Sharman e RIAA entram em acordo: KaZaA vai virar serviço pago

Foto de Bennett
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Bem, eis que o KaZaA segue o previsível caminho do Napster e iMesh.

Fica a questão: quem é que vai querer pagar por um serviço que sempre foi porco? E fica também uma preocupação, ainda que mínima, mas que marca o fim de uma era: perdemos o nosso maior boi de piranha, e o modelo de compartilhamento de arquivos livre e gratuito se consolida de vez. A última grande rede de compartilhamento de arquivos comercial não-autorizada foi para o buraco.

Em relação à morte do boi de piranha, é difícil não admitir como era bom ter algo como o KaZaA como escudo para poder trafegar tranquilamente pelas zonas principais de compartilhamento de arquivos. A rede FastTrack é uma rede proprietária, com fins comerciais, de compartilhamento de arquivos - uma relíquia dos primeiros anos de compartilhamento de arquivos - e também concentra uma grande massa de usuários tecnicamente pouco qualificados. É o p2p do povão, sendo bastante pré/pós-conceituoso, e o alvo de maior visibilidade dentre os existentes no momento.

A rapaziada que sabe o que faz fica na rede ed2k/Kad, hubs fechados de Direct Connect e trackers privados de torrents. Não chega nem a dois cliques de distância da rede FastTrack, reduto dos usuários menos qualificados das redes de compartilhamento, e das maiores ameaças jurídicas (se você mora nos EUA). Por melhor que seja a tecnologia - e é uma ótima tecnologia -, a rede FastTrack é absurdamente tenebrosa, com acervo 100% mainstream (um dos motivos do interesse da RIAA), repleta de vírus e arquivos mal-identificados. É o mínimo denominador comum das redes p2p. Fora o cliente oficial, que é algo além da imaginação em termos de malware embutido.

Com o fim do KaZaA tradicional, e todos clientes Gnutella relevantes sendo software livre, a zona de segurança que era proporcionada pela rede FastTrack sucumbe. É a pedrada final no modelo inicial de grandes redes de compartilhamento, pré MGM v. Grokster. De agora em diante tudo o que não for frontend para loja autorizada vira software livre ou proprietário sem qualquer fim comercial (µtorrent, por exemplo), ou é judicialmente aniquilado. No caso dos torrents, você pode acabar com trackers privados, processar usuários, etc., mas não acaba com a tecnologia, porque a ela é livre e extremamente dispersa, desconcentrada em termos de titularidade. O mesmo ocorre em relação à rede ed2k: pode tirar quantos Razorbacks você quiser da jogada, surgem uns 3 outros no lugar de cada um que cai. Usuário para ser processado? Há milhares, pode processar. Idem para a rede Gnutella e para hubs de Direct Connect. Em relação à rede FastTrack, apesar do protocolo node/supernode ter sido aberto por engenharia reversa, o protocolo supernode/supernode permanece sob controle da Sharman. Ainda há alguém para responder pela tecnologia: uma empresa lucrando bastante com publicidade, a partir de conteúdo alheio. É o último gigante do p2p empresarial a cair.

Não que isso vá fazer muita diferença, e não que o KaZaA tivesse um grande valor simbólico como o Napster (apenas a RIAA pensa no KaZaA nestes termos). Mas a parte mais tosca da comunidade do compartilhamento de arquivos vai ou migrar para a rede Gnutella de vez (que é uma rede tosquérrima, sejamos honestos), ou ser incorporada nos trackers públicos de torrents. A rede ed2k acho que continua segura desse influxo de usuários, pela maior dificuldade de uso.

De todo modo, esse acordo é o fim de uma era, e marca o passo final para a transição para um modelo 100% livre e gratuito de compartilhamento de arquivos.

Foto de Meirelles

nem sabia q o kazaa tava vivo ainda, lembro q ha muito tempo fui instalar e nao conectava de jeito nenhum, entao fiquei sabendo q tinha q instalar outro programa(nao lembro o nome) pra faze-lo funcionar, por isso fico com minha sedenta mulinha e meu azureus-boi(entenderam?) abraço