The King of Kong: A Fistful of Quarters
Billy Mitchell não é qualquer cara, não senhor. Mas o que ele tem de especial, além de um penteado ridículo e um péssimo gosto para gravatas? Bom, Mitchell é reconhecido mundialmente como o "maior jogador de arcades da história do mundo". Isso por que lá no início dos anos 80 ele foi responsável por quebrar vários recordes dos maiores clássicos de fliperama, incluindo Pac-Man e Donkey Kong (tido por muitos como o arcade clássico mais desafiador da história). Isso meio que fez de Billy uma lenda, uma celebridade, e apesar da maioria dos recordes dele ter sido superado ao longo do tempo, ele ainda era visto como "o cara", especialmente por causa de sua personalidade marcante (que inclui sua notoria vontade de aparecer, mas nunca quando precisa ser visto). Billy meio que havia largado de lado sua vontade de quebrar recordes para dedicar-se ao seu negócio de temperos. Seu último recorde a ser quebrado, o do Donkey Kong, havia mantido-se intocado por mais de duas décadas. Billy ainda era o "rei do Kong". Até o surgimento do Steve Wiebe.
"The King of Kong" é um fabuloso documentário, centrado na saga de Wiebe ao tentar superar o recorde mundial de Kong, e ser reconhecido por isso. Wiebe é um pai de família, com seu empreguinho de professor, que a noite treina Donkey Kong na garagem de sua casa, e que um belo dia consegue superar o escore de Mitchell e gravar em fita para provar para todo mundo. Ele manda a fita para o Twin Galaxies (que são uma espécie "oficial" de record trackers de videogames), mas encontra uma resistência em ter seu recorde aceito, agravado pelo fato de Mitchell ser um dos membros-fundadores do Galaxies. Wiebe então decide provar em público que é capaz de se tornar o campeão de Kong, lutando contra a conspiração em favor de Billy.
Esse lance da conspiração inclusive é meio polêmico, com o Twin Galaxies tentando se defender depois do filme ter saído, dizendo que o documentário mentiu um pouco em seu retrato deles e do Mitchell, mas salvo raras exceções (Capturing the Friedman?), documentários sempre tendem a puxar sardinha para um lado, o lado defendido pelo documentárista (Michael Moore que o diga).
O filme chega a parecer quase um filme de aventura, tendo Steve como o herói e Billy como o vilão (e por trás o império do Twin Galaxies - cuja única figura simpática é do juiz Walter Day). Mas é mais que isso - é um interessantísimo olhar sobre a cultura gamer/retrogamer de modo geral, ainda que 90% das figuras a aparecerem em tela são nerds, losers e no-lifers (que normalmente é mesmo o público-alvo desse tipo de campeonato). É divertidíssimo, excitante (torcemos para Wiebe maior parte do tempo) e tenso (no último dia do campeonato que vale pro livro Guinness, especialmente). Vale a pena, especialmente para aqueles que possuem ao menos o remoto interesse em cultura gamer, ou que apreciem um bom documentário.
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Eu torci mais para o Steve
Eu torci mais para o Steve Wiebe do que para o Brasil em final de copa do mundo!
Desculpe, mas não vejo os
Desculpe, mas não vejo os retratados no filme como idiotas. Losers, talvez, mas por opção própria deles. Idiotas nunca.