Viagem a Darjeeling

Foto de Bennett
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Eu fui preparado para implicar com o filme, porque Life Aquatic me deixou meio irritado no final. Esse estilo do Wes Anderson, um blasé que fica berrando "uau, como eu sou cool e inteligente!", cheio de excentricidades gratuitas, câmera lenta, musiquinha "uau, como meu gosto musical é retrô e chique!" e cenas sobre-coreografadas já deu o que tinha que dar, e atingiu o ápice com Tenenbaums, um filme que eu gosto bastante. Viagem a Darjeeling segue exatamente a mesma cartilha, só que de forma ainda mais abusada, então até mais ou menos meia hora de projeção eu estava detestando o filme. Daí de uma hora para a outra percebi resistir era inútil, e fui assimilado. Anderson é picareta, mas o filme é bacaninha.

Os primeiros dez minutos são ocupados pelo curta Hotel Chevalier, que é famoso por mostrar a bunda da Natalie Portman e ter sido distribuído gratuitamente pelo iTunes (para as regiões que têm iTunes, já que o download do filme é bloqueado para o Brasil...quem quis assistir a esse curta teve que recorrer ao Mininova). Por si só, o curta é uma bomba, mas ele se integra de forma razoavelmente inteligente com o filme propriamente dito (que é apresentado como a Parte 2 da sessão), então é possível dar um desconto.

O filme segue as aventuras de três irmãos americanos ricos, que depois de um tempo sem conversarem entre si são reunidos pelo mais velho em uma viagem espiritual-exótica na Índia, à bordo do trem que dá nome ao filme no título original, The Darjeeling Limited. O elenco é composto pelas figuras de sempre dos filmes de Anderson, Owen Wilson e Jason Schwartzman (agora acompanhados de Adrien Brody), com participações especiais de Bill Murray e Anjelica Huston, e os personagens, como sempre, são inteiramente compostos por cacoetes, que são utilizados como disfarces para trocentos lugares-comuns e clichês, de modo a causar a impressão de que talvez exista alguma profundidade por ali.

Ao contrário de Life Aquatic, entretanto, existe uma historinha que dá uma boa liga à sucessão de excentricidades, diálogos pseudo-engraçadinhos e momentos videoclipe que são a alma do filme, e uma vez que se ignore o diretor querendo chamar a atenção do espectador para si, Darjeeling se transforma em um filme agradável. É que o Wes Anderson exagera tanto na medida ao se colocar na tela a todo e qualquer momento, que a gente esquece que ele está lá e isso acaba salvando o filme. É a mesma coisa que pintar um quadro inteiro de preto ao invés de colocar uns traços grandes aqui e ali: acaba chamando menos a atenção.

Foto de quase nada

Todos os filmes dele são iguais, o que é bom. Só não entendi esse negócio do curta, que arvorismo é esse? Passa antes e depois se relaciona com a história?  

Foto de Bennett

Passa-se antes da história do filme, e envolve o personagem Jack, um dos três irmãos.

Foto de quase nada

Que coisa mais artistica, vou ver, quer saber? VOU VER É HOJE.

Ontem vi o assassinato de jesse james pelo robert ford, filme ótimo. 

Foto de Bennett

Posta a crítica ae!

Foto de quase nada

Darjeeling: Bom filme, destaque pra onça. Mas no cinemark não passaram o curta, melhor ainda, já vi aquele cu seco mesmo.

Foto de Stryder

Eu assisti esse filme dia desses. Os primeiros 30 (ou 40, ou 50 - não lembro) minutos são ruins, na minha opinião. Mas a partir dos indianos lá se afogando começa a ficar interessante e bastante bonito de se ver; talvez porque aí precisamente os personagens deixaram de ter um aspecto caricato e ficaram mais reais etc. sem me dá a sensação de que neles estava estampado um "wanna be cool". Mas quando o filme terminou eu fiquei com a sensação de que tinha deixado escapar o essencial dele, porque achei meio morno. O Wes Anderson é formado em Filosofia, então eu fiquei pensando se o filme tratava, além do que eu havia percebido, de assuntos ontológicos, metafísicos, greco-romanos e essas coisas todas e então eu não havia apreendido, ou se o Anderson matava aula pra fumar maconha, sei lá. Resumindo, nota: 04.

 

Foto de Odnanref

Estava pesquisando sobre o Anderson (coitado, nasceu no Texas e lá cursou filosofia - está explicado seu lado excêntrico). O mais engraçado na pesquisa foi verificar a grande diferença na tradução dos nomes para português. Se no Brasil tem um monte de filme que chega com nome esquisito, em Portugal então ... nem se fala.

