Kinect: primeiras impressões

Chegou. De maneira surreal, já que veio pelos Correios e o carteiro bateu aqui na porta de casa hoje, pleno domingão, as 08:30 da manhã para entregar a encomenda (eu perguntei, ele falou que quando eles estão com muito serviço rola umas horas extras dessa). Ao vivo, o sensor é menor e mais leve do que eu pensava. Simples de instalar, basta plugar no adaptador e na tomada (se for um Xbox antigo, tipo o meu) e na porta USB (no caso do Xbox 360S basta isso). Ainda vem com um cabinho estensor USB, que convenientemente usei para redirecionar meu adaptador WiFi para uma das portas USB da frente, liberando a porta de trás (ui!) para o Kinect.

Ao ligar o console, ele de cara já faz um ligeiro update e rola um tutorial inicial, logo na tela de entrada. A navegação não é diretamente feita na dashboard basica, mas numa versão simplificada chamada "Kinect Hub", que é assustadoramente similar aos canais do Wii. A própria navegação pelo menu lembra muito a do Wiimote: você aponta sua mão para tela, para a opção desejada, porém ao invés de clicar "A", você aguarda alguns segundos para que a seleção seja feita. Você pode ainda configurar o Kinect para reconhecer seu rosto, logando automaticamente no seu perfil quando você acenar para o sensor. Vai ser um teste interessante saber se ele ainda irá me reconhecer depois que eu tirar a barba...

Além disso, você pode navegar pela interface através de comandos de voz. O reconhecimento é muito bom, e 95% do tempo ele entende perfeitamente o que eu falo (os outros 5% podem ser por causa do sotaque, uma vez que o reconhecimento de voz por enquanto só está disponível em inglês).

Agora, rolou um certo trabalho no setup do ambiente: sim, tudo que vocês leram sobre espaço é verdade, você precisa de MUITO espaço na sua sala para usar o seu Kinect (se forem jogar duas pessoas, então, nem se fala). Felizmente minha sala é grande, e foi só afastar o sofá um pouquinho para trás e arredar a mesinha de centro que já deu. O MÍNIMO aceitável para usar o Kinect de boa e dar uma distância de pelo menos dois metros do sensor. Daí pra mais, já que em muitos jogos você vai precisar se deslocar para frente ou para trás. Portanto, se você tem uma sala pequena, simplesmente esqueça: não vai rolar. Outra coisa, feche as cortinas, pois a luz do sol dá interferência no sensor (mesma coisa que acontecia com o Wiimote).

Agora, a precisão do reconhecimento dos movimentos é realmente impressionante. É algo completamente diferente, e no primeiro momento, causa um certo impacto (maior do que quando testei meu Wii pela primeira vez, ao menos). O calibrador do sensor (que parece a visão do Predador) mostra o esqueleto direitinho sendo reconhecido, enquanto você se movimenta - é algo realmente bacana.

Vamos aos jogos:

Kinect Adventures: é o "Wii Sports" do Kinect. Uma coletânea de minigames para mostrar ao que veio o aparelho. É legal, e realmente dá pra ver que o negócio funciona (tirando um minúsculo lag). Mas não passam de minigames, e não tem aquele lasting appeal todo. Agora, é ótimo como party game pois garante altas risadas, especialmente na hora que o jogo mostra as fotos que o sensor tirou durante a pagação de mico do jogador. Nota: 6/10.

Your Shape - Fitness Evolved: Esse eu comprei pra patroa. Não joguei, mas vi ela testando. É bem legal, ele escaneia seu corpo, pega seus dados (altura, peso etc) e monta um perfil seu, para te passar por uma bateria de exercícios de finess em geral. Minha esposa testou brevemente a "Zen Class", em que uma instrutora virtual passa alguns movimentos de Tai Chi e Yoga, e o jogo analísa sua postura e te corrige se você estiver errado. Muito bacana e cumpre exatamente o que promete. Nota: 7/10.

Dance Central: Desenvolvido pela Harmonix, poderia se chamar "Dance Hero", pois é exatamente isso: um Guitar Hero de dança. Ao contrário daqueles jogos de tapete (nos quais nunca vi graça nenhuma), o lance aqui é repetir o movimento da dança exatamente como o dançarino do jogo, no corpo todo (não rola de enganar que nem no Michael Jackson do Wii, em que basta você mexer o braço direito e ficar com o resto do corpo inerte). Os movimentos tem que ser precisos e no ritmo da música, pra você ir ganhando estrelinhas (exatamente como GH), e se sua performance for muito medíocre, você perde. É estupidamente divertido e estupidamente cansativo. Outra coisa de destaque é a interface, muito elegante: você desce ou sobre o braço direito (em movimento horário ou anti-horário) e faz um rápido gesto com a mão para selecionar uma opção. É quase um Minority Report. Nota: 8/10.

Agora, uma coisa que tem que ser dita sobre o Kinect. Cansa MUITO. Você tem que ficar em pé o tempo todo sacudindo. Não dá pra jogar mais do que quarenta minutos, uma hora, sem dar um tempinho pra descansar. É um brinquedo muito divertido, mas depois de uma tarde inteira jogando, tudo que eu queria fazer era afundar no conforto do meu sófa para jogar uma partidinha de Black Ops online. Mexendo somente os dedos.