia.

(só pra constar, não estou defendendo o Vega, que eu acho um idiota).

É por aí. Guy. E acho inclusive que Peckinpah é bem "pop" para os padrões modernos. Assisti muita coisa "cult" desses cineastas, e sei da importância deles para a história do cinema, mas nem por isso gosto de ficar discutindo isso como se fosse algo do meu dia a dia. Ainda prefiro o cinema como diversão escapista, não tendo nada contra filmes que levam a uma maior reflexão. Apenas não é minha praia.

Sei não... concordo com o Plague (que está surpreendentemente calmo nessa thread. Não que eu esteja reclamando, Plague, acho que você mostra bem mais seu conteúdo quando não tem rompantes de ira): claro que tem muita gente aqui com um nível bem alto, mas os joionetes médios não entendem tanto de cinema e só se interessam pelo mainstream.

Incluo-me dentre esses, aliás. Gosto bastante de cinema mas não tenho conhecimento aprofundado no assunto, e por isso acabo acompanhando bem mais os mais assistidos do Cinemark do que os mais obscuros do Irã. Não por idolatrar o que é americano, mas simplesmente por ser mais acessível (sob os dois pontos de vista).

Essa não é uma característica só do Joio, ora essa, a maior parte da população brasileira não entende picas de cinema e só acompanha os blockbusters de Hollywood.

É por essas e outras que eu achei sensacional uma coisa que Fabio Negro falou em outra thread: coletivamente, nós sabemos tudo de cinema, música, quadrinhos, mulheres e demais aspectos da cultura humana. Quem não entende merda nenhuma de cinema e não tem muito a contribuir nas discussões sobre a sétima arte, tem algo a falar sobre outro assunto e assim o joio vai.

Só passei aqui para dizer que odeio Glauber Rocha.

Não acho o filme ruim, Plague. Só acho muito chato.

Só passei aqui pra dizer que adoro o Herzog.

Só esse começo da expedição descendo a montanha já é melhor que muito filme. É uma daquelas cenas fantasmagóricas que ficam no tutano para sempre, o trecho entre 1:10 e 2:20 é insanamente bonita, a qualidade no youtube é meia boca mas da pra ter uma noção, os caras parecem glóbulos percorrendo uma artéria montanhosa.  

http://www.youtube.com/watch?v=yBnejPEsLec

Do Herzog eu ainda prefiro o Fitzcarraldo. O Aguirre é muito bom, mas o Fitzcarraldo é épico, é como se fosse um Retorno do Rei na Amazônia.