Por exemplo:

  Bottle Rocket Pura adrenalina / Roda Livre
 
  The Royal Tenenbaums Os excêntricos Tenenbaums / Os Tenenbaums – Uma comédia genial

João Andarilho

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Se eu copio um autor, é plágio. Se copio vários, é pesquisa.

Foto de Fabio Negro

Me Top 10 do 5 Filmes de Wes Anderson:

1º - Rushmore - Três é Demais
2º - Os Excêntricos Tenenbaums
3º - Viagem à Darjeeling
4º - A Vida Aquática com Steve Zissou
5º - Pura Adrenalina (Bottle Rockett)

Mas de alguma forma Bottle Rockett me alegrou mais que Life Aquatic, mas é tão rascunhado que não merece estar acima do Bill Murray.  

Foto de Fabio Negro

Um bate-papo com Wes Anderson

 
O mediador da Fnac, o diretor Wes Anderson e o produtor Roman Coppola

Por Leonardo Cruz (em Paris)

Quando preparavam o roteiro de "Viagem a Darjeeling", o diretor Wes Anderson, o produtor Roman Coppola e o ator Jason Schwartzman percorreram a Índia de trem em busca de locações para as filmagens. Numa das paradas, chegaram a um vilarejo de casas azuis e foram convidados pelos anciãos a experimentar um chá de ópio. Podiam beber um ou três goles da infusão. Todos tomaram três. "É mais ou menos como tomar um Valium", brincou o diretor, falando para as mais de 300 pessoas que lotaram o pequeno auditório da Fnac Montparnasse, no último sábado, em Paris. É claro que o vilarejo azul e seus moradores entraram no filme.

Durante pouco mais de uma hora, Anderson e Coppola (o integrante menos famoso da ilustre família) participaram de um debate com o público sobre "Darjeeling", que só agora estreou na França, numa espécie de "making of verbal" do longa. Sobre o que o inspirou para fazê-lo, o cineasta disse: "Sempre andei muito de trem, gosto muito de viajar. E gosto de filmes que se passam em viagens, em cenários que se movem, que também mudam ao longo da história. Queria fazer um filme assim".

O diretor contou também que a nova obra teve três grandes fontes de inspiração cinematográfica: os documentários de Louis Malle sobre a Índia, o longa "O Rio Sagrado" (1951), de Jean Renoir, e a obra do cineasta indiano Satyajit Ray, homenageado pela Mostra de SP há alguns anos. O interesse pela filmografia de Ray foi tanto que Anderson usou na trilha de "Darjeeling" músicas que o indiano compusera para seus próprios filmes.

Mas o que mais definiu a cara do filme foi a tal viagem de preparação do roteiro. Anderson, Coppola e Schwartzman já haviam escrito 40 páginas em Paris, sem nunca terem pisado na Índia. "Grande parte do texto foi desenvolvida durante nossa viagem, conforme fomos conhecendo os lugares e as pessoas", disse Coppola. "Éramos três amigos em um trem indiano escrevendo a história de três irmãos em um trem indiano. O filme é fruto direto dessa nossa experiência", completou Anderson.

Após a viagem, os três tinham um roteiro para duas horas e meia de longa-metragem e passaram cerca de um ano para chegar à versão final, de 91 minutos. O passo seguinte foi a filmagem, realizada quase toda na Índia, com um trem local, alugado e adaptado para a produção e decorado por artistas indianos de acordo com a tradição rajastani. "Com nosso próprio trem, sem depender do sistema ferroviário indiano, conseguimos filmar muito rápido, sem precisar fazer grandes paradas. Isso foi ótimo para que os atores mantivessem o foco, a concentração", lembrou Coppola.

Questionado por seu gosto por famílias disfuncionais, como em "Darjeeling" e "Os Excêntricos Tenenbaums", Anderson disse que queria fugir um pouco disso no novo filme. "No início, tínhamos uma regra estabelecida: o filme não teria nenhuma menção ao resto da família. Nem pai nem mãe, nada. Só os três irmãos. No fim, toda a história gira em torno do impacto da morte do pai e da busca pela mãe."

Ao final da conversa, Anderson revelou um pouco de seu próximo trabalho: será uma adaptação do livro infanto-juvenil "The Fantastic Mr. Fox", de Roald Dahl, lançado no Brasil como "Raposas e Fazendeiros", pela editora Martins Fontes. Dahl é o mesmo autor de "A Fantástica Fábrica de Chocolate", e o filme de Anderson será uma animação em stop-motion, feita no Reino Unido, com as vozes de George Clooney, Meryl Streep, Bill Murray, Angélica Huston e, claro, Jason Scwartzman. Cool.